O Get Up Kids resolveu intitular seu primeiro disco de estúdio em 7 anos como “Existem Regras”, mas parece não ter se importado em quebrar quase todas elas que dizem respeito à gravação de discos que marcam a volta de uma banda.
Divergindo totalmente de qualquer um dos seus trabalhos anteriores, a banda que foi o maior nome do emo do final dos anos 90 (um baita estilo, que acabou sendo deturpado por bandas que vieram alguns anos depois) resolveu apostar em elementos eletrônicos, efeitos nas vozes e letras sombrias, muito diferente das lindas melodias e letras que sempre fizeram com que a banda fosse única.
O disco começa com “Tithe”, que traz uma voz feminina repetindo uma frase em alemão e vários efeitos escuros, que dão o tom do disco. Apesar da introdução, essa é uma das músicas que ainda tem resquícios do que a banda já foi. “Regent’s Court” vem na sequência e com um quê de Strokes é uma das melhores do álbum.
Em compensação, a sequência vem com “Shatter Your Lungs”, uma faixa anos 80 bizarra digna de trilha sonora de filme pornô antigo (tanto que a banda chegou a disponibilizar um vídeo nesses moldes), cheia de efeitos eletrônicos e guitarras com distorções estranhas. É a verdadeira caracterização da nova fase dos caras.
“Automatic” é o primeiro single e traz Jim Suptic nos vocais. Me agradou bastante e é uma das faixas que mostram que a banda pode nadar em outras águas sem tornar seu trabalho uma mistureba de efeitos eletrônicos sem sentido.
“Better Lie” é interessante e “Keith Case” já havia sido lançada anteriormente no EP “Simple Science”. Essa é uma das várias faixas que fazem forte uso do baixo de Rob Pope, uma tônica do trabalho que é possível ser percebida novamente em “The Widow Paris”.
O encerramento do disco é promissor, com “When It Dies” e a bela “Rememorable”, que ainda deixam um fio de esperança para que os próximos trabalhos da banda sejam melhores.
7 anos é uma eternidade para qualquer ser humano, imagine então 5 indivíduos em uma banda. É período suficiente para todo mundo amadurecer, mudar opiniões e gostos, mas o Get Up Kids já havia experimentado com diferentes sons em “On A Wire” e “Guilt Show” e feito discos memoráveis.
Já com “There Are Rules” a banda caiu na vala comum de centenas de bandas por aí que misturam indie rock com elementos eletrônicos. Uma pena.