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Entrevista com Volantes
Dando continuidade às nossas entrevistas com as bandas do selo Vigilante, hoje temos os gaúchos do Volantes, banda de pós-punk que acaba de se mudar para São Paulo e começa a ganhar destaque na cena brasileira.
Os caras falaram sobre abrir show para o Placebo, lançar compactos em vinil, a cena brasileira, o que estão ouvindo e muito mais.
A entrevista ficou muito legal, dá uma conferida.
Volantes
TMDQA!: O som de vocês têm influências claras de bandas de pós-punk, alguns nomes dos anos 80 e sons indie mais recentes, algo como uma mistura de Kraftwerk com U2 com The Killers. Quais são suas influências e que discos têm chamado a atenção de vocês ultimamente?
Arthur Teixeira: Minhas influências vem de todas as épocas. Desde Arcangelo Corelli, Louis Armstrong até mais recentes, tipo Interpol, Arcade Fire. É claro que tenho o coração no pós-punk, é dali que eu nasci. Tenho esse direito. Minha canção favorita talvez seja Temptation do New Order, ou With or Without You do U2. A última coisa que realmente bateu foi o My Way, do Ian Brown. O It’s Blitz, do Yeah Yeah Yeahs também tem umas canções lindas.
João Augusto: Pela idade que temos, é natural essa influência dos Pós-Punk que as vezes é mais forte do que a gente. Mas costumo ver essa sonoridade como “agora”, não sabemos o que vem pela frente, que sonoridade vai ser buscada. Tem uma banda chamada Zeus que venho escutando muito mesmo. Land Of Talk também, são duas bandas que não paro de ouvir.
TMDQA!: Vemos que os instrumentais do Volantes são altamente lapidados e isso nos faz imaginar o som ao vivo. Vocês costumam tocar suas composições ao vivo de forma fiel às gravações ou tocam apenas versões das músicas?
Arthur: Tentamos reproduzir o mais fiel possível, mas como gravamos umas oitenta linhas diferentes por música, fica difícil executar tudo com os timbres específicos. Semana passada, uma jornalista disse que descobriu novas sensações assistindo ao vivo as canções que ela conhecia do disco. Acho que de alguma forma compensamos os detalhes entregando a interpretação mais sincera e visceral.
João: A gente tem essa coisa que o Queen tem, de todo mundo fazer o máximo pra soar como o álbum, ou da maneira mais grandiosa possível. Dependendo do dia, conseguimos. (risos)
TMDQA!: O EP de vocês pela Vigilante tem uma belíssima capa. Quem teve a ideia de todo o conceito, presente também no clipe de “Maçã”, e como foram feitas as fotos, que ficaram lindas?
Arthur: Criei umas dez capas diferentes e coloquei em discussão entre a banda e gravadora, até que se aprovou o leão. Ao mesmo tempo estávamos em brain do clipe, e sugeri a idéia da caça aos assuntos mal-resolvidos, o mundo paralelo. Fomos para o interior, fazia uns 5°C, o João vestiu a cabeça de leão e precisou ficar de camiseta por horas no meio do campo.
TMDQA!: Vocês costumam participar da criação da arte que está relacionada a sua música ou vocês preferem deixar isso na mão de designers e produtores?
Arthur: Eu sou apaixonado por design, então até o momento fiz a arte dos nossos dois discos, e as adaptações online.Todos gostamos de artes, então a parte de cenário e figurino fica a cargo do Otavio (tecladista), que desenha e faz nossas roupas, cenários de show, inclusive a cabeça de leão foi ele que construiu. Comprou os tecidos, espumas e montou aquilo da noite pro dia! Sou fã desse cara. O Rodrigo também faz alguns flyers, e o João e o Bernard sacam muito, sempre dão idéias muito boas durante o brain.
João: É a nossa maneira de fazermos algo que pelo menos a gente vá gostar. (risos)
TMDQA!: O videoclipe foi gravado nessa mesma sessão?
Arthur: O clipe foi gravado na mesma área, mas alguns dias depois.
TMDQA!: O Rio Grande do Sul sempre teve aquele lance de ter uma cena própria fortíssima, mas que não costuma extrapolar os limites do estado. Como isso está hoje em dia e, principalmente, como esse fato tem acontecido com vocês? Como está a agenda de shows da banda?
Arthur: A cena gaúcha de hoje é restrita. Hoje até quem copia Rolling Stones está passando fome no sul. Timidamente está surgindo demanda para bandas pós-Nirvana, principalmente nas cidades universitárias.
João: A cena do Rio Grande do Sul ta ficando mais “ampla”. Nós saímos dela (mesmo pela beirada), tem bandas ótimas como a L.A.B. e a Pública, que tão saindo do estado e virando bandas do país. A nossa agenda ta ótima, como nunca esteve e do jeito que as coisas tão acontecendo, a tendência é ficar melhor.
TMDQA!: Conte-nos sobre o show de abertura para o Placebo. Como vocês foram parar em cima daquele palco e como foi compartilhar o espaço com uma banda desse porte?
Arthur: Estávamos saindo para um show em São Paulo quando veio o convite da produtora do evento. Foi interessante ver que os Volantes podem atingir públicos de segmentos bem diferentes, tivemos um ótimo feedback. Já havia sentido isso ao tocar para o público do Evanescence.
João: Foi um tanto surreal. Eu tinha visto o show do Placebo no mesmo local, visto o Show do Arcade Fire e dos Strokes, tudo no mesmo lugar. É uma experiência única perceber que as pessoas podem gostar tanto do nosso show quanto do show de uma banda do porte do Placebo.
TMDQA!: Como se deu a aproximação com a Vigilante e a ideia de lançar um disco em vinil?
Arthur: Logo que lançamos o EP, veio o contato do Rafa. Ficamos flertando por alguns meses até o convite oficial para gravar. O lance de ser em vinil, é mais um dos planos diabólicos do Rafa, uma cabeça que passa 24 horas por dia tendo idéias. Todos os dias eu agradeço por fazer parte desses planos.
TMDQA!: Como tem sido a receptividade dos EPs? Acho que é um baita formato pra se vender em shows, mas ainda sinto que como o Jajá do Vivendo do Ócio nos falou, poucas pessoas têm vitrolas em casa, o que dificulta as vendas.
Arthur: A procura está muito boa. É um público específico, uma curva diferente na evolução das mídias, não uma substituição do CD.
João: É mais uma mídia. Existe muito a questão de eleger uma mídia vigente, acho que a questão do vinil vem pra um momento único que extrapola a questão musical, que é o fato de tudo estar ficando mais segmentado. O vinil voltou juntamente pra essa parcela de pessoas que gostam de vinil, sejam as que herdaram vinil dos pais ou sejam os novos ouvintes/apreciadores.
TMDQA!: O que vocês acham das pessoas que curtem suas músicas mas somente fazem o download delas em formato mp3 e acabam não comprando produtos da banda? Como vocês acham que isso influencia as bandas iniciantes?
Arthur: Ainda estou iniciando no heavy-business, mas acho que se as pessoas não compram produtos de uma banda é porque não estão lhe oferecendo o produto que ela quer por um preço justo, e nesse sentido o projeto da Deck/Vigilante é muito interessante, porque é uma gravadora pensa muito no público, tem uma aproximação com o público. Para bandas iniciantes não vejo problemas. Elas tem que se preocupar em fazer música boa para chamar a atenção de alguém que saiba vendê-las bem.
TMDQA!: Vocês lançaram o EP de estreia, “Sobre Gostar e Esperar” e o EP pela Vigilante. Quais são os próximos passos na carreira? Haverá um full-length ou vocês preferem continuar trabalhando com esses formatos de menor duração? Ele poderá sair em vinil?
Arthur: Lançaremos mais um compacto simples até o fim do ano e na seqüencia um full-length. Estou ansioso por esse álbum grande, por entregar algo que possa fazer uma pessoa feliz por 40 minutos ininterruptos. Todos devem sair em vinil.
TMDQA!: Vocês têm mais discos que amigos?
Arthur: Muuuito mais. Tenho discos espalhados por toda a sala, pelo quarto. Não tem mais onde guardar.
João: Eu já tive mas tinha o péssimo habito de emprestar meus CDs para pessoas com o argumento de “cara, escuta esse álbum que vai mudar a tua vida” e enfim, acho que mudou tanto a vida dessas pessoas que não quiseram me devolver. (risos)
TMDQA!: Obrigado pela sua entrevista e deixem sua mensagem aos leitores!
Arthur: Vou sugerir aos leitores que prestigiem artistas brasileiros, assistam shows e repassem para os amigos. Minha sugestão de hoje vai de Superguidis, L.A.B., Otto e todos do semprevigilante.com.br!
João: A gente que agradece pela entrevista, pelas ótimas perguntas e por esse espaço pra podermos mostrar um pouquinho mais o quão simpático somos. (risos)
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