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Projeto Rock Na Garagem (Sesc Santos)

No último final de semana, o Sesc Santos apresentou o Projeto Rock Na Garagem, com shows de algumas bandas e músicos que fazem parte da cena Rock underground do Brasil. Tive a sorte de acompanhar quatro shows deste festival:<b>Volpones</b>, <b>Forgotten Boys</b>, <b>Nasi</b> e <b>Dado Villa-Lobos</b>; além de um bate-papo com Dado Villa-Lobos, <b>Kid Vinil</b> e Nasi e conto aqui como foi.

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No último final de semana, o Sesc Santos apresentou o Projeto Rock Na Garagem, com shows de algumas bandas e músicos que fazem parte da cena Rock underground do Brasil.

Tive a sorte de acompanhar quatro shows deste festival, e um bate-papo com Dado Villa-Lobos, Kid Vinil e Nasi e conto para vocês como foi.

Volpones

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Para começar o final de semana de rock, abrindo a sexta-feira 13, o Volpones fez uma apresentação mostrando suas influências de Rock Britânico com Jovem Guarda e o Rock Nacional dos anos 80. A banda santista fez um set list que misturava músicas próprias e algumas covers bem interessantes.

Abrindo a apresentação com “Eu Sou Assim!” seguida de “Fridge”. A primeira versão que a banda fez foi “Um Lugar do Caralho” do Júpiter Maçã, inspirando o público a se soltar mais. Em “Susie Grude”, o quarteto mostrou o talento na composição, lembrando bastante Jovem Guarda, assim como “Cara De Barbie”, com o final tendo uma levada de blues.

A banda surpreendeu tocando “Você Não Sabe o Que Perdeu” do Cachorro Grande e “Revolution” dos Beatles, depois voltando para algumas músicas próprias, as excelentes “5 Minutos” e “Língua Nos Dentes”, cantada pelos fãs e amigos da banda que compareceram para prestigiar o show.

A parte mais legal do show foram as versões de Roberto Carlos, principalmente quando eles tocaram “Emoções”, que o vocal Cinho, encarnou o Rei e distribuiu rosas para as mulheres que estavam na plateia. A banda fez um bis tocando a clássica “Gimme Shelter” do Rolling Stones.

Volpones é uma banda que vale a pena ir atrás e conhecer este rock mais cru e com letras com boas sacadas.

Forgotten Boys

Para fechar a noite, o Forgotten Boys subiu ao pouco. Por motivos de saúde, o baterista Flávio Cavichioli não pode se apresentar, sendo substituído por Felipe Maia, que toca com o Júpiter Maçã e o Edgard Scandurra.

A banda iniciou o show com “Hold On” do disco “Louva-a-Deus”, que serviu de base para o set list da noite. Há mais de um ano, a banda conta com um tecladista, e isso deixou a banda mais a vontade para criar novas versões para antigas músicas e pequenas jams no meio delas, foi assim com “Cumm On” e “So So”.

Do mais recente disco, o Forgotten Boys tocou “Me Entregar” e “News From God”, sem dúvida a música da banda que chega mais próximo de qualquer coisa do Rolling Stones. Em seguida apresentaram uma versão mais rápida e mais pesada para “Draw The Line”, lançada recentemente pela banda.

Esta foi a primeira vez que vi o show da banda com o guitarrista Dionisio Dazul, mas que parece estar na banda há décadas, tamanha sintonia com Gustavo Riveira. Uma coisa surpreendente foi que Felipe Maia, pegou as 13 músicas do show em apenas um ensaio, mas conseguiu executá-las muito bem, sendo regido pelo baixista Zé Mazzei. Maia errou apenas na introdução da música “Quinta-Feira”, mas isso se tornou apenas um detalhe.

As grandes jams do show foram durante as músicas “Leaving” e “Get Load”, onde a banda se soltou entre os solos de guitarra, e Paulo Kishinomoto mostrou bastante criatividade nos teclados. O Forgotten Boys também encerrou o show fazendo cover de Rolling Stones, tocando “Jumpin’ Jack Flash”. E assim como nos discos, o Forgotten Boys mostrou no show que continuam evoluindo e surpreendendo os fãs.


Nasi

Sábado, dia 14, os palcos mudaram. E o local escolhido para as apresentações passou a ser o Teatro do Sesc Santos, a estrela da noite foi Nasi, ex-vocalista do Ira!, agora em carreira solo e divulgando o disco “Vivo Em Cena”.

O show pode se dizer que foi divido em “duas partes”, com Nasi ainda comportado e outra mais entregue ao Rock’n’roll, Blues entre outras de suas influências. Iniciando o show com as músicas “Ogun” e “Eu Só Poderia Crer”, o cantor foi apresentando as músicas do seu disco e de coletâneas que ele participou, por exemplo, “Garota de Guarulhos”, versão de uma música de Tom Waits, uma outra versão para “Rockixe” do Raul Seixas e “O Tempo Não Para” de Cazuza.

Nasi parecia incansável, interpretava as suas letras de várias formas, e estava bem empolgado. Em desses momentos de êxtase, ao girar o microfone, infelizmente, o mesmo saiu voando em cima da platéia. Segundo ele, foi a segunda vez em quase 30 anos de carreira que aconteceu, e pediu desculpas.

Mesmo com todas as brigas depois de sua saída do Ira!, Nasi não deixou de cantar algumas músicas do repertorio de sua ex-banda. Rolou “Por Amor”, “Tarde Vazia”, e quando foi cantar “Eu Quero Sempre Mais”, ele chamou o público para levantar das cadeiras do teatro e ficar perto do palco, logo depois emendando em “Núcleo Base”, encerrando a “primeira parte” da apresentação.

Para o longo bis, Nasi esqueceu o set list, pediu para o baixista Johnny Boy (que já tocou ao lado de Raul Seixas e Marcelo Nova) assumir o teclado e tocou “Girasol”, e quando a banda inteira voltou começou uma longa jam de Blues com “Blues do Assobio” seguido de várias improvisações. Tocou algumas músicas do Raul Seixas, como “Metamorfose Ambulante” e “Mosca na Sopa”.

Era perceptível ver como Nasi estava empolgado, quando em uma das músicas, mais uma vez o seu microfone saiu voando. Depois iniciou um papo sobre futebol com público, e voltou ao show, encerrando com “I Feel Good” do James Brown, fazendo uma grande festa no Teatro do Sesc. Com este show, Nasi mostrou muito bem como é que se faz Rock’n’roll e Blues, e quase 30 anos de carreira traz ótimas experiências.


Bate-papo: O Rock Brasileiro, Ontem e Hoje.

Na tarde de domingo, aconteceu um bate-papo com Nasi, Kid Vinil e Dado Villa-Lobos, no Teatro do Sesc, e os convidados contaram algumas histórias de suas carreiras, comentaram um pouco sobre o inicio da Cena Punk em São Paulo nos anos 80, sobre o acesso das bandas ao mainstream.

O público podia fazer perguntas, e “debater” suas idéias com os convidados, o que chegou em certos temas: A rivalidade entre as bandas do Rio e de São Paulo,  a questão da mídia digital, a volta do vinil como item de colecionador, como os críticos influenciam na reputação das bandas.

Mas o tema mais interessante, foi ouvir a opinião sobre o Happy Rock. “Você vê esses moleques do Cine se vestindo todos coloridos. Os Titãs faziam isso nos anos 80, mas faziam música de verdade.”, está frase do Kid Vinil resumiu bem as opiniões dos convidados.


Dado Villa-Lobos

Ainda no domingo, mas a noite, para encerrar o Projeto Rock Na Garagem, Dado Villa-Lobos se apresentou também no Teatro. O eterno guitarrista da Legião Urbana, fez um show bem surpreendente, misturando coisas do seu trabalho solo, “Jardim de Cactus” e, claro, alguns sucessos da banda de Brasília. Infelizmente, não foi possível fazer fotos mais de perto, porque era proibido fotografar durante a apresentação.

Dado abriu o show com “Seres Estranhos” seguidas de algumas músicas do guitarrista, como “Diamante”, e “Tudo que Vai” que ficou conhecida com o Capital Inicial. A partir desta música, o músico começou a ficar mais a vontade no palco, e o público começou a ficar mais a vontade para cantar as músicas, principalmente, quando apenas Dado e sua guitarra tocando “Geração Coca-Cola”, e depois com a banda, tocaram “Eu Sei”.

Dado deixou o guitarrista Renato Ribeiro cantar “Por Enquanto” e depois voltou para cantar “O Homem Que Calculava” que entrará no próximo disco. Em “Soldados”, o guitarrista deu oportunidade para o publico cantar mais uma vez, e continuou a apresentar músicas do seu trabalho, entre elas “Dentro de Ti” e “Quase Nada”.

Daí para frente, foram apenas músicas da Legião Urbana. O lado B “Dado Viciado”, a clássica “Teatro dos Vampiros”, “Ainda é cedo” com “Love Tear Us Apart” do Joy Division e “Gimme Shelter” do Rolling Stones no meio. E para encerrar, “Que País é Este?” com a platéia respondendo a pergunta “É a porra do Brasil”.

No Bis, quem esteve no Teatro do Sesc pode cantar “Conexão Amazônica” e uma versão bem diferente de “Baader-Meinhof Blues”. Bem a vontade, Dado deixou a guitarra de lado e pegou o microfone para cantar “Índios” e com boa parte da platéia cantando junto e aplaudindo de pé, a apresentação termina.

Muitas pessoas que foram a apresentação não esperavam ouvir as várias versões de Legião Urbana. Bom para os fãs antigos, que tiveram oportunidade de ver Dado cantando as músicas que Renato Russo cantava, bom também para quem não teve a oportunidade de ver o Renato quando estava vivo, mas puderam relembrar as músicas da banda.


Espero que tenham gostado da minha primeira resenha de show para o Tenho Mais Discos Que Amigos.

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