<b>5º Porto Musical</b>: Resumo do <b>1º dia</b>

Confira um resumo das palestras do 1º dia do <b>Porto Musical 2011</b>.

Porto Musical 2011 - Abertura
Foto: Beto Figueiroa/Usefoto Data: 23-02-2011 Ass: Abertura do Porto Musical 2011. Shows das bandas Wassab, Treminhao e DJ 440, Centro Cultural dos Correios, Recife – PE, Brasil.

Como o TMDQA! está com apenas um correspondente no 5° Porto Musical, fica impossível cobrir todas as palestras ao mesmo tempo. E como acontecem duas conferências no mesmo horário, os inscritos têm que escolher o que assistir.

Porto Musical 2011 - Mariana Soldi e Bruno Poljokan
(Fotos por Tiago Calazans para o Porto Musical 2011)

A primeira palestra do 1° dia foi sobre a plataforma virtual de touring pelo Brasil, o Toque No Brasil (www.toquenobrasil.com.br). Mariana Soldi e Bruno Poljokan fizeram uma breve apresentação sobre a plataforma que tem pouco mais de 5 meses de existência e que em março será atualizada para a versão 2.0.

O Toque No Brasil é mais do que um “MySpace do mercado de turnês no brasil”. Para Mariana Soldi o “MySpace é uma vitrine, apenas. O TNB vai mais além. É um ambiente de oportunidades. Você (bandas e produtores) faz negócios no TNB”.

Atualmente com 5 mil usuários, o TNB proporciona à bandas e produtores criarem suas turnês pelo Brasil, criarem curadorias online para shows e festivais, inserirem músicas em coletâneas e com o TNB 2.0 será possível utilizar novos serviços como a venda de ingressos, criar perfis exclusivos, planejar shows com o conceito de crowd founding, buscar parcerias com empresas para apoiarem turnês e/ou shows e festivais.

Porto Musical 2011 - David Buttle, Frank Hessing e Lula Côrtes

A segunda palestra do dia foi sobre o “Projeto Rozemblit” com David Buttle, fundador do selo Mr. Bongo; Frank Hessing, fundador da MusiConsult Network; e Lula Côrtes, músico responsável pelo lançamento do primeiro disco independente do Brasil, “SATWA”, com Laylson de Holanda.

A Rozemblit, ou Rosa de Sangue em romeno, foi a primeira fábrica de discos de vinil de Pernambuco e uma das mais modernas fábricas do tipo no Brasil. Além de produzir, a Rozemblit funcionava como selo, estúdio de gravação e produção e impressão da parte gráfica dos discos. O início deu-se no começo dos anos 50 com José Rozenblit e seus irmãos e o fim chegou em 1984 com as grandes gravadoras começando seus trabalhos dentro do Brasil, o que dificultou a continuidade de selos independentes como a Rozenblit.

O “Projeto Rozemblit” foi idealizado em 2010 a partir de uma joint venture criada pelo empresário João Florentino, que adquiriu o catálogo da fábrica em 1995; e pelos palestrantes David Buttle e Frank Hessing. A ideia é relançar todo o catálogo da Rozemblit em vinil e cd com a qualidade mais próxima dos originais possível. Este trabalho já começou e o que falta agora é um selo brasileiro se interessar pela proposta. Frank e David falaram que há algumas dificuldades neste projeto como o estado do catálogo da fábrica que sofreu com a ação da natureza; o contato com artistas e familiares dos que já faleceram e a questão do retorno do investimento.

Lula Côrtes participou de praticamente todos os lançamentos da Rozemblit. Ele lançou com Zé Ramalho, pelo selo em questão, o disco “Paebirú – O Caminho da Montanha do Sol” (aqui e aqui), considerado um dos mais raros do mundo.

Porto Musical 2011 - Octavio Arbeláez

A palestra após a pausa para o almoço foi com Octavio Arbeláez que falou um pouco sobre a conexão entre Brasil e América Latina em relação aos produtores de festivais.

Arbeláez começou falando sobre o início das reuniões de amigos nos anos 80 na USP que mais a frente resultaria em projetos como a Rede de Produtores Culturais da América Latina e Caribe e a Associação para Desenvolvimento da Indústria da Música Iberoamericana (Adimi). Falou da importância dessas associações para os países da América Latina e de como fazer a cultura dessa região circular internamente.

As bandas e produtores interessados nos projetos basta acessarem os sites da Adimi e da Circulart.

Porto Musical 2011 - Benjamim Taubkin

A quarta conferência do dia foi com o músico e curador Benjamim Taubkin. O palestrante iniciou sua fala com o começo de sua carreira em que ainda com 18 anos de idade ele começou o trabalho de curadoria sem nem saber da existência do termo “curador”.

Taubkin falou do papel do curador, que algumas vezes pode ser confundido com o do produtor. O curador é o que pensa uma programação, pensa em locais, espaços e formas de programar. Já o produtor é aquele que executa esses pensamentos. Para Taubkin o curador tem que ter paixão por música. “É como um compositor”, compara Taubkin. Há também as questões pessoais do curador que não pode ser levada por questões particulares como “escolher algum artista por amizade ou por algum outro motivo não tão digno”.

“O curador tem que ter bom senso mas é bom delirar também”. E o fundamental, encerrando sua fala, Taubkin disse que o curador tem que ser humilde e reconhecer quando não conhece determinado local, cena, ou as especificidades de determinada ideia de programação.

Porto Musical 2011 - Silvio Meira

E finalizando o dia: Silvio Meira, cientista-chefe do C.E.S.A.R, presidente do conselho administrativo do Porto Digital (parceiro do Porto Musical), dentre outras atribuições. Personalidade mundial na área de Tecnologia da Informação, Silvio Meira falou um pouco sobre a neutralidade da rede em relação à cultura, aos conteúdos e ao controle.

Meira relatou que uma rede neutra é uma rede sem privilégios, sem controle dos fluxos. A verdadeira liberdade da rede só seria possível sem a intromissão de governos e agentes controladores, o que ele comentou ser a Rede 5.0.

Durante a palestra, Silvio Meira comentou sobre o Facebook, que atualmente comporta quase 1/3 da população de internautas mundial. “Porque não montar uma página no Facebook no lugar de uma na própria rede?”. Assim ele visualiza algo bem mais proveitoso em termos de circulação de informação. Dessa forma ele visualiza a verticalização da rede que, porém, pode também ser preocupante levando ao controle do fluxo de informação.

Abaixo você confere algumas fotos incluindo dos showcases e capa do disco mencionado na palestra sobre o “Projeto Rozenblit”.