Chegou!
Ao contrário da última edição, onde todos os discos eram coloridos e diferentes, hoje trazemos 3 discões pretos, de 3 grandes nomes em 3 fases diferentes da música independente: metade dos anos 90, final dos anos 90 e metade dos anos 2000 pra cá.
Aperte o play no vídeo, confira o som da banda e veja todas as fotos!
Jawbreaker
O Jawbreaker foi sem dúvida nenhuma uma das bandas alternativas mais influentes de todos os tempos.
Com apenas 4 discos na carreira, o trio conseguiu a idolatria de uns 90% das bandas de punk rock, emo e indie que começaram no final dos anos 90 e também de figurões como Kurt Cobain, Sparta e Fall Out Boy.
O quarto e último disco do Jawbreaker é o tema dessa matéria. Chamado “Dear You”, ele foi lançado originalmente em 1995 e é cercado de fatos e símbolos emblemáticos.
A banda havia lançado “24 Hour Revenge Therapy” em 1994, e era gigante no meio universitário e underground dos Estados Unidos, quando ainda sem a facilidade da Internet quem ditava a moda eram as College Radios, onde o Jawbreaker tinha lugar cativo.
Percebendo todo o barulho em volta da banda, a major label DGC Records fez uma proposta ao trio, e segundo ficamos sabendo anos depois através de Blake Schwarzenbach, vocalista, guitarrista e gênio com as palavras, a banda precisava de algo novo pois estava à beira do fim, e resolveu aceitar o contrato.
O resultado: um disco extremamente bem produzido, bem executado, bem arranjado e genial, que apesar de ter nascido como remédio contra o fim da banda, marcou justamente o início deste.
Só pra se ter uma ideia de como a gravadora apostava na banda, a dupla contratada para produzir e mixar o disco foi ninguém menos que Rob Cavallo e Jerry Finn, que em 1994 havia sido responsável simplesmente por um dos maiores discos de todos os tempos, o “Dookie”, do Green Day.
Infelizmente à época de seu lançamento, aconteceu o que toda banda que pula do independente pro mainstream mais teme: os fãs fiéis do underground odiaram o disco, já que seus antecessores eram bem mais sujos e barulhentos, e o mercado das major labels não entendeu o álbum, fazendo com que a banda se desmotivasse e terminasse em 1996.
Em 2003, o baterista da banda Adam Pfahler relançou “Dear You” através de sua própria gravadora BlackBall Records, para fazer com que o disco não ficasse no ostracismo, já que a DGC não teria interesse algum em continuar o fabricando, e obviamente com o status cult que a banda alcançou anos após seu fim, ele ainda é economicamente viável e muito procurado.
Essa nova versão foi lançada em LP duplo com 5 faixas bônus, presentes até então na coletânea “Etc”, lançada um ano antes pela própria BlackBall.
Entre essas faixas bônus estão a clássica “Boxcar” e a cover de “Into You Like A Train” do Psychedelic Furs.
Essa edição do disco é linda, em caixa gatefold e 2 discões de alta qualidade.
São 2 encartes com fotos da banda, créditos e uma foto extremamente simpática do baixista da banda Chris Bauermeister quando ele era menor.
A cereja no topo do bolo, porém, é a própria caixa onde estão as letras das músicas.
Cada letra é acompanhada de uma imagem que tem a ver com ela, e algumas se destacam, como a menininha em “Accident Prone”, uma carta da Associação Histórica da Baía das Ostras, pedindo se a banda poderia contribuir com o arquivo dos caras compartilhando sobre o que se trata a faixa “Oyster” (Ostra, em Inglês), e claro, a foto de Kurt Cobain usando uma camiseta do Jawbreaker ao lado da faixa “Shirt”.
Eu confesso que demorei até entender o Jawbreaker, mas hoje considero esse disco e sua reedição em LP duplo uma verdadeira obra de arte.
Se você quer entender de onde veio o som de muitas bandas de pop-punk/emo/indie do final dos anos 90, pode começar por aqui, e encontrar centenas de referências. Não à toa a Wikipedia tem uma entrada só com as influências que o trio deixou.
Recomendadíssimo!
Clique nas fotos para ampliá-las.
The Gaslight Anthem
“Señor And The Queen” é o EP do Gaslight Anthem que antecedeu o álbum que mudou a vida da banda e do rock atual, o excelente “The ’59 Sound”.
Se você nunca ouviu esse disco, corre atrás, pois sem dúvida alguma é dos melhores discos de rock lançados nos últimos anos.
Esse EP foi lançado pela Sabot Records em 2 versões, um disco de 10 polegadas ou 2 discos de 7 polegadas, e apesar de achar a versão em 7 polegadas muito mais interessante, aproveitei a chance de garantir o meu em 7 polegadas duplo quando achei um leilão quase no final no eBay vendendo o disquinho por míseros 1,10 dólares.
O EP já dava indícios fortes do que o quarteto lançaria pela frente, e mostrava uma evolução clara desde o primeiro disco da banda, “Sink Or Swim”.
Faixas como “Say I Won’t (Recognize)” e “Blue Jeans & White T-Shirts” onde Brian Fallon diz que canta com seus heróis a 33 rotações por minuto, mostram que a banda estava amadurecendo e construindo seu caminho pra ser o que é hoje, séria candidata a melhor disco do ano não só no meio independente, mas também entre grandes revistas especializadas que já os apontaram como favoritos com “American Slang”.
Obrigado The Gaslight Anthem pelos serviços prestados, seus discos são demais!
Clique nas fotos para ampliá-las.
Ted Leo And The Pharmacists
Ted Leo é um punk rocker com um pé e meio no indie.
O cara começou lançando seus discos via Lookout! Records, a lendária gravadora que trouxe ao mundo bandas como Operation Ivy, Green Day e Rancid, mas seu último trabalho, lançado esse ano saiu via Matador Records.
O som do cara tem mais de indie do que de punk, com guitarras limpas, pianos, teclados, assobios e belos arranjos de voz, e “Hearts Of Oak”, disco de 2003, talvez tenha sido aquele que colocou o nome do cara, junto com sua banda o The Pharmacists no mapa.
Esse é um dos meus discos preferidos de todos os tempos, e eu lembro que no ano que ele saiu eu era apenas um universitário em Curitiba, e cheguei a encontrá-lo em CD em uma livraria da cidade. Vindo do interior do Paraná, não era anormal pensar que eu quase surtava ao ver coisas assim em uma loja/livraria.
Sete anos depois, finalmente fiz jus ao disco e comprei sua versão em LP, que traz uma folha simples com as letras das músicas e um cartão de download, que sinceramente ainda não testei.
Uma coisa que me chamou a atenção é que o selo central do disco está invertido, e aquele que diz “Lado I (Esse lado)”, é na verdade o outro lado. Será que daqui a alguns anos consigo milhões no eBay vendendo o disco com um “defeito raro”?
Clique nas fotos para ampliá-las.