Resultado promoção Laja Records e Entrevista com Jeff Rosenstock do Bomb The Music Industry!

Entrevista EXCLUSIVA com Jeff Rosenstock do Bomb The Music Industry! e resultado da promoção Laja Records.

Resultado promoção Laja Records

Chegou a hora de saber quem levou o kit com 13 itens da Laja Records e Me First And The Gimme Gimmes!
Foram 480 participações entre twitter e orkut, e eu fiz o mesmo esquema de sempre. Planilhei cada participação e coloquei os números no site random.org para realizar o sorteio. E ficou assim:

Parabéns!!! Entrarei em contato para combinarmos o envio do kit com 13 itens de rock mais do que bacanas, ok??

O Mozine ainda foi gente boa e pediu pra sortear mais 2 pessoas que levarão chaveiros do Crackinho e bugigangas da Laja. São eles:

Parabéns Fernanda e Amauri, também entrarei em contato para enviar os prêmios.

E se você não ganhou, NÃO FIQUE TRISTE porque já está rolando outra promoção, dessa vez da banda FISTT, valendo 3 kits da banda com camisetas, buttons e adesivos. Clique aqui para participar!!!

Entrevista com Jeff Rosenstock

Jeff Rosenstock é o vocalista/letrista/produtor/guitarrista/tecladista e responsável pelo coletivo musical que atende pelo nome de Bomb The Music Industry!, banda que pra mim gravou o melhor disco do ano passado e que se destaca tanto por melodias inovadoras quanto por suas letras inteligentes.
É o tipo da banda, que como vocês verão pelos vídeos abaixo, atrai fãs cativos que berram as letras ao vivo, superlotam as casas de show e fazem diversos videoclipes da banda que podem ser encontrados no YouTube.

Além disso, ele ainda é dono da Quote Unquote Records, gravadora que lança todos seus álbuns de graça e aceita doações via PayPal, baseadas em quanto os fãs acham que a banda merece. É a casa por exemplo de Laura Stevenson And The Cans, banda folk liderada pela linda voz de Laura que conta com Jeff em alguns instrumentos.

Ele ainda era o vocalista de uma banda de ska chamada Arrogant Sons Of Bitches e está com um projeto paralelo chamado Kudrow.
Em Fevereiro ele está embarcando em uma turnê do Bomb The Music Industry! onde ele viaja com uma guitarra e um iPod, e chama fãs locais para serem o resto da banda. Pouco legal, eim?

Domingo retrasado eu mandei um e-mail para ele perguntando sobre uma possível entrevista e em menos de 2 horas, Jeff respondeu “e aí, vamos fazer agora?” e o resto está aí embaixo, uma entrevista, ou mais um bate-papo entre esse que vos fala e Jeff Rosenstock, que durou mais de 4 horas.

Espero que vocês aproveitem tanto quanto eu e conheçam ainda mais o trabalho do cara, que transforma em ouro praticamente tudo o que se envolve. Enjoy!


TONY-TMDQA!: hey cara, tá me lendo?
Jeff Rosenstock:
sim, tony! como você está?

TONY-TMDQA!: tudo certo!! calor pra caralho aqui, mas beleza. e você?
Jeff Rosenstock: tudo certo também, e tá meio frio aqui hoje. a gente tem hemisférios opostos!

TONY-TMDQA!: hahaha verdade! você está em Nova York?
Jeff Rosenstock:
Sim. Estou no Brooklyn.

TONY-TMDQA!: Legal! Eu moro em uma ilha quente chamada Florianópolis…
Jeff Rosenstock:
Isso parece demais, eu queria estar aí esse Inverno!

TONY-TMDQA!: Cara, quando quiser aparecer, você tem lugar pra ficar!
Jeff Rosenstock: Não me tente, eu posso aparecer por aí. A internet tá dizendo que É um lugar quente para passar as férias.

TONY-TMDQA!: A Internet está certa.
Jeff Rosenstock:
hahaha

TONY-TMDQA!: E não esqueça de trazer seu iPod e guitarra! (Nota do editor: Jeff Rosenstock costuma fazer uma turnê chamada “Bring Your Own Band”, onde ele viaja com um iPod e uma guitarra, e convida fãs das cidades para ser a banda de apoio, tocar TODAS as músicas que a platéia pedir e fazer covers aleatórias)
Jeff Rosenstock:
Talvez! Eu quase fiz uma turnê no Brasil uns anos atrás, e eu acho que tudo acabou dando errado.

TONY-TMDQA!: Sério? Com o Bomb The Music Industry! ?
Jeff Rosenstock:
Sim! Seria só eu, mas ao estilo “Bring Your Own Band”

TONY-TMDQA!: Espetacular!
Jeff Rosenstock: O cara que estava me ajudando foi muito bacana, eu estava trabalhando demais em uma publisher de livros e nessa época a gente conseguiu umas turnês com The Queers, The Slackers, Less Than Jake, etc. Não consegui lidar com tudo ao mesmo tempo, infelizmente


TONY-TMDQA!:
Eu vi o Less Than Jake em Curitiba há 2 anos atrás
Jeff Rosenstock:
Eu não faço ideia como bandas assim conseguem fazer isso.

TONY-TMDQA!: Por que?
Jeff Rosenstock: É muito bom!! Eles agendam shows na América do Sul. Ou seus agentes o fazem. É mais difícil pra gente como uma banda menor conseguir fazer algo assim juntos. A gente conseguiu algumas coisas na Europa, mas foi isso.

TONY-TMDQA!: Entendo. É que essas bandas eram muito grandes aqui há alguns anos atrás, e nunca tinham vindo pra cá. Então quando eles vieram, todo mundo da minha idade que curtia o som tava lá.
Jeff Rosenstock: Sim, aí um monte de gente queria vê-los. Posso imaginar.

TONY-TMDQA!: Eles tocaram pra 3.000 pessoas.
Jeff Rosenstock:
Eu sei que o Less Than Jake falou que os shows deles foram loucos aí embaixo. Mas é meio difícil fazer com pouco dinheiro.

TONY-TMDQA!: É, o show em Curitiba teve problemas. Superlotaram o lugar, venderam ingresso na hora, e acabou ficando complicado. A banda tocou só 30 minutos.
Jeff Rosenstock:
Me parece ruim. Mas parece que poderia ser divertido também. Eu não sei. Eu estaria feliz só de estar aí embaixo.

TONY-TMDQA!: Eu estava.. a banda que não estava. E eu aposto que você ficaria. Eu vi alguns videos seus no YouTube e a molecada grita loucamente as letras das músicas na sua cara. No próximo dia 11 de Fevereiro eu faço 25 anos e vou cantar “25!!!” loucamente também.
Jeff Rosenstock:
hahaha espetacular! Bom, nunca se sabe. Eu estou sempre tentando ir a lugares onde nunca estive.

TONY-TMDQA!: Então, você está saindo em turnê em 3 semanas. Você escolhe a molecada local pra ser sua banda de apoio? E todos os pedidos de música são atendidos, e toca covers aleatórias… Deve ser um longo e divertido show, huh?
Jeff Rosenstock:
É. Eu comecei fazendo por conta própria, porque eu queria viajar a lugares onde não era viável fazer com a banda inteira. Nunca pareceu TÃO estranho pra mim, porque ter o Bomb The Music Industry! como uma banda permanente não era uma realidade até tipo, 3 anos depois de formar o Bomb The Music Industry!. Então eu fiz isso na Inglaterra e na Irlanda e foi muito legal estar em lugares que eu nunca havia estado, sem contar que era muito legal estar sozinho e fazendo a parada. Aí quando eu voltei pra casa com dinheiro pro aluguel e pras contas, eu fiquei super surpreso. Então foi um negócio 100% positivo, e eu não vi motivos para não fazer o mesmo nos Estados Unidos. Quando você está tocando com 6 ou 7 pessoas diferentes, todo mundo tem que saber as mesmas músicas e quando o Bomb The Music Industry! tem tipo centenas de músicas, é difícil TODO MUNDO sabê-las. Além disso, se eu me sinto tipo “Cara, eu realmente queria que a gente pudesse tocar uma cover de Sleater-Kinney” porque eu estava ouvindo Sleater-Kinney naquele dia, eu posso fazê-lo em uma turnê com o iPod com poucas horas de programação.

TONY-TMDQA!: Nossa, eu adoraria ouvir uma cover de Sleater-Kinney tocada por vocês. De “A Quarter To Three”, talvez. Essa é a primeira vez que você faz esse esquema nos EUA?
Jeff Rosenstock:
Essa é a segunda vez que eu faço isso nos EUA. A primeira vez foi uma experiência tão estranha pra mim. Quando eu estava no Reino Unido o lance era correr pelas cidades, tentando achar a estação de trem e quando eu entrava no trem tudo estava bem, eu conseguia dormir e acordar algumas horas depois tentando achar o lugar do show baseado em quaisquer informações que me tivessem sido mandadas por e-mail. Nos EUA eu dirigi para todos os lugares, então eu tive que ser responsável durante os shows e não beber nada, e falar com as pessoas depois do show totalmente sóbrio, o que leva um tempo pra se acostumar. E estar sozinho e acordado fazendo a mesma coisa de 4 a 7 horas por dia pode ficar realmente bizarro. Eu comecei a ficar com medo de dirigir sobre pontes e comecei a ouvir “audiobooks”… Eu me tornei uma pessoa que eu nunca saiba que era! Foi doido!

TONY-TMDQA!: hahahaha
Jeff Rosenstock:
Foi super divertido estar em uma situação que eu nunca havia estado.

TONY-TMDQA!: Super divertido de uma maneira estranha, eu acho. Dessa vez você vai fazer o mesmo esquema? Jeff Rosenstock: Sim, eu vou dirigir pra todos os lugares. Não há outra maneira de fazê-lo nos Estados Unidos. O transporte público interestadual é muito caro e o transporte público em cidades pequenas não é bom. A América não fez muito progresso no que se diz respeito a transporte público nas últimas décadas, o negócio só fica mais caro e menos conveniente. Todo mundo fica em casa e assiste TV. É FANTÁSTICO!


TONY-TMDQA!:
E twitta..
Jeff Rosenstock:
você sabe!

TONY-TMDQA!: Me fala um pouquinho sobre o Bomb The Music Industry! e como você surgiu com a banda após o fim do Arrogant Sons Of Bitches.
Jeff Rosenstock: A gente tava na última turnê do ASOB, visitando todos esses lugares que a gente nunca tinha ido e parecia que a gente estava ocupado demais contando camisetas, preenchendo planilhas, fazendo contas de matemática, fazendo buttons e esse tipo de coisa quando a gente chegava nos lugares de show. Não era particularmente divertido pra mim, e quando a gente voltou pra casa eu decidi que queria fazer algum tipo de projeto musical separado do comércio. O ASOB terminou poucos meses depois dessa turnê. Dave (nosso trombonista) queria voltar pra faculdade e acertar as paradas dele. Não fazia sentido fazê-lo com outra pessoa, o Dave era tão parte do ASOB quanto qualquer outro membro era, então o Bomb The Music Industry! virou mais o meu foco.


TONY-TMDQA!:
Vendo de fora, me pareceu como uma coisa natural, você até usava uma camiseta escrito “ASOB BROKE UP” nos últimos shows (aliás, eu não consigo achar essa camiseta em lugar nenhum! haha). Foi realmente natural ou alguém ficou chateado?
Jeff Rosenstock:
Definitivamente muita gente ficou chateada quando aconteceu. Isso aconteceu enquanto a gente tava em turnê no outro lado do país. A gente explodiu na van, eu falei que não queria mais vender música, o Dave disse que eu estava sendo louco, todo mundo tomou partido de cada um dos lados e a gente teve uma viagem muito muito longa de volta pra casa. Mas, quando a gente chegou em casa, a poeira eventualmente baixou e todos nós viramos amigos de novo quando o “Three Cheers” (“Three Cheers For Disappointment”) saiu. Eu acho que a gente até estava considerando ser uma banda em tempo parcial denovo quando o disco saiu, mas na última noite dos shows de lançamento do CD a gente tava sentado no CBGB autografando centenas de pôsters pra algum tipo de promoção de pré-venda, ou algo do tipo

TONY-TMDQA!: WOW
Jeff Rosenstock:
Tudo que qualquer um de nós queria era subir a rua pra ir até o bar e beber um com o outro, afinal, a gente tocou 3 shows maravilhosos, sendo que o último na porra do CBGB’S. Mas esse amigo nosso tava entrando, tentando ser nosso “gerente de merchandising”. Ele até me disse: “Eu vou cuidar do merch nos shows pra que você possa falar com os fãs pessoalmente”. E eu falei pra ele que realmente gostava de fazer o merch porque era o momento de conhecer as pessoas, eu trabalhei 4 anos nesse disco e estava muito feliz de entregá-los às pessoas. Se tornou essa coisa toda e estava girando em torno do comércio denovo, então a gente nunca mais tocou junto. Eu me mudei pra Georgia, a gente marcou um show de despedida um ano e meio depois disso pra que todo mundo que não tinha nos visto tivesse a oportunidade e a gente juntou alguns milhares de dólares pra ajudar a prima do nosso baterista que precisava de uma cirurgia muito séria. Todas as camisetas foram feitas pelos nossos amigos O Pioneers!!! (banda), que são donos da I Heart U Productions, eles nos deram quase todo o lucro delas. A gente tocou todas as músicas que a gente já havia escrito, especialmente as ruins. Pareceu uma boa hora pra parar de bater no cavalo morto.

TONY-TMDQA!: Deve ter sido um último show excelente. Eu preciso perguntar. Você vê isso acontecendo com o Bomb The Music Industry! ? Quero dizer, vocês estão começando a chamar a atenção das pessoas, e se esse tipo de coisa acontecer, você acha que pode lidar de outra forma agora?
Jeff Rosenstock:
A gente aprendeu a dar um passo pra trás com o BtMI!

TONY-TMDQA!: Como assim?
Jeff Rosenstock: Por um tempo a gente estava tocando em shows bem grandes. Eu acho que a gente tocou pra 2.000 pessoas uma noite, abrindo pro Less Than Jake. Mas os shows eram muito caros, eu sei que eu não conseguiria pagá-los. E não é pra culpar nenhuma das bandas que nos deixam abrir seus shows. Todos eles eram basicamente grandes fãs que queriam ajudar. Eu só acho que não era pra nós. Era difícil passar nossa mensagem anti-consumista em um lugar cercado por consumismo. Parecia que tudo que a gente falava era uma bosta e a gente poderia ter simplesmente vendido camisetas como todo mundo. Aí a gente parou de tocar em shows que não eram abertos a todas as idades e que não incluíam ingressos por 10 dólares ou menos.

TONY-TMDQA!: Isso é bem legal.
Jeff Rosenstock: Eu acho que se a gente soubesse que estaria fazendo esses primeiros shows, que foram com o The Slackers, a gente poderia ter utilizado o fato de um grande público um pouco melhor. Mas a gente estava tão feliz de tocar com todas essas bandas que a gente se divertia demais pra fazer algo produtivo, eu acho. Eu ainda não sei se esse foi o melhor plano, mas o que você vai fazer. Assim, até as bandas punk mais visivelmente políticas estão tocando shows só pra maiores de 21 anos ou coisas do tipo. Não importa o resultado, eu acho que foi uma coisa boa o fato da gente ter tido coragem pra bater o pé nesse sentido.

TONY-TMDQA!: Sabe, quando eu tinha 17 anos eu normalmente falaria “blah, seus vendidos de merda blablabla”. Hoje eu vou ouvir o álbum da banda, não importa em qual selo ela saiu e vou gostar ou não de como ele soa. Simples assim.
Jeff Rosenstock:
Sim, mas você paga pelo álbum?

TONY-TMDQA!: Normalmente eu baixo ele primeiro, e se eu gosto, eu compro. Mas eu sou um colecionador e fã de música, não sei se a maioria das pessoas age assim.
Jeff Rosenstock:
Eu não sustento lançamentos de gravadoras grandes, e é difícil às vezes porque tem uma dúzia de artistas em gravadoras grandes que eu gosto muito.


TONY-TMDQA!: Então você não compra discos de gravadoras grandes?
Jeff Rosenstock:
Mas eu sei que eles não ganham muito dinheiro com a venda de discos, e eu sei que a indústria de discos americana gasta uma grande parte do dinheiro em processos por downloads ilegais, onde eles processam mães solteiras do interior e crianças de 13 anos e coisas do tipo, por quantidades de dinheiro exorbitantes, só pra provar um ponto.

TONY-TMDQA!: SIM! É só pra provar um ponto. Não há mais objetivos que isso.
Jeff Rosenstock:
Uma vez o Joe Strummer disse: “cada dólar que você gasta é um voto.” Essa frase sempre ficou comigo. É verdade. As pessoas falam sobre como elas não têm poder verdadeiro porque a democracia é uma farsa, votar não conta de verdade, bla bla bla. Mas, no que se trata da América, nós vivemos em uma sociedade capitalista. Então você pode colocar seu dinheiro em coisas que aprova ou pode tomar o caminho preguiçoso e dizer “Eu não posso fazer diferença. Ninguém pode fazer diferença”.

TONY-TMDQA!: Então, foi nisso que você pensou quando abriu a Quote Unquote Records (gravadora de Jeff que disponibiliza todos os discos de graça, e você paga o que acha que a banda merece via PayPal)?
Jeff Rosenstock:
Eu acho que sim. Foi realmente pensado como uma extensão do Bomb The Music Industry! para as bandas dos meus amigos. Eu percebi que dar nossa música de graça nos permitia fazer turnês de sucesso, as pessoas conheciam nossas músicas e tal. Ela nunca foi baseada em volta do capitalismo, então eu não acho que seja justo dizer que a Quote Unquote começou com essa mensalidade. Ela foi baseada em volta das pessoas ouvirem nossas músicas. Eu adicionei o lance de doação porque eu pensei “hey, talvez a gente consiga pagar o website e fazer gravações melhores”.


TONY-TMDQA!:
Sim, eu citei a Quote Unquote por causa da frase do Strummer que você mencionou. Tipo, cada dólar doado é um sinal de positivo pra vocês continuarem fazendo melhor e lançando mais música. Eu amo o modelo de vocês, lançando músicas baseadas em doações e também lançando cópias físicas em LP. Eu acho que acaba servindo para todos os tipos de fãs de música por aí.
Jeff Rosenstock:
A gente sempre aceitava doações em shows se as pessoas quisessem fazê-lo, então fez sentido aplicar isso na gravadora também. Na verdade eu meio que gostava mais quando a gente nem tinha LPs! A gente podia ser mais “ofensivo” com tudo. A gente fazia nossa barraquinha de merchandising nos shows, e colocava um pôster gigante escrito “NÃO COMPRE NADA”.

TONY-TMDQA!: Pelo que eu vejo na Internet, YouTube e etc., nós fãs de BtMI! somos bastante leais. As pessoas têm doado dinheiro regularmente?
Jeff Rosenstock:
A gente recebe várias doações e isso ajuda a gente a pagar pelo combustível nas turnês e também pagar horas de estúdio. Normalmente a gente recebe uma doação louca e gigante e algumas outras menores em um mês, ao invés de várias pequenas doações. Mais ou menos uma em cada 1.000 pessoas que baixam os discos faz uma doação. É meio desapontador, mas como eu disse a gente não liga muito pra essas coisas.

TONY-TMDQA!: E não deveriam, já que as outras 999 pessoas vão conhecer suas músicas, e talvez ir a shows, cantar junto, comprar uma camiseta e coisas do tipo.
Jeff Rosenstock:
Claro.

TONY-TMDQA!: Como você vê todo esse lance da volta do vinil?
Jeff Rosenstock:
A gente meio que entrou nisso BEM na hora que estava explodindo, então funcionou bastante pra gente. Mas também era muito estranho ver alguns LPs nossos sendo vendidos entre 10 e 100 dólares no eBay, especialmente quando você está quebrado sem dinheiro.

TONY-TMDQA!: hahahaha que bizarro.
Jeff Rosenstock:
Eu acho que é mais uma moda, em um sentido. Eu sou um comprador de discos e colecionador há algum tempo, e eu nunca entendi a necessidade de ter versões diferentes de um álbum. Eu sempre pensei que um disco mais do que qualquer outra coisa representa o momento que você o comprou, e o momento em que ele foi gravado. Eu poderia passar pela minha coleção de discos e te dizer exatamente onde eu comprei quase todos eles. Talvez “moda” não seja a palavra certa, eu só acho que não entendo. Mas eu sou sempre muito grato quando uma pessoa compra um disco do Bomb.

TONY-TMDQA!: Os discos de vinil do Bomb The Music Industry! são simplesmente maravilhosamente bonitos. Quando o assunto é cores de discos, não há nada mais legal que o “Get Warmer” ou o “To Leave Or Die In Long Island”. Que tipo de interferência artística você tem nos álbuns da banda?
Jeff Rosenstock: Eu faço toda a arte e decido em quase todas as cores. Às vezes a gente recebe vinil colorido/reciclado de cores randômicas e aí não há decisão, e a Asbestos Records fez uma ou duas prensagens de alguns discos que eu não sabia das cores. Mas é basicamente minha escolha. Especialmente o que foi lançado pela Asian Man. Eles nos deram controle pra decidir qual cor cada prensagem terá, e eles nos deram o controle pra dizer “Hey, a gente não vai fazer um milhão de cores diferentes” para um disco como o “Scrambles”.


TONY-TMDQA!: Eu amo o pacote de “Scrambles”.
Jeff Rosenstock: Obrigado, cara!

TONY-TMDQA!: E também amo a versão transparente/manchas azuis do “Get Warmer”. É excelente.
Jeff Rosenstock
. Obrigado. Tem também uma versão transaprente/branca e uma transparente/verde dessa aí.

TONY-TMDQA!: E um novo álbum? Eu sei que você tem músicas novas, eu amei a que você postou no tumblr (“Struggler”).
Jeff Rosenstock: O “Scrambles” levou um tempo muito grande pra sair, por causa da arte, da produção do pacote e tudo mais. Então eu acho que antes de podermos lançar um novo álbum, a gente vai ter que pensar em como não fazer isso denovo, pra fazer algo que seja menos exaustivo e não sinta como um grande peso tirado dos nossos ombros quando o disco sair. Para que a sensação seja “Fuck yeah! A gente tem um novo álbum”. Só pra mudar um pouco as coisas. (Nota do editor. Poucos dias depois dessa entrevista os caras disponibilizaram na Quote Unquote Records um EP só de músicas inéditas chamado “ADULTS!!!: SMART!!! SHITHAMMERED!!! AND EXCITED BY NOTHING!!!!!!!” Tava escondendo o jogo? hehe)

TONY-TMDQA!: Entendi. Além disso o “Scrambles” é recente né, não tem nem um ano, certo? É que a gente sempre quer ouvir música nova de vocês.
Jeff Rosenstock: Hahaha. Obrigado. A gente tá fazendo tudo o mais rápido que pode!

TONY-TMDQA!: Espero que sim! Eu escolhi o “Scrambles” como o melhor álbum de 2009, qual foi o seu?
Jeff Rosenstock:
O novo do Andrew Jackson Jihad. Ele é TÃÃÃÃÃÃÃÃOOO BOOOOOOOM.

TONY-TMDQA!: “Can’t Maintain” ? Eu acho que estou perdendo tempo então, porque não é a primeira vez que alguém fala bem desse disco e eu ainda não ouvi.
Jeff Rosenstock:
Eu não sei se o disco se deu tão bem quanto deveria. Definitivamente vale a pena dar uma conferida.

TONY-TMDQA!: E o Green Day, cara? O que aconteceu com nosso amado Green Day? Assim, o American Idiot é excelente, mas esse novo álbum…
Jeff Rosenstock:
Pra mim sempre parece que eles fazem bons álbuns porque eles tinham alguma coisa a provar pra quem tava falando merda deles. Mas eu acho que quando você vira a maior banda do mundo, é difícil ter qualquer tipo de “humildade” na súa música… simplesmente se torna inacesível.

TONY-TMDQA!: Eu adorei como eles se tornaram uma banda gigantesca com o American Idiot. Um álbum ótimo, sólido e político. Com “21st Century Breakdown” parece que eles tentaram fazer um American Idiot Parte 2, roubando riffs deles mesmo.
Jeff Rosenstock:
Bom, eles ainda lançam mais álbuns bons do que a maioria das bandas.

TONY-TMDQA!: Sobre seus projetos paralelos, como você se reuniu para formar o Kudrow e lançar um EP?
Jeff Rosenstock: Mike, Dave e eu somos amigos. A maioria das pessoas no Bomb moram em Long Island e eu estava procurando uma banda que fosse local pra poder tocar, então a gente poderia ensaiar e tal. E naquele momento, Mike e Dave não tinham muito acontecendo, e era inverno então não tinha muito o que fazer, aí a gente começou uma banda. Aí eu encontrei meu amigo Pete, a gente saiu para tomar umas e ele disse “Quando eu vou lançar um álbum do Kudrow?” e eu disse: “Oh, eu não sei, você foi a terceira pessoa a nos perguntar, então talvez você vai ser a terceira a lançá-lo?”. E ele disse “Foda-se, eu moro no Brooklyn, vai ser tão fácil!”. E eu disse “Você está certo! Você mora no Brooklyn! Vai ser tão fácil.”. E foi assim. É divertido porque o Pete e a Ernest Jennings (gravadora que lançou o EP) não lançam coisas que soam como o Kudrow, então a gente é basicamente a única banda punk no selo. Tudo por lá é muito diversificado.

TONY-TMDQA!: O que você acha da volta do Blink-182? Não o título da música.. haha (O Kudrow tem uma música chamada “Blink-182 Reunion”. Eu vi uns vídeos de alguns shows da turnê de volta e muitas vezes parece que eles estão fazendo aquilo por quaisquer motivos que não são se divertir. O que você acha?
Jeff Rosenstock:
Eu não os vi ao vivo, então eu não sei. Eu não me importei muito com o último álbum, então uma volta do Blink-182 não era a coisa mais importante do mundo pra mim. Com certeza, eu amei essa banda nos seus melhores dias, mas desde que eu fui sortudo o suficiente para vê-los duas vezes em seu ápice, não é terrivelmente importante pra mim ver o material dessa volta. Eu acho que se eles estivessem fazendo músicas punk bestas sobre pais sendo injustos e fodendo sua mãe e coisas do tipo, não faria mais sentido nenhum Então como qualquer coisa, eles podem fazer o que eles quiserem, não me afeta. Não faz com que os seus discos mais antigos sejam menos importantes pra mim.

TONY-TMDQA!: Eles fizeram dois dos melhores discos de pop-punk de todos os tempos, e nada vai mudar isso, não importa qual cantor famoso e bem conceituado eles chamem pra cantar no seu disco. Por que o título da música “Blink-182 Reunion” no “Lando” (EP da banda Kudrow)?
Jeff Rosenstock:
É uma música sobre se sentir estranho tentando ter o melhor dos dois mundos, a liberdade que você tem quando é adolescente e a liberdade que você tem quando é adulto.

TONY-TMDQA!: Jeff, muito obrigado por responder meu e-mail tão rápido e fazer essa entrevista.
Jeff Rosenstock:
Oh, obrigado por passar seu tempo falando comigo.

TONY-TMDQA!: Eu sou muito feliz porque faço parte de uma cena onde a maioria dos meus ídolos é legal assim, e você é um deles.
Jeff Rosenstock:
Aw…. obrigado, cara! E eu posso conversar com você sobre ir ao Brasil um dia desses eim, então fica esperto!

TONY-TMDQA!: Se você fizer isso eu seria mais do que feliz em te hospedá-lo por aqui! Obrigado, novamente, e deixe uma mensagem aos seus fãs brasileiros! =D
Jeff Rosenstock: Uma mensagem para o Brasil… hm, eu nem acredito que alguém no Brasil sabe que eu estou fazendo o que eu estou fazendo, que a gente está fazendo o que a gente está fazendo! Muito obrigado por prestar atenção, e tenha em mente que o que a gente faz é simples e qualquer um pode fazê-lo desde que você não se deixe abater e comece a se sentir derrotado. ENTÃO VÁ FAZER ALGUMA COISA, BRASIL! SIM!!