O mineiro Djonga, um dos mais influentes nomes na nova cena do rap nacional, conquistou uma gradativa base de fãs ao longo dos últimos anos. Em 2017, o rapper lançou Heresia, e logo no ano seguinte nos presenteou com O Menino Que Queria Ser Deus.
Hoje, Djonga liberou no YouTube as canções de seu terceiro álbum de estúdio, intitulado Ladrão. Assim como os dois álbuns anteriores, o disco foi lançado no dia 13 de Março. Em entrevista à Rolling Stone Brasil, o rapper conta que não foi planejado: “aconteceu”. Na virada do ano, ele percebeu que o álbum já estava próximo de estar pronto, e aproveitou a data “de sorte” para lançar o novo material.
Direto no Youtube
O álbum, pelo menos por enquanto, não está disponível no Spotify e nos outros serviços de streaming, mas existe uma razão. Djonga optou por fazer o lançamento exclusivamente pelo YouTube.
Em seu Twitter, ele justificou a estratégia com um argumento bastante justo:
https://twitter.com/djongadorge/status/1105524127593652224
As músicas
Ladrão conta com 10 músicas. Caracterizado pelo tema de “resgate”, o álbum, de acordo com o próprio Djonga, tem uma carga muito pessoal. Por sinal, o disco foi gravado na casa de seus avós. O andar de cima da residência foi usado pelo namorado de sua tia para a criação de um estúdio. O mineiro sentiu, então, que lá seria o lugar perfeito para relembrar suas origens e levá-las ao novo álbum.
O álbum conta com participações para lá de especiais. Felipe Ret participa de “Deus e o Diabo na Terra do Sol“, canção que faz referência ao filme clássico do diretor Glauber Rocha. Já MC Kaio divide os vocais com Djonga em “Tipo“. Já a faixa “Voz” conta com as participações de Doug Now & Chris MC.
Apesar de ser uma história bem pessoal, a narrativa de Ladrão conta com uma cover. Trata-se de uma releitura de “Moleque Atrevido”, clássico composto por Jorge Aragão. A versão do novo disco ficou estilizada como “Mlk 4tr3v1d0“.
Elis Regina também é homenageada pelo rapper. Na faixa “Bené“, ele cita o verso “Viver é melhor que sonhar”, do clássico “Como Nossos Pais“, composição de Belchior que ganhou fama na voz da cantora em 1976.
É uma referência a Elis, por sinal, que encerra o álbum. O final da faixa “Falcão“, última do disco, termina com um trecho do clássico “Romaria” (que tem muito a ver com o contexto do álbum em si).
Capa e contracapa
Em seu Instagram, o rapper antecedeu o álbum com a identidade visual da capa e da contracapa de Ladrão. Na capa, ele aparece segurando a máscara de um membro da Ku Klux Klan, enquanto sua avó aparece sentada no sofá. Ao apresentar a arte principal, Djonga conta:
Quando eu era criança, eu andava na rua e me sentia ladrão mesmo quando nunca tinha roubado nada. As pessoas olhavam com medo. Quando cresci mais um pouco, roubei pra ter e pra me sentir melhor, pra me sentir fodão… O tempo passou e eu entendi que tipo de ladrão eu devia ser: esse que busca e traz de volta pras minhas e pros meus. Se preparem pra ver meu melhor, eu juro que eu dei meu melhor, e dessa vez eu to falando sério. Quando eu disse que queria ser Deus, eu não sabia a responsa que eu tava chamando pra mim. Quando eu entendi, eu percebi o que eu devia fazer, aí eu fui lá e fiz o que eu sempre fiz: roubei, roubei e trouxe de volta!
Já a arte da contracapa do álbum conta com Dona Nadir e Seu Aparício, fundadores da velha guarda da Mocidade.
Confira abaixo a playlist do canal de Djonga no YouTube, com todas as músicas de Ladrão.