Lançamentos

Cobertura do festival A Grande Roubada

Confira tudo o que rolou durante o festival <b>A Grande Roubada</b>, que no especial de um ano de evento, trouxe para o Rio de Janeiro <b>Mukeka di Rato</b>, <b>Los Muertos Vivientes<b>, <b>Plastic Fire</b>, <b>Cabrones Sarnentos</b>, <b>Os Pedrero</b>, <b>Gangrena Gasosa</b>, <b>Cara de Porco</b>, <b>Zumbis do Espaço</b> e <b>Matanza</b>, além de outras atrações.

A Grande Roubada: Especial Um Ano

O festival A Grande Roubada já é famoso não só no Estado do evento em que ocorre (Rio de Janeiro), mas em boa parte da cena underground brasileira por conta dos lineups indescritíveis das suas edições, conforme você leu aqui na matéria que fizemos sobre o evento.

Pois bem, o festival completa um ano de existência neste mês e o Tenho Mais Discos Que Amigos! esteve presente na festança que aconteceu nesse último final de semana e que levou dois dias de bebemoração.

Dia 25/06 @ Teatro Odisséia

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A grande fila que tomava conta da esquina do Teatro Odisséia (Lapa) na noite do dia 25 de junho, já mostrava que o evento seria mais um de sucesso na bagagem de Raoni M., Vinícius F. e Pedro Punk (idealizadores do projeto). Lá dentro, várias pessoas também estavam espalhadas pelos três andares do local.

No primeiro andar rolava na pista “Everything Burns” da ótima banda carioca Stripclub e já no tradicional telão, o show que o Ratos de Porão realizou na edição especial de carnaval do evento. No segundo andar estava o stand da revista Prego e mais alguns zines. Já o terceiro piso podia ser chamado de “andar dos DJ’s”, uma vez que lá iriam tocar os DJ’s das festas Riobilly, College Rock Party e Fiend Club. Também no terceiro andar estava a nossa nova parceira e também sempre presente nos eventos da A Grande Roubada sorteando piercings e tattoos, a Art Factory Studio, um dos estúdios de tattoo/body piercing no Rio de Janeiro que mais vem chamando atenção na área, por conta dos seus lindos trabalhos. E você aí que está pensando em ser rabiscado ou colocar uma jóia pimposa pelo seu corpo, fique ligado pois em breve teremos uma linda novidade. Posso adiantar que ela não terá prazo de vencimento.


Quem abriu a noite dos shows, foi a carioca Plastic Fire, banda que existe há quatro anos, tem um CD de estúdio lançado (“Existência Parcial”, de 2008) e está terminando a produção do próximo com nada mais nada menos do que o influente e um dos ícones do hardcore brasileiro, Gabriel Zander (ex Noção de Nada, ex Deluxe Trio, atual Zander); Bil para os íntimos. Por falar em novo CD, a primeira música da setlist [que foi composta por outras dez] foi a novíssima “Esgrima”, que logo nos primeiros acordes, levou à formação da famosa roda de pogo, embalada pelo, digamos, “bom e velho hardcore”, que temos visto por poucas vezes na cena atual. Tanto que a comparação com o Dead Fish na sua melhor época – seja liricamente ou melodicamente falando – é inevitável. Dando sequência, a objetiva “Contra o Tempo” era apresentada, seguida das reflexivas “Há o Amanhã?”, “Responsabilidade” e “Entre os Degraus”. Além dessas, rolaram também as antigas “No Ar”, “Negativo” (podemos destacá-la já que o simples refrão era cantado em coro) e as novas “Crer e Observar”, “O Preço de Ser Impessoal” e “Eu, Ariete e a Muralha”, escolhida para finalizar o show. Além de mesclar o novo com o velho, o Plastic Fire também tocou “Bem Estar II”, um cover da saudosa Noção de Nada. Garanto que o coração de alguns bateu mais forte, já que o famoso DVD nunca lançado e sem previsão de lançamento do Noção, foi gravado lá mesmo no Teatro Odisséia, no já distante ano de 2007.


Fazendo o estilo “Arraiá do Inferno”, os debochados do Cara de Porco – há dez anos na estrada – foram os segundos a se apresentar. Os primeiros rebolados traumatizantes já apareceram logo na entrada do vocalista Marcelo, que vestido de “Saci Jackson” (em homenagem a Michael Jackson), tentava de forma frustada fazer os famosos passos do big Mike ao som da intro de “Smooth Criminal”. No repertório, as “nem tão autorais assim” (como a que leva um pout-pourri de “Alô, Alô Terezinha” do Chacrinha) e as “não autorais at all” (como a versão rock’n’roll de “Farofafa”) animaram o público e tornaram este o show mais divertido da noite, por conta das tamanhas bizarrices apresentadas. Em “Eu Atirei Pedra Na Cruz”, um Jesus Cristo com um crucifixo entrou no meio da roda de pogo. Já em “Eu Quero Tocar Iron Maiden”, Chico, o “Eddie” da banda, subiu no palco e ficou dançando com os integrantes. E se pensávamos que as sátiras e provocações religiosas haviam cessado, estávamos muito enganados. Antes de tocaram “O Padre Faz Meinha”, a banda comentou que “são dez anos tocando essa música e hoje ela é mais atual do que nunca”. A banda saiu deixando um gosto de quero mais para alguns – a maioria que ainda puxou o coro da música tema do saudoso Pedro de Lara – mas também uma sensação de “ainda bem que acabou” para outros.


Infelizmente o show do ótimo Cabrones Sarnentos – banda carioca que mistura punkabilly com surf music, rock’n’roll e punk rock – pareceu não animar muito o público. Mas isso não acanhou os instrumentistas da banda tampouco o vocalista Juanito, que conforme ele mesmo repetiu por diversas vezes, estava “fritando” no palco com sua performance pra lá de expressiva.
Além das suas maravilhosas composições cheias de riffs, o bando Cabrones Sarnentos também tocou “O Dotadão Deve Morrer”, dos Cascavelletes.


Para aqueles que apreciam a carne feminina e como não poderia faltar nessa edição d’A Grande Roubada, a pin-up, dançarina burlesca e também Suicide Girl, Sweetie Bird, fez a sua esperada performance e aglomerou o público para perto do palco, que já se preparava para receber os capixabas do Mukeka di Rato, principal atração da noite.


Sem blá blá blá, Sandro, Mozine, Brek e Paulista já desceram a porrada após um “buenas noches” e só tornaram a falar com o público depois de várias músicas tocadas. Antes de “Burzum Marley”, Sandro chegou a dizer que a banda esperava atender a expectativa de todos. O público, que já estava extasiado só em presenciar mais um dos shows inesquecíveis do Mukeka di Rato, voltou para casa mais do que satisfeito por ter escutado “Auxílio Paletó”, música mais esperada do show. No final, antes de deixar o Teatro Odisséia, um fã rasgou-se de elogios para o sapequinha Mozine, que chegou a comentar depois algo como “essa calorosidade humana é linda”.


Conforme infelizmente sempre acontece com as bandas que tocam por último; depois da principal atração de algum evento, o show dos também capixabas Los Muertos Vivientes teve pouco público. Acho que por conta disso a banda não fez uma das suas melhores performances, com exceção do vocal Junim Blue Panther, que não parava um minuto sequer no palco. Mesmo assim, azar daqueles que perderam. Os mascarados ao estilo “Nacho Libre” realmente sabem fazer um som divertido e usar suas influências do psychobilly, rockabilly e surf music, sendo quiçá a banda do gênero  “mais porrada do país”, como os próprios organizadores da A Grande Roubada descreveram no twitter.

Dia 26/06 @ Circo Voador

Para minha grande tristeza e angústia, o show de abertura teve que começar mais cedo por conta de uma política do Circo Voador e acabei pegando o já adeus da Gangrena Gasosa, aclamada pelos fãs que gritavam o nome da banda.

Enquanto o segundo show não começava, o foco do divertimento foi o touro mecânico, que levou os menos tímidos e os “já no brilho” da tequila e afins serem o centro das atenções por alguns segundos.

A primeira tentativa de mosh no show do Zumbis do Espaço já aconteceu na metade de abertura, “Dia Dos Mortos”. Depois de tocar “O Mal Que Está Em Seu Sangue”, o vocalista Tor conversou com o público e anunciou a próxima que iria ser tocada: “É uma honra estar tocando para vocês. Espero que se divirtam tanto quanto a gente. A próxima se chama ‘Drink do Demônio’“. Durante essa, a primeira aparição do grande Mágico Janjão (presente também em outras edições do evento) já pôde ser notada, dando um susto naqueles que estavam prestando atenção ao show.
Como de costume, Tor disse antes de “Mato Por Prazer” que ela é a primeira música que a banda escreveu. Na sequência veio a nova “Sua Última Oração” e as clássicas “Casa Dos Horrores” e “Caminhando E Matando”, que fizeram com que a roda de pogo ficasse ainda mais intensa. E então, antes de madar “O Chamado da Estrada”, Tor novamente conversou com o público: “É bom saber que a gente pode tocar músicas tão velhas quanto a banda“. As últimas músicas tocadas foram as mais que clássicas “A Marca dos Três Noves Invertidos”, “Espancar e Matar” (o ápice da roda de pogo, embalada pelo som do bumbo) e “Satan Chegou”. Com certeza mais um show inesquecível do Zumbis do Espaço no Rio de Janeiro, que também fez com que a banda quisesse curtir um pouco mais aquela noite no Circo Voador.


Durante o intervalo, a dançarina burlesca Sweetie Bird fazia mais uma de suas performances no palco, enquanto na área externa da lona do Circo Voador o Mágico Janjão (na profissão há cerca de vinte e cinco anos) recebia atenção de vários grupos que ficavam aglomerados para ver de perto os seus truques mais insanos.



Matanza no Circo Voador é sempre um clássico e obviamente mais essa participação pela A Grande Roubada não poderia ser diferente. A banda abriu o show com “Santa Madre Cassino” e mandou outras sete músicas na sequência: “Meio Psicopata”, “Interceptor V-6”, “Mesa de Saloon”, “Maldito Hippie Sujo” (com direito a coreografia de Jimmy e do baixista China durante o solo de guitarra), “Pandemonium”, “Tempo Ruim” (para acalmar um pouco os nervos) e “Todo Ódio Da Vingança De Jack Buffalo Head”. Só antes de “Eu Não Gosto de Ninguém” que Jimmy começou com as famosas conversas com os integrantes da banda, desta vez, com o guitarrista Maurício: “Não adianta, Maurício, eu ficar fazendo essa fama de mau. Só me resta dizer uma coisa, se eles me acham sinistro mesmo. Só resta dizer que ‘Eu Não Gosto De Ninguém’!
Jimmy também contou que o Matanza estava de bom humor naquele dia, por conta de compartilhar o palco com vários parceiros de longa data e perguntou se o público achava “good vibe” se eles tocassem uma “musiquinha nova muito bonitinha”, intitulada “Odiosa Natureza Humana”.
“Voltando a programação normal” (como Jimmy havia dito), a banda tocou “Clube Dos Canalhas” (Jimmy aproveitou para zombar do Mozine – que tocou com Os Pedrero no dia – pedindo para o público lançar tudo em cima dele) e “Imbecil”. Antes de “O Chamado do Bar”, Jimmy recomendou que quem não soubesse brincar, não descesse para o play, já que a roda de pogo nessa hora iria se expandir.
Em “Ressaca Sem Fim”, a banda convidou o Nihil, do Enterro, para ajudar nos vocais. Na sequência, “Remédios Demais” (outra música nova que estará no próximo CD do Matanza, com previsão de lançamento para o final do ano) foi apresentada e um cover de Johnny Cash também, com Jimmy declarando que gostava muito de Rivotril, mas que achava o Johnny “mais maneiro”.
Chegava a vez então da famosa “Pé Na Porta, Soco Na Cara” que depois deu vez para “Quando Bebe Desse Jeito”. A banda então deu uma pausa antes de “Bebe, Arrota e Peida” para Jimmy dançar polka, voltou a tocar em “Bom É Quando Faz Mal” e foi guiada a tocar “A Arte Do Insulto”, já que o público foi quem puxou a música. As últimas músicas da setlist foram “As Melhores Putas Do Alabama”, “Ela Roubou Meu Caminhão”, “Whisky Para Um Condenado” e a já previsível “Estamos Todos Bêbados” foi a responsável pela finalização do show.


Os Pedrero fecharam a noite e assim como Los Muertos Vivientes na madrugada anterior, se apresentaram para um público menor. O show foi rápido e o fato de nenhuma música do novo CD “Sou Feio Mas Tenho Banda” ter sido tocada, frustrou alguns. Mesmo assim, ninguém deixou de dançar e nostalgiar com músicas como “Jhenny Paula” (que abriu a apresentação), “Eu Odeio Trabalho”, “Se Fudi”, “Shirley Maclaine”, “Eu Nunca Vou Parar de Beber” (que pode ser apontada como o destaque do show), “Estilo Selvagem Rock N Roll”, “Cavera Y Macaco” e “Heavy Metal Night!” (última música apresentada).


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