Resenha: Beastie Boys - Hot Sauce Committee Part Two

O Beastie Boys definitivamente está de volta, e isso significa muita coisa.
Primeiro pra gente, que pode ouvir novas músicas de qualidade, já que os caras nunca falham, e segundo para o trio, que tem passado por indecisões e mudanças de planos devido ao câncer na parótida que Adam “MCA” Yauch ainda não curou totalmente.

“Hot Sauce Committee Part Two” deveria ser lançado, naturalmente, apenas após a parte 1, mas essa nunca foi lançada devido ao problema de saúde de MCA. Com um tratamento que está dando certo, os caras resolveram lançar a parte 2 agora, na data que estava planejada originalmente.

O disco começa com “Make Some Noise” e um “riff” aliado aos característicos vocais do trio sendo destilados como já é de costume, e logo de cara já dá pra matar as saudades de um dos grupos de hip hop mais interessantes de todos os tempos.
“Nonstop Disco Powerpack” parece uma conversa entre MCA, Ad Rock e Mike D entre si e com o ouvinte, e embora a voz de MCA sempre tenha sido rouca, aqui ela parece um pouco mais do que o normal, talvez por influência do tratamento feito para curar sua doença.

Na sequência vem “OK” com um guitarrinha, sons familiares e MCA abrindo os trabalhos. É impressionante como os 3 sabem alternar os vocais de um jeito único e fazer com que as músicas fiquem tão interessantes.

“Too Many Rappers” é uma nova versão da música já gravada anteriormente e conta com a participação de Nas, em uma visão um pouco mais pesada e escura do que a original. Outra música pesada é “Say It”, que tem uma introdução que mais parece o barulho de um complexo industrial qualquer e abre espaço para sons sujos e distorcidos e vozes cheias de efeitos, que criam um clima pesadão para a faixa.

Uma pequena introdução chamada “The Bill Harper Collection” precede o ponto alto do álbum, a faixa “Don’t Play No Game That I Can’t Win”, uma bela mistura de hip hop com reggae que conta com participação da cantora Santigold.
Definitivamente é a melhor faixa do disco. Em alguns momentos Santigold lembra Lily Allen em seu primeiro disco e em outros soa como M.I.A., e o refrão da música fica por conta dela, que manda bem demais.

“Tadlock’s Glasses” foi uma das primeiras faixas a serem lançadas e na verdade uma das menos interessantes do disco, e vem logo antes de “Lee Majors Come Again”, faixa que lembra a época em que o Beastie Boys era uma banda com guitarra, baixo e bateria e as origens da banda no punk rock. Entre todas as músicas lançadas pela banda nesse formato durante a carreira, talvez essa seja a menos interessante.

Pra encerrar os trabalhos, “Crazy Ass Shit” é uma faixa curtinha, com menos de 2 minutos, e vários vocais de crianças cantando o refrão, em mais uma música onde os B-Boys se apresentam e falam sobre Nova York. Ao final dela tem até uma palhinha de “Brass Monkey” interpretada por uma criança.
“The Lisa Lisa/Full Force Routine” e seus 49 segundos fecham o disco.

Esse não é o melhor disco da carreira dos Beastie Boys e não emplaca nenhum hit como “Sabotage”, “Body Movin'” ou “Fight For Your Right (To Party)”, até porque essa tarefa é árdua, mas é um grande disco de hip hop com sons e vocais que só o trio sabe fazer, e é definitivamente gratificante saber que os caras estão de volta.

A caixa do CD é muito interessante, uma espécie de Digipack mas com material bem mais reforçado, que abriga a embalagem onde além do disco está também um encarte/pôster e diversas ilustrações.
Gravadora e banda fizeram um belo de um trabalho e esse é daqueles CDs que quem é fã deve comprar, já que vale a pena e traz muito mais do que uma caixa de acrílico + “encarte” de 2 folhas. Recomendado!

Nota: 8,2/10