Resenha: estreia do <b>Agridoce</b> em São Paulo

Leve, intimista e sincero, o novo projeto da Pitty com o guitarrista Martin Mendez encheu o Studio SP de belas melodias, e encantou os presentes com letras confessionais. Veja vídeos da apresentação, gravados com exclusividade para o <b>TMDQA!</b>

Resenha Agridoce em SP

“Não é show de rock. É uma viagem introspectiva, psicodélica e sensorial. Open your minds and come in!”. Assim, pelo Twitter, Pitty preparou quem mais tarde presenciaria uma das noites mais emocionantes na carreira da baiana: a estreia do Agridoce, novo projeto dela com o guitarrista da banda, Martin Mendonça, nos palcos.

“Eu estou me sentindo como uma noiva na noite de núpcias”, brincou Pitty ao subir no palco do Studio SP, pouco depois da meia-noite. “Sendo que essa noiva estava virgem”, ressaltou, antes das primeiras notas de “B. Day”, canção que abriu o set. Ao piano, cantando com serenidade, Pitty pouco lembra a frontwoman certeira e sagaz, líder de um dos maiores nomes do rock nacional da atualidade. Mas nem por isso a música produzida na nova empreitada soa fraca ou datada – na verdade, a sutileza do Agridoce é o seu maior trunfo.

Mesmo longe das guitarras, o Agridoce se revelou, ao longo da noite, um projeto verdadeiramente rock n’roll. Não no som, construído basicamente em cima de piano e violão, mas nas letras de Pitty, mais honestas e transparentes que todas as outras que compôs até hoje. Logo na segunda música, “20 Passos”, a noite estava ganha. Os fãs, com câmeras na mão e sorrisos estampados no rosto, cantavam baixinho, tentando preservar a intimidade de ter a ídola ali, tão perto. Nem os insistentes problemas de som ou os gritos de “Memórias!” e “canta ‘Me Adora’, Pitty!” foram obstáculos para a atmosfera de delicadeza construída durante o show, o que ficou nítido durante os quase sete minutos da bonita “Dançando”, a música mais tocada no MySpace da dupla.

O setlist do show ainda contou com uma bela surpresa: o cover de “Não Existe Amor em SP”, do rapper Criolo, que subiu ao palco e agradeceu o duo pela homenagem. Para finalizar o batismo do Agridoce, Pitty chamou ao palco Hélio Flanders (Vanguart), Bruno Kayapy e Ynaiã Benthroldo (Macaco Bong), Karina Buhr, Pupillo (Nação Zumbi) e a dupla Finlândia, para uma versão apoteótica de “O Porto”, última do set.

Em entrevista exclusiva ao TMDQA! após o show, Pitty reafirmou o cárater intimista das canções. Segundo a cantora, as músicas do que hoje é o Agridoce não foram feitas pensando em atingir um grande público, e não têm um propósito ou objetivo estabelecidos: “Eu não pretendo chegar a lugar algum”, desabafou, ainda atordoada pela boa recepção. “Na verdade, eu nunca quis. Eu não sei nem o que eu achei [do show], vou saber amanhã, vendo os vídeos na internet”. Distante dos grandes palcos, mas não das lentes e dos holofotes, Pitty se entrega a quem estiver disposto a ouví-la, sem medo da exposição excessiva: “É tudo muito sincero, verdadeiro, não tive ressalvas na hora de escrever. Afinal, a música serve para isso mesmo”.

Setlist – Agridoce no Studio SP, São Paulo, 31/05/2011:

1) B. Day
2) 20 Passos
3) Dançando
4) Epílogos e Finais
5) Romeu
6) Não Existe Amor em SP
7) Ne Parle Pas
8) Alvorada
9) O Porto