O Pinhead Gunpowder é uma banda de punk rock que surgiu em 1990 com Billie Joe Armstrong em sua formação.
Quase na mesma época o cidadão em questão havia formado outra banda de punk rock chamada Green Day, que de lá pra cá acabou fazendo um certo sucesso ao redor do planeta com seus discos.
Além da explosão do Green Day, o fato de BJ ter levado o baixista Bill Schneider para ser técnico de guitarras e Jason White para tocar segunda guitarra com a banda fez com que o Pinhead Gunpowder gravasse raramente e fizesse shows mais raramente ainda, fato que transforma cada apresentação da banda em um marco histórico.
Como vocês verão mais abaixo no encarte da coletânea Compulsive Disclosure, há a frase “Pinhead Gunpowder: 10 years, 15 shows”.
Pra finalizar o line-up da banda, só faltou o baterista Aaron Cometbus, o único que não tem relação com o Green Day mas que é a cabeça pensante do quarteto.
Aaron escreve a grande maioria das letras do PG, fez a arte da maioris dos discos e é famoso na cena local da chamada Bay Area por ser o editor do zine Cometbus, citado pelo próprio Green Day algumas vezes.
Hoje lhes trago resenha com fotos exclusivas primeiro de 2 EPs da banda, o “Trundle And Spring” e o “Fahizah”, os primeiros registros da história da banda, ainda com Mike Kirsch nos vocais e guitarra (Jason White entraria em seu lugar).
Ganhei esses EPs de presente do amigo Tércio Santana, do portal TheNimrods, nosso parceiro.
Após os EPs estão os 5 primeiros LPs da banda, todos relançados esse ano pela Recess Records, já que a Lookout! perdeu o direito sobre eles, assim como aconteceu com o catálogo que eles tinham do Green Day, Screeching Weasel, Operation Ivy e outros. (“Shoot The Moon” foi lançado originalmente pela Adeline Records)
Todos os LPs trazem os encartes dos CDs, que também foram relançados via Recess e apesar da curtíssima duração de todos, que na maioria não passam dos 20 minutos, foram prensados em discos de 12 polegadas.
Isso é muito legal, porque apesar de entrar perfeitamente em um disco de 10 polegadas e talvez até mesmo em um de 7 polegadas, os discos de 12 fazem com que as faixas não cheguem muito perto do centro do disco, onde a qualidade de áudio é prejudicada pela proximidade delas.
Cada um dos discos foi lançado em várias cores diferentes. Havia até variações em vinil dourado, mas como eu demorei para adquiri-los, acabei ficando com o que “sobrou” mesmo.
Divirta-se com as fotos abaixo e conheça mais uma banda, que mesmo que não fosse de membros do Green Day seria um grande nome do punk rock mundial, já que suas letras e músicas são das mais legais.
Trundle And Spring EP
“Trundle And Spring” foi lançado em 1991 pela Take A Day Records, e traz 4 músicas.
No Lado A, Mike canta a pesada “Dull” enquanto Billie Joe assume os vocais na melódica “Keeping Warm In The Nighttime”.
O lado B começa com “MPLS Song” cantada por Billie Joe e a primeira música da banda a virar hit entre os fãs, com a voz característica de BJ cantando Iggy Pop is playing downtown / And I’m outside in the rain listening and lurking around.
“In Control” fecha o disco, e é a única música do EP a ter explicação da letra no encarte, com Aaron dizendo que ela se trata de como as pessoas tentam se manter no controle em relação a todas as outras pessoas, seja em relações, piadinhas ou conversas casuais.
O estilo do selo central desse disco seria mantido em quase todos os LPs da banda, com o desenho de um disco de vinil e uma frase engraçadinha sobre o álbum.
Aqui se lê no Lado A:
On one side there is a full performance of a great musical work, just as on the ordinary record you buy. The records feature orchestras and soloists of recognized distinction. You listen to the performance first, or afterward and then…
Lado B:
On the other side is an illuminating analysis of the music, with the various themes and other main features on the work played separately with running explanatory comment, so that you can learn what to listen for.
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Fahizah EP
“Fahizah” veio em 1992 e foi lançado pela Lookout! Records, que viria a ser a casa da banda e também do Green Day por algum tempo.
Esse EP é marcante porque traz no lado B a cover de “Big Yellow Taxi” de Joni Mitchell na voz de Billie Joe.
Essa foi a música que me fez conhecer o Pinhead Gunpowder e aposto que assim foi para muita gente que passou a ouvir a banda não simplesmente pelo fato de ser “do cara do Green Day”.
Esse seria o último trabalho oficial com Mike Kirsch, que viria a ser substituído por Jason White no próximo lançamento de estúdio da banda.
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Jump Salty
“Jump Salty” é o primeiro LP da banda, mas não traz nenhuma novidade, já que é uma compilação das 8 faixas presentes nos EPs citados acima e mais 4 músicas que estiveram em compilações da época.
Meu destaque entre as 4 “inéditas” fica para “Beastly Bit” com Billie Joe, e sua citação a “Brown Eyed Girl” de Van Morrison, que aqui vira And you, my green haired girl / You’re my green haired girl
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Carry The Banner
“Carry The Banner” é de 1995, ano em que o Green Day lançaria seu disco considerado mais pesado, o “Insomniac”, e no caso do PG seu melhor trabalho até então.
O disco tem 9 músicas e pouco mais de 13 minutos. Rápido e preciso, traz Billie Joe, Jason White e até mesmo o baixista Bill Schneider nos vocais em letras que mostram que Aaron Cometbus sabe das coisas.
Eu amo simplesmente todas e cada uma das faixas aqui, e já que o disco é tão curtinho, recomendo que o ouça inteiro, ao invés de destacar uma música. Como curiosidade, a última faixa do álbum é “Mahogany”, cover da faixa “Mahogany (Do You Know Where You’re Going To)” de Diana Ross.
A capa do disco é uma montagem muito legal feita por Aaron e a arte favorita de todas as que ele fez para o Pinhead Gunpowder.
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Goodbye Ellston Avenue
“Goodbye Ellston Avenue” é de 1997 e talvez seja o disco do Pinhead Gunpowder mais associado ao Green Day.
Primeiro porque a faixa que abre o disco é “Life During Wartime”, belíssima canção anti-guerra que mexe na ferida, dizendo que A revolução começa em casa, mas na maioria das vezes acaba lá também.
A mistura da baita letra de Aaron com a melodia de Billie Joe fizeram dessa uma das maiores músicas da banda, fato que ficou mais evidenciado ainda quando BJ gravou uma versão acústica dela que circulou a Internet no final dos anos 90 como música do Green Day e muita gente acreditou, até porque um ano depois a banda lançaria o “Nimrod”, e esta poderia ser uma inédita.
Há uma versão acústica da música no final desse disco, e confesso que fiquei na dúvida se ela já estava presente na versão original.
Outro fato que aproxima o GD desse disco é que várias das músicas poderiam facilmente ser b-sides da banda. Se nos outros discos Billie Joe cantava de maneira displicente, aqui parece que ele caprichou mais, e o resultado é que as músicas que ele canta (maioria no disco) nos remetem imediatamente ao trio verde.
A própria “Life During Wartime” tem um riff muito parecido com “Stuck With Me” do Green Day.
A ordem das faixas listadas atrás do disco não bate com a ordem delas no LP, e isso é um tanto quanto chato, principalmente pra quem nunca ouviu a banda.
“Song Of My Returning” é do artista folk Phil Ochs e “Work For Food” é creditada a Eric Baffert, e segundo o encarte tocada originalmente pela banda The Big Foist.
Com “longos” 24 minutos, uma eternidade se comparado ao resto do catálogo da banda, “Goodbye Ellston Avenue” traz um Billie Joe inspirado e uma banda entrosada, e é o último disco de estúdio da banda, já que depois dele só seriam lançados EPs e compilações.
Shoot The Moon
“Shoot The Moon” é um EP, veio em 1999 e não foi lançado pela Lookout!, mas sim pela Adeline Records, gravadora fundada em 1997 por Billie Joe e administrada por sua esposa Adrienne Nesser, a “80” do Kerplunk!
A arte desse disco é lindíssima, e foi feita por Aaron Cometbus, que como eu disse anteriormente é a cabeça pensante da banda, fazendo quase todas as letras, arte e bateria.
Aqui ele compartilha as palavras com seus colegas de banda, já que “Cabot Gal” é de Jason White e “27” de Wilhelm Fink, nome que Billie Joe usou para se identificar em alguns de seus lançamentos .
O disco termina perto dos 12 minutos com faixas rápidas e todas muito parecidas. Quando você menos percebe, já está na última música, a cover de “Achin’ To Be”, do Replacements aqui cantada por Jason White.
Eu adoro discos de vinil transparentes e esse aqui ficou lindão com o selo central do Lado B, a arte de um módulo espacial na Lua.
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Compulsive Disclosure
“Compulsive Disclosure” é de 2003 e trata-se de mais uma coletânea da banda.
A versão original tinha 9 músicas e o lançamento da Recess trouxe “Salting Agents” e “El Lasso Grappo”, duas músicas inéditas até então, fechando o tracklisting com 11 faixas.
O disco abre com “Buffalo” e “2nd Street”, duas das minhas faixas preferidas de toda a carreira do Pinhead Gunpowder, e segue com a ótima “Landlords”.
As faixas aqui foram lançadas em EPs, splits e outros registros.
A curiosidade desse disco fica no encarte, com a frase: Pinhead Gunpowder – 10 years, 15 shows que acompanha o selo central dizendo que o Pinhead Gunpowder é uma banda fundada no começo dos anos 90 que grava e toca espordadicamente mas com grande entusiasmo. As poucas novas músicas foram pouco empolgantes, fazendo com que se espere que as promessas de novas gravações sejam realizadas logo.
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Espero que vocês tenham gostado desse post completinho sobre o Pinhead Gunpowder!
Confira ainda matéria que fiz com várias fotos da coletânea “Kick Over The Traces” em disco de vinil transparente clicando aqui.