Entrevistas

TMDQA! entrevista: Banda do Mar

Mallu Magalhães, Marcelo Camelo e Fred Ferreira falam com o TMDQA! sobre concepção da banda, Portugal, ter mais discos que amigos e mais.

Banda do Mar lança disco em Agosto e revela arte do álbum

Banda do Mar

Por Julião Pacheco

Foto: Divulgação

Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e Fred Ferreira estão radiantes. É incrível enxergar a alegria do som da Banda do Mar no semblante dos integrantes que se juntaram há pouco mais de um ano para o novo trabalho: “ouvindo as melodias do disco eu lembro da luz de Portugal na primavera”, enfatiza Camelo.

O casal se mudou para Lisboa e se juntou com Fred, que é um reconhecido produtor no país. Fizeram planos para o lançamento de um disco e um ano depois do primeiro encontro, com apenas um mês de atraso, a Banda do Mar ganhava as redes sociais com canções solares lotadas de influência de surf music.

Eles ensaiam em São Paulo para a turnê de lançamento do disco, que tem datas confirmadas em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e outras seis cidades brasileiras. Depois, seguem para uma turnê em terras lusitanas.

O TMDQA! conversou com exclusividade com os integrantes da Banda do Mar e o resultado você confere a seguir:

TMDQA!: De onde surgiu a Banda do Mar? Como vocês conhecerem o Fred e decidiram se juntar?
Marcelo: A gente se conhece há mais de dez anos, somos muito amigos, sou padrinho da filha dele. Temos uma amizade que não é só casual, é com uma consideração quase de família mesmo. A nossa mudança pra Portugal foi, também, para estar mais perto do Fred e a banda é uma consequência da soma dessas coisas, do meu trabalho com a Mallu fluir bem, da vontade de morar em um lugar novo, fazer coisas novas. No fundo acho que nós finalmente nos encontramos e a intenção de ter uma banda já vem sido construída invisivelmente há mais de dez anos.

TMDQA!: Mas qual foi o ponto de virada pra vocês decidirem ir pra Portugal?
Marcelo: Primeiro decidimos nos mudar e depois começamos a pensar se faríamos discos solo ou não. No começo é tudo um jogo de intenções. O Fred é meio desconfiado, não acreditava muito na banda até o dia da publicação do disco, a Mallu sempre otimista, comemorando, escolhendo nome pra banda, eu bem pragmático, querendo fazer tudo direitinho.

TMDQA!: E a concepção do disco, como foi? Ele tem uma levada bem pop, com pegadas de surf music. Não sei, quando escuto o disco eu penso em um dia ensolarado.
Marcelo: Primeiro a gente pensou em fazer o disco, depois separamos agenda pra esse disco acontecer e aí começou um movimento longo, né. Não é que nem um barco, que você vira e ele muda a direção, ainda mais com as nossas carreiras estabelecidas, o Fred com as coisas que ele faz e com muito sucesso. Tivemos que mirar com um ano de antecedência lá na frente e falar: em setembro de 2014 vamos ter um disco – e fomos meio “ninja” nisso, porque só erramos por um mês o plano de um ano.

E a partir dessa intenção inicial começamos a separar um período pra compor, outro pra entrar em estúdio e experimentar, outro pra gravar. Foi um ano muito gostoso, mostrando músicas um para o outro, afinando a ideia inicial. Quanto à sonoridade, você mira em um lugar, mesmo sem saber exatamente o que você quer, mas o percurso vai modificando suas intenções. A gente tinha um conjunto de ideias que se resumia em uma série de músicas para o nosso encontro. A parceria entre nós três é que possibilita a criação dessas músicas.

Às vezes quero mostrar a Banda do Mar para alguns amigos mas não faço isso porque sei que essas pessoas não vão gostar – não é com esse cara que eu faria a banda. E o som da banda é uma soma de nós três, a personalidade do nosso encontro fica impregnada ali.

Fred: Acho que é um reflexo da nossa relação nestes anos todos, algo leve, uma coisa boa.

TMDQA!: E como Portugal influenciou no som da banda? O Marcelo tem um histórico de carregar muito da cidade que ele mora nas composições, principalmente nos discos “Sou” e “Toque Dela”.
Marcelo: Eu sempre tenho a sensação que o lugar, a geografia, a incidência solar, o cheiro, a comida, as pessoas, e tudo mais acabam orientando as nossas escolhas, então tudo isso faz muita diferença. Eu gosto de curtir a ideia de ouvir São Paulo no “Toque Dela”, por exemplo. Esse novo disco tem um som que me lembra a luz de Lisboa. Os agudos no nosso disco soam tal qual a luz na primavera de Lisboa.

Mallu: A pureza do ar também contribui, Lisboa tem uma luz específica.

Marcelo: A geografia do lugar tá meio invisível, pelas frestas do disco, até o fato de irmos a pé para o estúdio. As amizades também estão ali.

TMDQA!: E a composição, como foi?
Mallu: Foi muito variada. Algumas músicas foram feitas anteriormente, outras depois da ideia de ter a banda. A gente não tem o hábito de compor junto, escrevemos separadamente e cada um vai dando pitacos no estúdio depois.

Fred: Apresentou-se uma série de ideias no início e entrei muito no processo de criação de harmonias, escolhas de instrumentos em determinados trechos, arranjos. Tô muito contente com a forma que tudo que aconteceu. Já agradeci muito a eles pela banda.

Marcelo: E a gente sempre agradece muito ao Fred também. Aproveitamos muito essa amizade e esse encontro, cada um tira o que tem de melhor do outro.

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TMDQA!: Vocês vão entrar em turnê a partir do mês que vem. Como vem esse show, qual vai ser a formação da banda e como vai ser o repertório?
Mallu: A formação é bem enxuta, os arranjos estão muito semelhantes com o disco. Nós rearranjamos algumas músicas das nossas carreiras solo e estamos estudando até umas versões de outros artistas, mas a nossa prioridade é esse disco.

A formação vai ter nós três (Fred tocando bateria), o Bubuzinho (Gabriel Mayall, que fez parte do Los Hermanos e da banda Do Amor) na guitarra, além do baixo do Marcos Gerez, que toca no Hurtmold e fez parte da turnê do “Sou” com o Marcelo.

Fred: Quero fazer o trabalho bem feito, um show sólido, que represente bem o disco que nós fizemos. Estamos muito contentes com a forma que o show está tomando. Me sinto confiante, temos um trabalho bem feito, vamos dar o nosso melhor e acho que as pessoas vão gostar. A reação, tanto aqui, quanto em Portugal tem sido muito positiva.

TMDQA!: Acho que vai ser inevitável que os fãs de vocês comparem a Banda do Mar com trabalhos passados. Isso assusta vocês? Principalmente quanto aos fãs dos Los Hermanos?
Marcelo: Eu curto a intensidade dos fãs de Los Hermanos, é bom ser admirado, né? Vejo que o que fazemos é um negócio pra ser ouvido em diferentes momentos da vida das pessoas. A música está a serviço das pessoas, tem gente que gosta de viajar ouvindo música, tomar banho, fazer amor ou pra se acalmar. O cara ouvir o nosso disco e achar infantil, ruim, ou muito bom, vai depender do momento de vida que a pessoa tá vivendo.

Mallu: Acho que as músicas dizem mais a respeito das pessoas que estão ouvindo do que de nós mesmos.

Marcelo: Eu vejo como uma extensão de carinho, mesmo quando o cara não gosta da música (risos).

 

TMDQA!: E como surgiu a ideia do clipe de “Mais Ninguém”, que tem a participação do Fezinho Patatyy?
Marcelo: O YouTube é demais. É um banco de dados infinito, tudo que você quer tem lá. É um lugar muito bom pra você exercitar sua imaginação. Eu já conhecia o trabalho do Fezinho e aconteceu de botar a música da Banda com o vídeo dele dançando e percebemos que era isso! A ideia inicial era ter só ele dançando mas depois sentimos a necessidade de participar também – e fizemos o nosso melhor tentando imitá-lo (risos).

TMDQA!: E a questão das redes sociais pra vocês? A Mallu se lançou com a ajuda da Internet mas o Marcelo ainda pegou a época que a divulgação era na raça. A Banda do Mar nasceu na Internet e bombou no Facebook.
Mallu: Essa nossa proximidade com os fãs faz com que a gente procure ser muito honesto, com o que pensamos, nossos sentimentos, e acho que as redes sociais são a melhor forma de passar isso que estamos pensando. E desde o início foi assim, nós fizemos a publicação com o anúncio da banda juntos, no estúdio. Também estamos sempre pensando em fotos pra postar, textos, novidades. A rede social tem essa capacidade de dar vazão pra sua euforia, sabe?

Queremos mostrar tudo que fizemos – é como quando alguém faz um doce e quer que todo mundo prove.

TMDQA!: Marcelo, falando rapidinho de Los Hermanos, como está a relação com os caras da banda? Tem falado com eles?
Marcelo: Pouco, até porque todo mundo está com uma vida corrida, o Bruno tem o trabalho dele, o Amarante tá em Los Angeles, às vezes falo com o Barba e com o Alex, que era nosso produtor. A gente tem um contato esporádico. Encontrei o Amarante em Portugal recentemente, quando ele passou lá em turnê. O contato é esporádico mas somos muito amigos, tem muito carinho. A distância é mais pelas circunstâncias.

TMDQA!: Pra fechar, a pergunta clássica do site. Vocês tem mais discos que amigos?
Marcelo: Muito boa essa pergunta! (risos)

Mallu: Disco físico ou digital? O Fred com certeza tem mais amigos, ele conhece todo mundo em Lisboa, é tipo o prefeito da cidade (risos).

Fred: Não é isso! (risos) Sou uma pessoa que gosta de ajudar as pessoas.

Marcelo: O Fred é um rockstar em Portugal. Uma vez ele quis viajar como nosso roadie e as pessoas paravam ele pra tirar foto o tempo todo. (risos)

Fred: É que vocês são como família.

Marcelo: Acho que tenho mais discos – não por ter amigos de menos! Acho que por ter discos demais. Agora se valer digital, aí danou-se!

 

A Banda do Mar confirmou shows em Porto Alegre (10 de outubro), Rio de Janeiro (11 e 12 de outubro), Dourados/MS (17 de outubro), Americana (18 de outubro), Natal (24 de outubro), Florianópolis (30 de outubro), São Paulo (31 de outubro), Teresina (15 de novembro) e Goiânia (9 de dezembro).