Música

A visão de um jornalista de música sobre o <b>Fórum de Sustentabilidade</b> do <b>SWU</b>

Convidado pelo <b>Tenho Mais Discos Que Amigos!</b>, <B>Gustavo Pelogia</b> esteve em 2 dias do Fórum de Sustentabilidade do <b>SWU</b> e através de um texto muito interessante conta como foi, além de relacioná-lo com a indústria da música.

Fórum Global de Sustentabilidade SWU

Os ovos da galinha e a música

Muitas coisas me chamaram a atenção no Fórum de Sustentabilidade do SWU. Porém como, nem eu, e provavelmente a maioria dos que me leem aqui não são ativistas do meio sustentável como um todo, resolvi destacar aqueles que se relacionaram de alguma forma com o mundo da música. Assisti os fóruns dos dois primeiros dias e, de verdade, eles foram bem mais legais que eu esperava.

A primeira pessoa que me chamou a atenção foi Matt O’Hayer. Ele é o fundador da Vital Farm e possui quatro fazendas de produção de ovos orgânicos, e foi questionado pela plateia se faz mais sentido pressionar as grandes empresas para que elas promovam mudanças ou fazer as pequenas crescem e mostrarem como a coisa deve ser feita.

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Antes de escrever a resposta dele, gostaria que você pensasse que os granjeiros são grandes gravadoras e os ovos são discos, certo?

Bem, Matt é a favor da segunda opção. Se o pequeno produtor consegue mostrar sua força e crescer sem usar nitrogênio, sem poluir os rios e diminuir o sofrimentos dos animais, ele mostrará na prática para o grande como é que se faz.

A resposta dele se emenda em uma fala de Gary Schwartz, presidente do “Mobile Entertainment Fórum”, que cria normas e sugere boas práticas para o desenvolvimento de celulares que agridam menos o meio ambiente. Gary falou que dar voz ativa ao consumidor é o segredo. Se a empresa quer vender e nós queremos comprar, a vontade dos consumidores deve(ria) ter um grande peso na escolha. Para ele, também é papel de quem consome encorajar quem fabrica.

O que os ovos e os celularem têm a ver com a música? É só colocar a internet na jogada. Ela foi quem disseminou a revolução do mercado independente da música. O pirata também, é verdade. Mas é a existencia dela e a opção de escolha dos consumidores de música que forçou as grandes gravadoras (ou forçará os granjeiros e as fábricas de telefone) a buscarem alternativas para sobreviver. E o que vivemos já há alguns anos, não é preciso ser gênio para saber: as gravadoras estão perdendo muito dinheiro. Forçadas, estão buscando novos meios de se adequar ao mercado (cabe a você julgar se elas estão fazendo algo bom ou não).

Outra frase genial, esta proferida pelo professor brasileiro Ladislau Downbor, do Núcleo de Estudos do Futuro da PUC-SP, é que “quanto mais embaixo está o dinheiro, melhor ele é utilizado”. Quantas bandas já não gravaram grandes discos com merrecas? E quantas estrelas da músicas já não levaram anos e rios de dinheiro e fizeram um trabalho de merda?

A única pessoa relacionada diretamente a música que vi presente por lá foi Marcelo Yuka, ex-Rappa, embora não me lembre de ele ter falado qualquer coisa sobre o tema. Além de explicar seu trabalho atual com a B.O.C.A (Brigada Organizada de Cultura Ativista), outra citação dele me chamou muito a atenção.

Se você tem um produto da Apple, preste atenção: do mesmo jeito que nós aqui mandamos soja, café, laranja e um montão de matérias-primas a preço de chiclete mastigado para os gringos, eles também compram minerais do Congo para fazer celulares e notebooks. E as pessoas se ferram muito por lá, ao ponto dessa discussão ser relacionada aos direitos humanos**. O exemplo dele foi com a Apple, mas tenha certeza que vale para muitas outras grandes empresas. Eu tenho um iPod shuffle e senti um certo peso na consciência em não saber de onde vem os componentes dele.

Não é por isso que vou jogar fora meu briquedinho, mas se a ideia é que starts with you, descobrir tudo isso me abriu a cabeça para agir melhor no futuro. Espero que sirva para a sua também.
Leia mais a respeito desse assunto aqui.

Por Gustavo Pelogia

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