Depoimentos Record Store Day
Sim, você já sabe que hoje é o Record Store Day, porque aqui no Tenho Mais Discos Que Amigos! a gente não para de falar disso, mas entenda, pra nós é como se hoje fosse Natal, Aniversário, Dia das Crianças!
Além de todas as matérias bacanas que já fizemos, resolvi perguntar para os amigos, colegas, parceiros e leitores do site sobre suas histórias em lojas de disco.
Basicamente, pedi para que dessem um depoimento respondendo 2 perguntas:
“Qual a importância das lojas de discos pra você e qual foi o primeiro álbum que você comprou?”
O resultado tá aí embaixo e ficou bem legal. Aproveite e deixe seu depoimento nos comentários!
Rafael Ramos, produtor, Deckdisc, Polysom
Loja de discos na minha época de jovem curioso era a fonte de informações mais precisa e completa da galera, no rio tinha a hard n’ heavy, bone yard, spider… nessas lojas comprei minhas primeiras demos, descobri bandas e discos que estão na minha vida até hoje, e isso tudo antes do resto do mundo ver o clipe na mtv.
Não lembro do primeiro disco que comprei, falei um outro dia mas descobri que não tinha sido esse….
Lembro de comprar na área de discos da falecida Mesbla o “Motorhead – 1916” em vinil.
Juntei dinheiro um bom tempo… a capa me encantava e ainda tinha uma música chamada “Going To Brazil” e outra “R.A.M.O.N.E.S.”, encantador.
Cesar Ovalle (Cesinha), Fotógrafo Profissional
Bom, sempre rola um saudosismo falar em vinil, mesmo porque quando comecei a me interessar realmente por música, era só isso que existia… vinil e fita-cassete. Lembro até hoje que o primeiro disco de rock que eu ganhei, foi em meados de 1985, quando eu tinha exatos 5 anos, uma tia-avó minha me presenteou com o “Rádio Pirata – Ao Vivo” do RPM. Agora pense em uma criança de 5 anos ouvindo RPM na sala de casa em um volume ALTO, bem alto… mesmo porque no próprio disco vinha escrito “escute alto” – e é claro que uma criança obedecia isso facilmente.
Os anos foram passando e me lembro de ter comprado vários outros… O Blesq Blom dos Titãs, Psicoacústica do IRA! (que vinha até com o óculos 3D pra vc ver a capa “se mexer”) e por aí foi. Uns anos mais tarde entrei naquelas do heavy/thrash metal, e então vieram os discos do Slayer (Season in the Abyss), Sepultura (Bestial Devastation) e etc (sem contar com os de death metal do tipo Pungent Stench, Deicide, Defecation e outros). Eram épocas que o normal era comprar vinil, já que não se tinha outra mídia (tirando a fita-cassete).
Nessa mesma época, tive contato com os clássicos “Apetite for Destruction” do Guns n Roses, “Nevermind” do Nirvana, “Vulgar Display of Power” do Pantera, “Ten” do Pearl Jam e todos do Metallica até o black album… dali pra frente a coisa mudou, veio a era do CD e matou as bolachas, quase que definitivamente.
Ainda tenho todos esses discos em casa, mas foram anos e anos sem ao menos me interessar mais em comprar alguns vinis, o CD realmente tinha tomado conta de tudo.
Tempos pra cá comecei a reavaliar os conceitos todos, tanto sonoro quanto estético e de valor sentimental, e percebi que nada mais valioso do que um belo vinil, com seu charme todo rodando na vitrola e com a sua arte algumas boas vezes ampliadas, tanto para os seus olhos quanto para as suas mãos.
Nessa reviravolta do vinil, de uns anos pra cá, a minha primeira aquisição foi um grande clássico pra mim que conheci em CD, o “Dial In Sounds” do Brandtson, em edição limitada na cor branca… pronto, foi dado novamente o chute inicial, e daí pra frente, prometi pra mim mesmo que todos os clássicos que eu conheci em CD eu teria em versão de vinil – caso saíssem suas edições comemorativas, especiais e tudo mais… e hoje tamos aí, colecionando uma por uma, e posso dizer que o prazer é muito maior do que de comprar um CD… e te juro que isso não é apenas saudosismo da minha parte. Quem compra, sabe.
Fabio Sonrisal, Hateen
As lojas de discos foram os estabelecimentos que mudaram minha vida. O primeiro disco que eu mesmo comprei, ainda criança foi o Ultraje a Rigor – Crescendo. Aquela musica “Filha da Puta” bombava e eu, uma criança de 9 anos, adorava cantar aquilo alto pra irritar a minha mãe.
Mas foi particularmente em 1991, eu com 11 anos, fiquei apaixonado pelo Guns n´Roses quando vieram no Rock in Rio II e havia uma loja de discos do outro lado da rua de minha casa. Mas nao era qualquer loja, era BEM alternativa (incrível isso numa cidade do interior há tempos atrás).
Foi lá que indo atrás de Guns, com o tempo, descobri o Metallica, Motorhead, Slayer, Sepultura e um dia os Ramones. A loja ja tinha me levado pro lado da música, mas foi aquele vinil dos Ramones – Ramones Mania, que me levou pro punkrock e deixei de ser cabeludo de preto metaleiro infantil (rs.) pra punkrocker skate cabelo verde e alfinete na orelha.
Foi nessa loja também que eu e o Léo Kobbaz nos conhecemos e foi de lá que surgiu o Street Bulldogs.
Uma única lojinha de discos alternativa, numa cidadezinha de interior, num pontinho comercial de 4x4m, há 20 anos atrás, não só mudou a minha vida, como a de muita gente daqui, o que se criou uma cena ao redor dessa loja e dos showzinhos que fomos começando a organizar. Ali foi o ponto inicial de tudo o que eu vivo hoje.
Sinceramente, eu acho que “eu não seria eu” se não fosse essa loja e o dono na época, o saudoso Cabral (in memorian) meu guru metaleiro que deu o primeiro empurrão pra essa vida.
Salve o vinil.
Felipe, IdealShop
O primeiro disco comprado que me lembre foi o Ramones “Brain Drain”, a capa do disco me dava medo, acho que foi isso que instigou comprar, ouvi demais essa porra. Mas a impôrtancia das lojas antigamente é que eram o nosso google de hoje, saca? Lembro de sempre perguntar aos vendedores se tinha algo parecido com nirvana, ramones ou beatles, era um lugar de buscar não só disco como conhecimento.
Ricardo Tibiu, Chiveta
Meus pais sempre foram bem “musicais”, então desde cedo eu e meu irmão tivemos contato com música. Apesar disso, a gente não tinha vitrola, era na base do K7. Quando meu pai enfim comprou um aparelho de som, meu irmão, que é mais velho, iniciou sua coleção de discos e eu ia ouvindo por tabela, Ultraje, Paralamas, Engenheiros, Camisa de Vênus, Titãs, enfim o rock brasileiro dos anos 80… Na virada pros 90, fomos crescendo, nossos cabelos também, e a música foi ficando mais pesada… Assim, o primeiro vinil que comprei, que usei um dinheirinho meu mesmo pra isso, foi o “Anarkophobia”, do Ratos de Porão, no Carrefour da Vila Maria! Como saiu pela Eldorado ele foi parar nas prateleiras de uma grande magazine, que bom pra mim!
Depois disso, ia à Galeria do Rock, quando ela era feia, suja, as escadas rolantes não funcionavam e se fugia de carecas e (ironia) punks, ou ainda na lendária Woodstock, ali na saída da Estação Anhangabau… Hoje as pessoas têm rinite e sociofobia, então recorrem à plasticidade disfarçada de praticidade das lojas online… Sad but true, diria o Metallica! Ácaro é vida, literalmente!
Kennedy Lui, guitarrista e vocalista da banda Zebra Zebra
As lojas de discos e os departamentos de cds/dvds/livros sempre foram as lojas ou seções que mais me atrairam na adolescência. Ainda hoje quando vou na Fnac, Saraiva e etc é fácil “perder” horas por lá. Atualmente não compro tantos cds como antigamente, mas ainda deixo minhas “verdinhas” quando sai um disco indispensável. Há mais ou menos um ano eu voltei a comprar LPs e agora me divirto nos Sebos.
O primeiro cd que comprei com o meu dinheiro pra ouvir no meu primeiro Micro-System foi “Raimundos – Lavô tá novo”. Na mesma semana eu e meus irmãos ganhamos: “Ramones – Acid Eaters” , e as coletâneas de dance “Top Surprise” e “Hit Parade”.
Meu primeiro LP foi uma coletânea do Jorge Ben.
Bruno Clozel, Action182
Loja de discos é aquele tipo de loja que você pode passar 10 minutos ou 1 hora que você não vai notar o tempo passar, e quando se trata de uma loja de discos independente, você tem a oportunidade de encontrar cada raridade que nunca imaginou encontrar por aí numa loja convencional.
Confesso que não sou um bom comprador de discos, mas adoro passar o tempo nas lojas olhando suas capas e vendo a diversidade delas.
Meu primeiro disco deve ter sido com uns 13 anos, que no caso eu não comprei e sim ganhei: Toxicity do System Of A Down… depois disso comecei a comprar uns albuns, mas até hoje não virou costume pelo preço elevado mesmo.
Gustavo Pelogia, Diário de Palco
As primeiras coisas boas que tive (CD) foi o primeiro da Legião e ‘the best of the beast’, do iron.
Em LP mesmo, só guardei o do simpsons! Haha
Se fosse pra comprar um disco no Record Store Day, seria o lançamento do Wilco.
Posso ficar ouvindo os solos do Nels Cline por horas!
Tércio Testa, Thenimrods.com, Lomba Raivosa
As lojas de discos (e/ou CDs) sempre estiveram presentes em minha curta existência. Lembro-me de passar dias inteiros pelas lojas da Galeria do Rock aqui em SP, onde adquiri inúmeros títulos e onde também me desfiz de vários outros.
O primeiro disco que eu me lembro de ter comprado, DE FATO, na verdade não foi somente um, mas dois! Os dois primeiros álbuns que eu comprei com a minha grana foram o “Bowling Bowling Bowling Parking Parking”, excelente bootleg do Green Day e o “Recipe For Hate” do Bad Religion. Ambos foram adquiridos na época em que eu arriscava os meus primeiros acordes na guitarra e me acompanham até hoje!
Fernanda Parisi, webdesigner do Tenho Mais Discos Que Amigos!
O primeiro vinil que tive foi um da Turma da Mônica, que sério, acho que escutei até arranhar. Meu pai comemorou o dia que ele não tocava mais porque aparentemente eu o escutava com muita frequência. E acho que se eu o visse à venda hoje comprava sem pensar. Outros que me marcaram bastante foi um do Golden Boys cantando músicas dos anos 60, o do Seu Boneco, da TV Colosso e o Jive Bunny and the Mastermixers (todo mundo falando de música séria e eu com minhas pérolas). Eles tomavam lugar de destaque no meu quarto, no meio do Lego e das Barbies (tinha o que, uns 6 anos, por aí). Sempre fui fascinada pelas artes das capas, então ir em loja de discos pra mim quando criança era tão bacana quanto ir numa loja de brinquedos. Hoje em dia, quando o Tony começou a colecionar vinis, a primeira coisa que eu fiz foi ir atrás de uma maneira de colocá-los pendurados na parede.
Hoje aqui em Florianópolis são poucas as lojas que vendem música – exclusivamente mesmo são pouquíssimas. Acho que esse mercado tem que ser mais valorizado. Também gostaria que meus filhos pudessem ficar fascinados ao entrar num lugar desses 🙂
Guilherme Guedes, colaborador Tenho Mais Discos Que Amigos!
Desde pequeno, eu vagava por cada centro comercial, cada shopping, sem rumo pelas prateleiras das lojas de música. Com o surgimento da internet, vi praticamente todos esses estabelecimentos, grandes ou pequenos, fecharem as portas. No entanto, não vejo o Record Store Day como uma porta para o passado, mas como uma celebração da música de hoje e do futuro. A internet abriu sim, novos caminhos, mas não substituiu o prazer de segurar um disco em mãos, de analisá-lo e reanalisá-lo, e de ouvir a música viva pelos alto-falantes. Como músico e amante da música, é lindo saber que, em pelo menos um dia de cada ano, todo o suor, dedicação e disciplina inseridos em cada segundo dessas canções (e das capas maravilhosas) sejam celebrados como arte, e não como meia dúzia de megabytes, ou algumas dezenas de reais. Vida longa ao Record Store Day!
Meu primeiro vinil foi a versão brasileira da trilha sonora do seriado do Batman, aquele cheio de “SOC!”, “TUM!”, “POW!”, hahaha. Ainda guardo ele até hoje, com muito carinho.
Angélica Alburquerque, colaboradora Tenho Mais Discos Que Amigos!
As lojas de discos representam muito pra mim. É onde eu mais me encontro; onde eu poderia passar uma eternidade e só sair forçada. Cada visita a alguma delas, me traz boas lembranças e momentos de muita paz, conhecimento e euforia. É inexplicável.
Ah… O primeiro disco que comprei foi o “Cheshire Cat”, do Blink 182. Aliás, acho que principalmente no Brasil, Blink 182 é uma das bandas mais presentes na vida de qualquer pré-adolescente e adolescente, que os acompanhou ou não desde o começo da carreira.
Ariane Freitas, Lovemaltine, Vitroleiros
O ambiente de uma loja de discos é transcedental. De repente, tens ao teu redor todos os teus ídolos (obviamente, todos aqueles que detestas também) e a vontade é de passar dias e dias ali, ouvindo um por um, viajando pelo tempo. Precisa mais alguma coisa? Pra mim é quase como uma biblioteca ou livraria (e veja, eu também sou bibliófila, então o negócio é sério).
Meu primeiro disco foi o homônimo do Black Sabbath, na época em que eu ainda era guria e só tinha as opções vinil e k7 em casa. Ganhei do meu pai e nem sei que rumo tomou: foi embora junto com o toca discos que tínhamos na época e julgamos não ser tão bom quanto um toca cds. Enganados, óbvio. Só depois ele trouxe a vitrola velha de volta pra casa. O disco não voltou, mas o amor pelo Sabbath ficou pra contar a história.
Paulo “Jeca” Schulz, Leitor do Tenho Mais Discos Que Amigos!
Disco é mais puro, disco é mais real, disco é mais legal! Acredito se acabar as lojas de discos, ainda assim não vai acabar esse movimento dos vinilmaníacos! Mas é de muuuita importância a loja! Tanto a loja via web, quanto a loja que tem lá no seu bairro, ou naquele endereço distante, que a gente anda tanto pra achar! E os sebos? Outra maravilha! Quem nunca achou aquele discão de suma importância para a sua vida, que só de pegar ele na mão dá arrepios? Aí você vai olhar o preço…uma bagatela!!! Aí pensa: “Quem foi o desesperado, e doente, que deixou esse tesouro aqui?” Sempre acontece!
Meu primeiro disco de vinil foi Back In Black do ACDC…eu, muleque na época, me emocionei…O último? Um split de 7 polegadas dos brasileiros do Violator com os estadunidenses do Hirax! Lindo!
O Vinil não vai morrer não…vai ter muito mais vida que o CD…pelo menos enquanto nós, amantes do formato, continuarmos com nossa cabeça dura, e repassarmos para os próximos amantes da boa música.
Cidão Oliveira, Leitor do Tenho Mais Discos Que Amigos!
Então,
Acho lojas de discos lugares legais pra encontrar música diferente do seu habitual, especialmente pra quem gosta dos álbuns como obras completas, não só as músicas nele, mas as informações do encarte, o material gráfico e tudo mais que vem nas caixinhas.
Ontem mesmo estive em uma e tive gratas surpresas como boxes e mais boxes de tango, discos do era e do Information Society. O bom das lojas de disco é que as coisas estão na sua frente, mesmo as que dificilmente você
baixaria, então você pode se surpreender sempre.
O primeiro disco que eu comprei, se me lembro bem, foi o Debut do Gorillaz, o primeiro que tive foi o do Mamonas assassinas, mas foi um presente.
Lucas Silva, Leitor do Tenho Mais Discos Que Amigos!
Assim como é uma criança em uma loja de brinquedos, sou eu em uma loja de discos. Sempre tive aquela coisa de ficar indo na loja da minha cidade todas as semanas, só pra ver quais os novos discos de rock e outros estilos que eu gosto haviam chegado, e então ver toda aquela prateleira de discos novos esperando para serem ouvidos e aproveitados até o fim.
A minha vida mudou depois que fiquei mais ligado em relação a música, principalmente ouvindo bandas punks politizadas como Green Day, Bad Religion, NOFX, Offspring, graças aos meus amados discos. O primeiro disco que comprei foi American Idiot do Green Day, eu já havia ouvido o Dookie, porque a minha irmã o tem, mas American Idiot foi o álbum que fez com a minha vida mudasse, fez que eu me interessasse por política, por tocar um instrumento, escrever minhas próprias músicas, não ligar para o que os outros dizem, todas essas coisas. Sem este disco eu não seria quem eu sou.