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Entrevista com Beto Cupertino, Vocalista da Violins
Há anos atrás, quando ainda escrevia resenhas de álbuns para jornais locais, me deparei com um lançamento de um álbum pelo selo Monstro Discos que inicialmente me chamou a atenção pela arte da Capa e pelo nome do álbum, “Aurora Prisma”. Corri para ouvir o single que se chamava “Auto-Paparazzi” e logo de cara adorei aquela sonoridade indie que há tanto procurava numa banda nacional e não encontrava.
Depois de todo esse tempo eu tive o prazer de entrevistar Beto Cupertino, Guitarrista, Vocalista e principal compositor das músicas da banda. Leia a entrevista e saiba mais sobre essa ótima banda proveniente de Goiânia.
TMDQA 1 – A banda Violins iniciou sua carreira com outro nome e cantando em inglês. Conte-nos um pouco sobre o princípio da Violins and Old Books e também fale dos motivos de ter, depois do lançamento do primeiro EP (“Wake Up and Dream), optado pelo português e pelo encurtamento do nome para apenas o que é usado hoje.
Beto Cupertino – A banda começou no início de 2001, com composições em inglês que remetiam diretamente às influências que tínhamos à época. Como nós não nos conhecíamos antes da banda, era um modo de termos um ponto de apoio em comum, algo que fosse acordo entre todos, principalmente no que se referia às bandas que nós gostávamos. Posteriormente, com a banda já se sentindo mais à vontade com o fato de ser uma banda, cada um já mais confortável com o outro, decidimos passar a compor em português, criar uma cara mais nossa, para melhor interação com o público através de letras que fossem compreendidas, etc. Como já tínhamos tocado em alguns festivais importantes como Violins and Old Books e todos já nos chamavam apenas por Violins, decidimos adotar esse encurtamento para ficar menos estranho, pois letras em português com um nome extenso em inglês parecia meio complicado.
TMDQA 2 – Você falou que os músicos que formavam a Violins And Old Books não se conheciam antes. Como vocês então conseguiram montar a banda? Quais eram suas influências da época que foram usadas pra compor o primeiro EP “Wake Up And Dream”?
BC – Nós nos conhecemos durante uma viagem de estudantes da PUC-GO para um Congresso do CNPq. Éramos todos pesquisadores e nos conhecemos no ônibus. Foi aí que começamos a conversar sobre música e a notar que tínhamos afinidades, como Pink Floyd, Radiohead, Grunge, e também tocávamos instrumentos diferentes, daí a idéia de formar a banda.
TMDQA 3 – Que interessante! Quer dizer que todos vocês eram pesquisadores da mesma área? Que área de estudo era?
BC – Na verdade, éramos de áreas diferentes, mas da mesma universidade. Eu era da Filosofia e o Pierre e o Timóteo da Psicologia. Aí entrou na banda também o irmão da Pierre, o Léo Alcanfôr, que não estava nessa viagem e fez parte da banda até o disco “Grandes Infiéis”.
TMDQA 4 – Pois é, uma questão que eu gostaria de perguntar: porquê o Léo saiu da banda? Lembro-me de ter lido em algum lugar que ele era um cara muito ligado ao metal e vocês até chegaram a achar que ele não entraria no contexto musical da banda antes de tocar com ele…
BC – O Léo sempre foi um cara muito importante para a banda, suas guitarras foram muito relevantes nos discos que ele participou. Ao final do ciclo do “Grandes Infiéis”, ele se mudou para Londres, passou uma breve temporada lá, e quando voltou estava disposto a tentar novos caminhos na música. Ele hoje toca numa banda chamada Mugo, rock pesado e muito bem feito que compensa conhecer no www.myspace.com/mugobr .
TMDQA 5 – Falando um pouco sobre seu trabalho junto ao Selo Monstro Discos: como se deu o início do trabalho entre vocês? Vemos que eles tem um nome grande aí em Goiânia com bandas em seu cast de alta qualidade como MQN, Black Drawing Chalks e a própria Violins. Vocês já receberam alguma proposta de ir para outro selo?
BC – Começamos uma parceria bem no início da banda. Na época, arrumamos um jeito de levar o Fabrício Nobre (produtor do selo) a um ensaio. Não conhecíamos ninguém da Monstro, nem mesmo o Fabrício. Ele se dispôs a ir no ensaio, achou que seria interessante a banda entrar no selo, e desde então começou essa parceria do Violins com a Monstro, que lançou todos nossos discos. Já tivemos propostas de lançar disco por outro selo, mas nunca valeu a pena deixar de fazer parte da Monstro.
TMDQA 6 – Falando um pouco sobre a discografia da Violins: vocês já possuem 5 álbuns completos e 1 Ep. Todos possuem encarte e arte gráfica bem conceitual e bem trabalhadas. Vocês já pensaram em algum momento em lançar esse material em Vinil?
BC – Sinceramente nunca nos passou pela cabeça lançar algo em vinil. Pra falar a verdade, já chegamos a cogitar se vale a pena lançar cd hoje em dia, se não é melhor focar apenas na questão virtual, mas acabamos por decidir, com o aval da Monstro, que ainda dá pra lançar cd físico.
TMDQA 7 – E como são as vendagens da Violins? Sei que o “Aurora-Prisma” de 2003 está esgotado. Há planos de relançar esse álbum?
BC – Vender disco hoje em dia está cada vez mais difícil. As vendas são modestas, apesar de serem boas, se considerarmos o universo de bandas independentes. Elas se dão através do site do selo e nos nossos shows. Ainda há pessoas que compram discos, mas o número de pessoas que compram discos é cada vez menor. Sobre o “Aurora Prisma”, não há planos para relançamento, porque é um custo alto e certamente não haveria retorno.
TMDQA 8 – O que você acha das pessoas que adoram a Violins, baixam todos os álbuns na internet mas nunca compram nada da banda?
BC – Eu parto do seguinte pressuposto: eu mesmo não compro um disco há muito tempo. Não posso exigir de alguém então que compre disco da minha banda. Só posso agradecer que há pessoas que se interessem e baixem as músicas para ouvir. Isso já é fantástico. O fato de uma pessoa não comprar algo da banda não me desaponta de forma alguma, até porque nós mesmos oferecemos o disco gratuitamente pelo nosso site oficial.
TMDQA 9 – Penso de uma forma parecida. O álbum da minha banda (Endorama) também está disponível pra download gratuito, mas eu sou um dos que ainda compra a mídia física, sendo Vinil ou CD. Eu mesmo adoraria ter a discografia da Violins em Vinil. Mas, partindo da sua idéia, não seria então interessante colocar para download todos os álbuns da Violins no próprio site? Isso de alguma forma afetaria a sua ligação com a Monstro?
BC – Os discos não ficam todos à disposição porque tentamos manter um equilíbrio entre a disponibilização gratuita e o relacionamento com o selo, que é o lado comercial da venda do disco. Por isso tentamos manter essa balança, disponibilizando as músicas em boa qualidade por um período de tempo, o que atende aquelas pessoas que acompanham mais de perto a banda, e depois deixando o selo com a exclusividade da venda do disco. Acho que esse meio termo é o ideal, se você faz parte de um selo.
TMDQA 10 – Sobre as composições, todas possuem peculiaridades, por exemplo, a mudança de andamento, muito comum no Rock Progressivo mas não no Indie ou mesmo no Pop. Vejo que as mudanças de andamento também aparecem no seu trabalho solo, o Perito Moreno. Isso é uma característica sua como compositor, ou foi algo que a banda incorporou às suas canções?
BC – É uma característica minha como compositor. Acaba saindo naturalmente quando estou compondo, depois quando vamos montar os metrônomos é que percebemos que há mudanças e uma necessidade trabalhosa de programar os tempos para gravação. Mas acaba valendo a pena!
TMDQA 11 – Sobre suas letras, de onde você recebe influências pra escrever? Gosto de dizer que a parte lírica é um dos pontos fortes da Violins. Você só escreve letras de músicas ou tem mais algum trabalho como autor?
BC – Influência para escrever normalmente é algo muito subjetivo. Vem de diversas fontes, de muitas experiências diferentes, então é complicado apontar uma influência. Desde um programa de tv a uma situação específica de vida podem ser motivos para escrever algo. Eu tenho escrito algumas coisas no campo da literatura mas ainda não estão lançadas, pretendo fazer isso em breve.
TMDQA 12 – O álbum “A Redenção dos Corpos” de 2008 é um álbum nitidamente conceitual. Por favor, fale um pouco sobre esse conceito (se é que ele deva realmente ser encarado dessa forma). Você conhece algum outro trabalho nacional que também seja conceitual?
BC – Que me venha à cabeça assim imediatamente não vejo outra banda que faça isso, mas não que seja algo muito especial também. É questão de método de trabalho. O “Redenção dos Corpos” era um disco sobre religiosidade, busca por espiritualidade e reflexão sobre o bem e o mal. As músicas abordam isso de diversas formas, seja liricamente, seja em termos sonoros.
TMDQA 13 – O projeto Perito Moreno terá continuidade? Porque esse nome?
BC – Ainda não tenho nenhum material para esse projeto no momento. Estou concentrado em coisas para a banda atualmente. O nome vem de uma geleira gigantesca da Patagônia que leva esse nome.
TMDQA 14 – E as novidades sobre a Violins, já estão compondo algo novo? Como vão os shows?
BC – Sim, estamos compondo algo novo para fazer um show especial acústico em Natal e depois lançar um disco com essas músicas. Os shows estão acontecendo esporadicamente à medida da nossa disponibilidade. Temos shows marcados para o nordeste e também para o sul até o fim do ano.
TMDQA 15 – Fique a vontade para dizer o que quiser. Esse é um espaço livre!
BC – Aproveito então para agradecer pelo espaço!
Formação:
Beto Cupertino – Voz, Guitarra e Violão
Thiago Ricco – Baixo
Pierre Alcanfôr – Bateria
Pedro Saddi – Teclados
Myspace: http://www.myspace.com/violinsbr
Site Oficial: http://www.violins.com.br/
Discografia:
“Wake Up And Dream EP” – 2001
“Aurora Prisma” – 2003
“Grandes Infiéis” – 2005
“Tribunal Surdo” – 2007
“A Redenção dos Corpos” – 2008
“Greve das Navalhas” – 2010