Mais uma vez, o nosso leitor Bruno Santana colabora com a equipe do TMDQA! mandando uma resenha de show. Desta vez ele nos contou como foi o show do Alice Cooper no Credicard Hall em São Paulo.
Alice Cooper: aprendendo a fazer rock ‘n’ roll com quem tem know-how
Era uma quinta-feira fria como outra qualquer. Acordei com o sol na janela, me arrumei e fui para o trabalho. Nas primeiras horas da manhã fiquei sabendo que ainda tinham lugares na excursão para o show da titia Alice e que haviam muitos ingressos para serem vendidos. Aí pensei, porque não?!
Liguei para meu parceiro de shows, Samuel, e ele topou na hora. Afinal de contas não é todo dia em que temos a chance de ver uma lenda do rock ‘n’ roll de perto e ainda por um baixo preço (cerca de R$ 60 a meia-entrada para a pista).
Negócio fechado! Eram só algumas horas para encerrar o expediente e partir de São Vicente para São Paulo – com escala em Santos (risos). Um trânsito razoável para chegar no local por causa do Hush e para “melhorar” nosso motorista foi parar do outro lado da marginal. Mas depois de mais alguns minutos, com a rota corrigida, chegamos ao Credicard Hall. Ainda tínhamos que retirar nossos ingressos na bilheteria.
Como toda aventura precisa de emoção, a atendente disse que nossas carteirinhas de estudante não valiam! Só no mundo de imaginação dela, já que a documentação é válida até outubro de 2012.
Ela pediu para que eu completasse o valor do ingresso – no caso dobrar o valor, como se fosse “inteira”. Usando a porcentagem de sangue brasileiro que eu tenho, desobedeci e entrei na fila de acesso ao interior da casa. Sem maiores problemas e sem pagar NENHUMA DIFERENÇA DE VALOR, consegui entrar graças aos sensatos seguranças que reconheceram a validade da minha carteira de estudante.
Agora era hora de ir para a pista e finalmente aproveitar o show – afinal de contas, fui lá pra isso e não me aborrecer com um péssimo atendimento de bilheteria. Já passava um pouco das 21h30 que era o horário marcado para o início do show. Mas quem se importava, Vincent Furnier (verdadeiro nome de Alice Cooper) não é inglês mesmo para ser pontual; e outra, muitos fãs ainda entravam no Credicard Hall por causa da habitual falta de organização dos brasileiros.
Por volta das 22 horas as luzes se apagaram e uma narração “assustadora” faz os fãs vibrarem com o começo do espetáculo que estavam prontos pra presenciar. A cortina que tinha o rosto da titia estampado caiu e revelou por trás dela uma banda com três guitarristas e a estrela maior em cima de uma torre gigante iniciando os versos de “Black Widow”. Vestindo uma jaqueta com garras de aranha já mostrou a que veio com esse clássico dos anos 70 que já foi emendado em “Brutal Planet” um dos sucessos mais recentes do rei do Shock Rock. É inegável a importância dessa lenda que em muitos anos de carreira tem vários sucessos para serem destilados em seus shows.
Um público variado (desde jovens até alguns nem tão novos assim) encheu, mas não lotou o Credicard Hall naquela noite fria do dia 02 de junho de 2011. Todos cantaram em uníssono a quase balada “I’m Eighteen” e “Under My Wheels”, executada em guitarras fortes e com seu riff marcante, ambas as músicas setentistas. O vocal não deixou nenhum momento a desejar. Nem a idade que já ultrapassa os 60 anos impediu a força peculiar de sua voz e a disposição de andar de um lado para o outro do palco.
A faixa que nomeia a atual turnê – “No More Mr. Nice Guy” – também teve seus versos cantados de ponta a ponta. A surpresa pra alguns fãs é que nesses shows, Cooper vem cantando “Hey Stoopid”; música que não fazia parte de seus set lists desde 1997. A plateia era sacudida com um hit atrás do outro e iam ao delírio como em “Billion Dolar Babies” quando ele veio com uma espada cheia de notas e jogou sobre os felizardos do “gargarejo”. Aliás, o ponto positivo é a falta de pista VIP o que aproximou mais o público do show.
Teve ainda um boneco gigante em “Feed My Frankenstein”; e lógico que não podia faltar a guilhotina para fazer a titia perder a cabeça, literalmente ou figuradamente (como preferir). Era um verdadeiro show de mágica para os olhos de que realmente curte o bom e velho rock ‘n’ roll. O ponto máximo (para mim pelo menos) foi “School’s Out”. Alice Cooper, que trocou de figurino mais de dez vezes, usava uma cartola brilhante e uma camisa da Seleção Brasileira, número 18 com o nome COOPER. Balões gigantes cheios de papéis picados eram jogados em cima do público que se divertia como verdadeiros alunos rebeldes que não precisavam mais de seus professores. Então nada melhor que inserir no meio dessa música outro clássico: “Another Brick In The Wall – Part II”, do Pink Floyd. Foi o que fizeram e o público já estava extasiado com esse banho sonoro. Pouco mais de uma hora e meia de show e a banda sai sob gritos de “OLEEEEEE, OLE OLE OLE… COOPER, COOPER”.
Rapidamente a Alice & Cia. voltaram trazendo nas mãos do frontman um mastro com a bandeira brasileira para executar perfeitamente “Elected” seguida de um cover de Jimi Hendrix, “Fire” com direito a chuva de papel picado em forma de pena. Enfim, eu não assisti a um show e sim espetáculo! Valeu cada centavo e posso dizer que esse ingresso já está lá junto com a galeria onde guardo Paul McCartney, Iron Maiden, Queens of the Stone Age, Ozzy Osbourne, Rammstein e Metallica, entre outros.
Alice Cooper
02 de junho de 2011
Credicard Hall, São Paulo – SP
Set list
- “The Black Widow”
- “Brutal Planet”
- “I’m Eighteen”
- “Under My Wheels”
- “Billion Dollar Babies”
- “No More Mr. Nice Guy”
- “Hey Stoopid”
- “Is It My Body”
- “Halo Of Flies”
- “I’ll Bite Your Face Off”
- “Muscle Of Love”
- “Only Women Bleed”
- “Cold Ethyl”
- “Feed My Frankenstein”
- “Clones (We’re All)”
- “Poison”
- “Wicked Young Man”
- “Killer”
- “I Love The Dead”
- “School’s Out”
- “Elected”
- “Fire”