Marcelo Camelo
Fotos por Leandro Moraes
Morno.
Assim foi o show de Marcelo Camelo durante o festival Lupaluna.
Não que eu esperasse algo muito diferente considerando a direção da carreira do cara, mas como ainda não tinha visto o Hermano em aventuras solo, fiquei na dúvida sobre como ele se comportaria diante de tanta gente.
Acompanhado de sua taça de vinho em um frio de matar em Curitiba, o cara mandou um set recheado de canções dos seus discos solo e “Morena”, gravada originalmente pelo Los Hermanos.
Com um palco sóbrio, que praticamente não tinha efeitos visuais, e junto com sua banda de apoio formada pelo Hurtmold e mais alguns músicos, Camelo interagiu com a plateia poucas vezes, como o fez quando soltou um “rapá! que frio”.
Platéia essa que já estava em bom número e que reagiu com sentimentos misturados em relação à apresentação de Camelo.
Lá na frente, grudados à grade, fanáticos por Camelo ou pelos Hermanos estavam extasiados, enquanto o resto do público parece ter passado o show inteiro absorvendo o MPB/Indie de Marcelo e esperando ouvir alguma música do “Ventura”, “Bloco do Eu Sozinho” ou talvez uma versão descoladíssima de músicas do primeiro disco do Los Hermanos. Não rolou.
Sublime With Rome
O Sublime With Rome fez uma das melhores apresentações do SWU no ano passado, se empolgou muito com o Brasil e resolveu voltar ao país para uma série de shows esse ano.
Infelizmente o nível da apresentação em Curitiba não foi o mesmo de 2010.
Um dos principais motivos para isso foi o fato do baterista original da banda, Bud Gaugh, não ter vindo à América do Sul, o que prejudicou todas as apresentações do trio por aqui. Outra coisa que também não agradou foi a quantidade de jams no setlist. Ao invés de tocar a infinidade de clássicos deixada por Bradley Nowell, o falecido guitarrista/vocalista original, Rome e Eric Wilson decidiram misturar várias músicas na sequencia e quem estava ali parece não ter entendido muito.
Apesar disso, todos ali dançavam reggae e ska e se esquentavam já que além da baixa temperatura a chuva tinha resolvido dar as caras, enquanto o Sublime emendava seus sons no palco.
Para os fãs mais fervorosos, se por um lado houve a decepção pela falta de clássicos na íntegra, por outro veio uma espécie de redenção quando Eric Wilson começou a clássica introdução de “Myage” do Descendents no baixo e a banda tocou a música de cabo a rabo.
Músicas como “Garden Grove”, “Smoke Two Joints”, “What I Got”, “Wrong Way”, “Date Rape” e claro, “Santeria” não faltaram no set, sendo que a última contou com o tragicômico episódio de Rome chamando um garoto da plateia para subir ao palco e cantá-la só para descobrir que Alê, o sortudo, não fazia ideia da letra da música.
Aposto que ele foi muito xingado no Twitter.
Teatro Mágico
O Teatro Mágico faz muito mais que um show de música, e as centenas de pessoas que se espremeram no palco EcoMusic para acompanhá-los sabem muito bem disso.
Com performances circenses, papel picado, muita iluminação e letras comoventes os caras arrastaram sua legião de fãs (muitos deles com as caras pintadas) até o Lupaluna e não decepcionaram.
Tocando um set que acabou até mesmo estourando o tempo da banda, a trupe entregou a seus fãs uma verdadeira declaração de amor à arte, e quando já estava sendo praticamente pressionada a sair do palco, mandou “O Anjo Mais Velho” e seu refrão Só enquanto eu respirar / Vou me lembrar de você, que estava sendo gritado pelos fãs tão alto, que a banda soltou um “Com vocês: VOCÊS!” e viu uma verdadeira inversão de quem era o cantor e quem era a plateia.
Parabéns aos caras.