Há um tempo divulgamos que entrevistaríamos Juliette Lewis – a estrela de “Assassinos por Natureza“, “Cabo do Medo“, “Um Drink No Inferno” e a cantora/compositora da saudosa Juliette and the Licks e que, atualmente, faz carreira solo.
Pois bem, a entrevista foi realizada em parceria com o fã clube brasileiro da moça, o Juliette Lewis Brasil (que existe desde 2007 e é reconhecido e muito querido pela própria e pelos ex-membros do Licks), que também deu chance para que fãs do mundo todo também pudessem participar da entrevista.
Confira abaixo o resultado dessa parceria, que está apenas começando, e veja se a sua pergunta foi selecionada!
Avisamos que a entrevista aconteceu em maio deste ano, porém só foi liberada agora para que o JLBR pudesse inaugurar com toda pompa o seu novo site.
TMDQA! – Quando você pensa no Brasil e relembra sua adorável passagem por aqui, em 2007, qual é a primeira coisa que vem à sua mente? E quais são as suas expectativas para tocar em outro grande festival daqui?
Juliette Lewis – Me lembro do público incrível e como eles me receberam bem e à minha banda também. Foi um show muito especial porque eu sonhava em tocar no Brasil desde que comecei a tocar ao vivo, e lá estava eu quatro anos depois. Foi uma grande realização pessoal, e além disso poder tocar com Björk e The Killers!! Espero que depois de terminar o próximo disco eu possa ver todos vocês de novo e a gente possa dançar e suar e cantar e celebrar juntos!
TMDQA! – Depois de ver o filme “Cidade de Deus”, você declarou que adoraria trabalhar com o diretor Fernando Meirelles. Já houve alguma conversa, algum convite?
JL – Eu não cheguei a conhecê-lo, mas acho que ele tem um talento incrível, como poucos.
TMDQA! – Por falar em convite, como Matt Sorum surgiu com a ideia de você gravar com Cherrie Currie e como foi trabalhar com os dois? Em qual música você participou?
JL -Matt Sorum é um amigo de longa data, e sempre me apoiou muito em relação à música. Então quando ele me convidou para cantar backings para o álbum que ele está produzindo para a Cherrie Currie eu aceitei na hora!! Foi tudo muito rápido.
TMDQA! – O que a gente pode esperar de mais essa parceria sua com o Kemble (ex-guitarrista dos Licks)? (Confesso que adorei saber que estão trabalhando juntos novamente)
JL -Kemble Walters é um dos melhores guitarristas e com a melhor presença de palco que já tive o prazer de trabalhar. Estamos escrevendo músicas juntos para o próximo álbum. Ele tem uma carreira solo, então não sei se vai ser possível que ele faça turnê comigo. Mas eu ADORARIA ter ele junto.
JL Fanclub – Muitas das letras dos Licks e do “Terra Incognita” são de sua autoria. Você gosta de contar histórias, inventar personagens? Você tem vontade de escrever para o cinema?
JL -Eu escrevo TODAS as minhas letras e dirijo a visão geral de som e conceito dos meus álbuns. Minha música é uma expressão de todas as minhas emoções, fantasias e é a maneira mais divertida de me expressar. Sim, algumas músicas têm “personagens” como “Death of a Whore” de “Four on the Floor”, que é uma música sobre o assassinato violento de uma prostituta. E eu escrevi a letra da perspectiva dela. Eu adoro incorporar drama e contar histórias com minhas músicas. Todos os instrumentos oferecem sentimentos que realçam os meus próprios sentimentos e o que eu quero expressar. Como em “Hard Lovin Woman” de “Terra Incognita”, é a declaração de alguém que ama de maneira difícil e ama a vida e tudo que eu dôo e suporto nela. Não é sempre simples abraçar essa habilidade que todos temos de passar por problemas, sobreviver e manter a cabeça erguida.
E sim, eu estou escrevendo um filme agora. Espero poder filmá-lo um dia. E também quero fazer mais clipes para as músicas, que são como mini-filmes. Eu tenho milhares de idéias! Mas nem sempre tenho o dinheiro para fazer acontecer. Sou uma artista independente, então ganho grande parte do meu dinheiro na estrada e acabo investindo para fazer outro álbum.
JL Fanclub – Você tem parcerias incríveis no seu currículo com grandes artistas do rock e do pop. Tem alguém mais que você sonha em tocar ou compor, mas ainda não teve a oportunidade?
JL -Trabalhar com Dave Grohl como baterista do “Four on the Floor” e Omar Rodrigues-Lopez em “Terra Incognita” foi uma experiência surreal. Eu quero muito que a Linda Perry produza meu próximo álbum. Ela produziu o EP “Like a Bolt of Lightning” sete anos atrás, quando comecei! E ela escreveu “I am My Father’s Daughter” e “Comin’ Around” comigo.
Joan, Ohio (EUA): “Você acredita em superstições?”
JL – Eu acredito no poder de acreditar.
Rodolfo Balo, Capivari – São Paulo: “Muito se fala em uma atriz que formou uma banda. Porém existe a banda que formou uma atriz? Qualquer palco gera atuação? Ou o Rock remete a atitude e realidade, humano cru e nu, cuspindo suas atuações perante o filme da vida?”
JL -Eu amo a relação entre sons e emoções. Drama e música. Sempre usei a música para evocar emoção ou humor em um personagem. Para filmar “Assassinos por Natureza” eu ouvi repetitivamente “Voodoo Child Slight Return” e “Killing Floor” do Jimi Hendrix.
Maira, São Paulo: “Na sua opinião, existem esteriótipos de mulheres que tocam em bandas de rock n’ roll? Você se vê em algum desses esteriótipos?”
JL -Eu não sei e não me importo. Meu interesse na música e em escrever letras sempre teve a ver com a experiência de um show ao vivo. Eu sou profundamente conectada com todos os aspectos das músicas que escrevo; da batida da bateria, do ritmo da guitarra, solos, melodia, tudo é uma extensão da minha chama criativa e do meu “eu” espiritual, bem como da minha vida de fantasia emocional. Ao vivo eu gosto de me despir de tudo que é pretensioso e toco com a energia do lugar e do público. Eu perco totalmente a consciência quanto toco ao vivo. É um momento de largar o medo e a dor e me render ao mundo espiritual do rock n’ roll 🙂
Rob, West Midlands (Reino Unido): “Qual artista/banda você ama mas ninguém esperaria que você amasse?”
JL -Disco, eu amo tudo relacionado à Disco Music do passado. Tem linhas maravilhosas de baixo e ritmos incríveis em muita coisa Disco, e eu amo ALGUMAS coisas de dance music como, atualmente, Robyn.
Christine, Manchester (Inglaterra): “Qual momento da sua vida te ensinou mais sobre você mesma e sobre essa viagem louca que chamamos de vida?”
JL -Provavelmente quando eu decidi aos 30 anos formar uma banda de rock. Eu sabia que seria o começo de uma jornada longa, excitante e tumultuosa. Foi difícil finalmente revelar quem eu realmente sou como artista. Eu estava pisando num terreno totalmente desconhecido, e é exatamente isso que meu álbum “Terra Incognita” significa para mim. É sobre se doar ao seu lado criativo e abandonar todo o medo. Fazendo filmes eu era apenas parte do que sou. Música é tudo, nela sou líder, compositora, empresária, artista, dramaturga, cantora… fada, cigana…
Stephanie, Califórnia (EUA): “Qual CD está tocando no seu carro nesse momento?”
JL -Uma banda eletrônica chamada Solid Gold. Mas eu geralmente faço CDs com um monte de músicas, indo de “Y Control” dos Yeah Yeah Yeahs a Tina Turner. Rap antigo do tipo Eric B ou Rakim, ou o punk dos Dead Boys. Eu tenho músicas que se encaixam nos meus diferentes humores. E eu gosto de escrever minhas musicas assim, também. Eu estou muito ansiosa pelo meu próximo álbum. Ele é MUITO rock mas também dance e divertido e cheio de sabores!!
Eu vejo vocês muuuito em breve no Brasil para um show ao vivo!