Fotos por Flora Pimentel e Caroline Bittencourt
Primeira parte da resenha por Bárbara Buril, enviada especial do TMDQA!. (Facebook | Uma Capsula)
Reuniu poucos, mas só os fieis. O show de Lobão, última atração do primeiro dia do Festival No Ar Coquetel Molotov 2011, teve uma plateia pequena, mas devotada. Apesar de ter sido convidado de última hora, após o cancelamento do grupo inglês The Fall, foi Lobão quem assumiu o centro das atenções da sexta-feira. Investiu em músicas conhecidas e brindou o show “Tratorização Absoluta” com um: “A vida é doce!”.
O show do maior (e melhor) roqueiro do Brasil foi aguardado ansiosamente pelos fãs, durante o primeiro dia da 8ª edição do Coquetel Molotov. Após as apresentações das bandas Maquinado, Health e Guillemots, desconhecidas pela maior parte do público, Lobão subiu ao palco, quase que ungido. Foi a dose da familiaridade no terreno do desconhecido. Sem ele, desequilíbrio. Quando o show iniciou, o público era basicamente formado por fãs.
Foi rock autêntico. Com envolvimento, Lobão tocou versões eletrificadas de hits de várias fases de sua carreira, como “Rádio blah”, “Me chama”, “Agora é tarde”, “A vida é doce” e “Vida bandida”. O som foi pesado, mas vital na renovação das músicas, já conhecidas. Apesar da nova roupagem, logo nos primeiros acordes já se viam as reações de familiaridade da plateia.
O cantor pincelou o show com “Help”, dos Beatles, e “Vida louca vida”, de sua autoria. A canção do grupo britânico foi cantada com um inglês “pernambucanizado”, invenção carismática do performático Lobão. Já a música sobre vidas loucas e breves foi apresentada em uma versão quase irreconhecível: os acordes pesados não lembravam (nem de longe!) a composição original, mais contemplativa.
Lobão, sem blá blá blá, disse tudo. E agradou. Sem dúvidas, foi o show mais vivo da noite. Arrancou os públicos das cadeiras do teatro com uma voz potente e uma guitarra pronta para qualquer acorde dissonante. Com “Vida louca vida”, “Vida bandida” e “A vida é doce”, o roqueiro fez uma ode à existência.
Rock, Dub e Rap no palco secundário do Coquetel Molotov
Junto com Aline Mota, colaboradora de licença do TMDQA!, fui acompanhar o primeiro dia do festival. Com irrelevantes 5 minutos de atraso, a banda Nuda começou seu show na Sala Cine, palco secundário do Coquetel Molotov. Para um público inicialmente de umas 20 pessoas, a banda começou seu show com algumas irregularidades no som, que aos poucos foram sendo estabilizadas. Samba, reggae, bossa e cultura nordestina. Tudo isso e mais um pouco é traduzido pela banda como rock. Com um show baseado no Amarénenhuma, o qual mencionamos aqui, o quarteto pernambucano fez um bom show com 7 canções, devido ao pouco tempo de duração. Como de praxe neste ambiente, há projeções de fotos e vídeos na banda e em todo o espaço do palco. Ao final, o público inicial havia dobrado.
Entre um show e outro, as pessoas circulavam pela área destinada ao festival. Fora as barracas de comida e bebida, havia espaço de patrocinadores, lojas de discos de vinil, cds, camisas, bolsas, estúdio para jam session e até local para maquiagens especiais.
Alguns minutos depois, o trio pernambucano, King Size, levou sua “música jamaicana processada com sintetizadores, reverb e drum machine” para o palco da Sala Cine. Já não havia mais bateria e amplificadores, mas sim uma aparelhagem no meio e dois microfones ao lado. Giba comandou todas as batidas e efeitos, enquanto que Belota e Zion se alternavam nos vocais. Outro show interessante. Muitos efeitos nas vozes que faziam o público viajar junto com as imagens que eram projetadas sobre o trio. Foram quase 40 minutos ininterruptos. No meio do set autoral, um cover do Sean Paul, “I’m Still In Love With You”, ao estilo King Size.
Pouco tempo depois foi a vez da dupla Rodrigo Brandão e M. Takara. Após um rock misturado com diversos outros ritmos e uma viagem por efeitos e batidas de dub e reggae, foi a vez do rap. Apenas uma bateria, um computador e um microfone. O MC Rodrigo Brandão tentou empolgar o público durante os 30 minutos de show. Acho que se tivessem sido escalados para o segundo dia, teriam mais aceitação. No final até que ele conseguiu um pouco. Era possível ver uma média de 50 pessoas durante a perfomance. No meio do set, o MC mandou a pergunta: “quem gosta de punk, ae?” e disse que a próxima música era uma homenagem ao Redson do Cólera, “Caos”, do Ratos de Porão.
Depois de um quarteto (Nuda), um trio (King Size) e uma dupla, o rapper americano, Beans, subiu ao palco para finalizar a programação da Sala Cine. Não entendi muito bem o show do cara. Sozinho no palco com um computador com as batidas já programadas, o músico mandava suas letras e músicas uma atrás da outra, as vezes até passando por cima do ritmo da batida. Chegou um momento que o cara começou a soltar seus versos sem acompanhamento, e com o público dando respaudo, mandou mais uma no mesmo estilo e finalizou seu show. Foram 20 minutos contados!