Queda livre: venda de guitarras despenca 80% em cinco anos no Brasil

Associação Nacional da Indústria da Música mostra que instrumento musical fundamental para o Rock And Roll está, definitivamente, em baixa.

Vendas de guitarras caem drasticamente
Foto de guitarra via Shutterstock

Definitivamente não é um período fácil para ser fã de Rock And Roll.

A CBN publicou hoje mais cedo uma matéria onde diz que a venda de guitarras no Brasil está caindo drasticamente ano a ano.

A situação reflete o que acontece no exterior onde, pasme, empresas como Fender e Gibson estão enfrentando problemas financeiros por conta da queda na popularidade do rock.

Segundo a matéria, aqui no Brasil entre 2012 e 2017 a importação do instrumento caiu 78%, e isso se deve a vários fatores como a alta do dólar, a crise financeira do país mas, naturalmente, reflete também como a guitarra está bem longe de ser o mais popular dos instrumentos musicais nos dias de hoje.

A imensa maioria das guitarras compradas por músicos daqui são importadas, e mesmo as marcas nacionais montaram fábricas no exterior, então o número de importações reflete bem o número de guitarras comercializadas no país.

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Os dados são da Anafima, Associação Nacional da Indústria da Música, que ainda revela que as importações de violões caíram 33% no mesmo período e os instrumentos de percussão e teclados caíram 55%.

Daniel Neves, presidente da Anafima, diz que não acredita que o “rock irá acabar” ou que as guitarras perderão sua relevância completamente, mas diz que o instrumento apresenta pouca influência nos jovens de hoje em dia:

Existe uma questão de moda. O sertanejo foi um estilo musical que pegou. O número de violões sobe, não o de guitarras. Quando a gente tinha um movimento da indústria fonográfica para o forró, o número de acordeons aumentou incrivelmente. Acho difícil dizer se a guitarra vai voltar a ser um instrumento do momento. É muito mais uma questão de quem será que vai reinventar a roda da música.

Na mesma matéria, o guitarrista Edgard Scandurra, do IRA!, cita a “preguiça” dos adolescentes que preferem ficar no computador e no videogame:

A música pop hoje em dia não é uma música tocada mecanicamente. Em boa parte, ela é executada no computador. E acho que há um perfil da sociedade também, porque o rock é uma música contestatória. Existe uma atitude de contestação que não vejo muito hoje em dia. Essa moçada fica no computador e no videogame, acho que a juventude anda muito preguiçosa. As pessoas não têm nem muita paciência para ler uma coisa longa, quanto mais pegar uma guitarra, sentar numa cadeirinha e ficar treinando.

Ainda ao encerrar a matéria, o jornalista Ricardo Gouveia apresenta um ótimo ponto e diz que muito provavelmente surgirão novos guitarristas como Jimmy Page, Jimi Hendrix e Eric Clapton, “o que não dá mais para saber é se esses futuros talentos vão ser ícones da música pop ou da música clássica.”

Fato é que a música eletrônica e pop, criada em casa com computadores e até mesmo smartphones é o que tem atraído a molecada com seus 14 ou 15 anos, que criam músicas, EPs e até álbuns dessa forma.

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