Entrevistas

<b>Entrevista</b> com <b>The Salad Maker</b>

Fizemos uma entrevista com o <b>The Salad Maker</b>, uma das bandas de rock independente mais legais do país, que acabou de lançar novo disco, chamado <b>"Only Music Now!"</b>.

Entrevista com The Salad Maker

O The Salad Maker é uma banda de São Bernardo do Campo que depois de se estabelecer nas noites de Londres voltou ao Brasil para continuar fazendo muito rock por aqui.

Após o EP “Howl At The Moon”, eles lançaram o disco “Only Music Now!” via Pisces Records, e estão fazendo diversos shows ao redor do Brasil para divulgar o trabalho, tendo inclusive vencido concurso para tocar no palco principal do grande festival João Rock no interior de São Paulo esse ano.

Recentemente fizemos uma entrevista com os caras para saber como foi o início da carreira em Londres, como tem sido a recepção dos novos trabalhos, os shows no Brasil, discos e muito mais.

Confira logo abaixo!

TMDQA!: O The Salad Maker é uma banda brasileira que durante muito tempo teve como base Londres e agora voltou a terras nacionais para fazer muito barulho. Conte-nos um pouco da história do TSM.
Vanzella: A banda iniciou-se em Londres no ano de 2008. Nosso primeiro show foi no Studio Dr. Martens (marca de botas que ficou famosa com o Sex Pistols) dentro do HoundHouse. Tocamos em diversas casas de Londres, norte, sul, leste e oeste. Fizemos uma correria da pesada lá. Colávamos QR-Code por toda cidade. Lançamos um EP lá, que foi gravado no Brasil. A gente vendia nos shows e também nas ruas enquanto eu tocava pra fazer uma grana. Enquanto eu estava em Londres, eu aproveitei o nome da capital inglesa para agendar uma turnê no Brasil. Nenhum dos músicos de lá pode vir, então eu chamei uns amigos meus, passei as músicas para eles e fizemos uma tour indie pelo sudeste brasileiro. Isso no começo de 2010. Foi aí que eu percebi que o Brasil tinha mudado, ainda estava longe de ser Londres, mas tinha uma cena bacana. Antes de ir pra Londres eu já era músico aqui no Brasil e tinha alguns contatos legais, então pensei, em utilizá-los no Brasil e voltar pra casa, continuando a banda lá. Fazia três anos que eu estava afastado de todos os meus grandes amigos, de toda minha família e a turnê uns meses antes foi o start pra eu voltar. Mais uma vez, nenhum dos músicos de lá quis vir. Como eu sentia que o TSM era muito mais meu do que de qualquer outro músico, voltei pra cá com o nome/marca, chamei meus amigos Dênis, Romano e Pandorf pra continuar o projeto. Em quase um ano de Brasil, já lançamos dois trabalhos, “Howl at The Moon” e “Only Music Now!”, participamos de diversas entrevistas em sites, blogs, TVs e rádios. Hoje contamos com uma equipe de quatro colaboradores pra ajudar a banda. Estamos tocando bastante, então as coisas estão indo muito bem pra gente aqui no Brasil.

TMDQA!: Tendo lançado um EP e clipe (“Bigger Than This”) elogiadíssimos, a banda lança agora seu mais novo trabalho via Pisces Records. Como foi o processo de gravação de “Only Music Now!” e quanto tempo a banda trabalhou até finalizar o trabalho?
Vanzella: Todos nós já tivemos outras bandas e já gravamos diversas vezes, mas o “Only Music Now!” foi sem dúvida o nosso trabalho mais pesado até agora. O processo durou quatro meses, entre composição e finalização. Eu já tinha algumas músicas e dentre elas, a banda se reuniu e decidiu as cinco que seriam lançadas. Daí começamos o processo de composição de arranjos, logo seguido de ensaios e mais ensaios. Quando pensamos, agora sim, tá tudo certo, decidimos gravar uma pré apenas para fazer alguns ajustes. escutamos a pré e reformulamos o que era necessário, enquanto isso nosso Produtor Musical, Júnior Meira, escutava a pré em casa e fazia suas anotações. O próximo passo então foi fazer ensaios com o produtor e ouvir suas sugestões. Todo esse processo levou cerca de dois meses e meio e, aí sim entramos em estúdio. Nós somos de São Bernardo, então estávamos indo todos os dias pra Vila Madalena gravar, sempre de noite. Convidamos dois músicos pra gravarem teclados e gaita. Enquanto gravávamos, a Pisces entrou em contato conosco pra lançar nosso segundo EP, o “Howl at The Moon”, foi então que eu fiz a proposta de lançar o nosso novo trabalho o qual está à venda no site da gravadora. Lançamos o “Only Music Now!” em Abril, mesmo não tendo o trabalho pronto da fábrica, mas fizemos os piratas do nosso próprio CD pra divulgar. São os que estamos vendendo até hoje. O CD deve chegar da fábrica no final de junho e estará a venda em lojas e internet no começo de julho. Quem comprou o “Only Music Now!”, pode ficar tranquilo, pois o trabalho é exatamente o mesmo, a única diferença é que agora se algum fiscal entrar nos nossos shows, ele não poderá confiscar nossos CDs.

TMDQA!: Há a previsão de lançamento de um vídeo para single retirado desse disco?
Romano: Sim, Mas clipe para banda independente é complicado. Temos a idéia pronta, mas estamos viabilizando o projeto tentando fechar com algumas parcerias. A previsão de lançamento é para meados de julho e agosto.

TMDQA!: Como têm sido os shows da banda? Pelo que temos visto a agenda está bastante ativa com shows em São Paulo e por outros Estados do País, como está a recepção do público?
Vanzella: Cara, não sei o que acontece, por onde passamos só encontramos uma galera gente boa, público enérgico. Até mesmo no João Rock, onde esperávamos um, vai logo, ou um, sai daí, de 10 mil pessoas, a galera pirou e cantou junto. Temos a grande felicidade de conseguir agradar a maioria das pessoas que estão presentes em quaisquer eventos. Por exemplo, Campo Grande, show que fizemos semana passada, a galera dançou de verdade, saca? Normalmente você vê o público, pulando, agitando, ou então analisando pra escrevendo no blog no dia seguinte, kkkk. Mas lá a galera dançou mesmo. Outra coisa bacana é que sempre surpreendemos nosso público.

TMDQA!: O que ficou de bagagem para a banda da experiência vivida em Londres? Como você eram vistos por lá? Uma banda de fora ou uma banda local?
Vanzella: Éramos vistos como a banda dos brasileiros, mas uma banda local. Nunca senti nenhum preconceito com isso, na verdade era até mais legal, pois a banda tinha um rótulo, o que fazia com que os produtores lembrassem da gente facilmente. Sempre fomos bem vistos, nossos shows eram muito bons, ainda não tínhamos um público e coisa e tal, pois era bem início, mas fazíamos a galera curtir a noite. Na real, tanto lá quanto aqui, quem não conhece a banda fica ali parado olhando, analisando por uns 5 minutos e depois entra no clima. Agora, muitas coisas ficaram na bagagem quando eu voltei de Londres. Lá, ser músico é uma profissão, trabalhar na indústria musical é uma profissão, mesmo que seja no início de uma carreia. Isso faz com que as pessoas entrem no mercado de trabalho para competir e crescer, o que é diferente no Brasil, onde elas entram para usar. Usam as bandas, usam as casas, usam tudo e depois montam uma revenda da Vivo, saca? Nem todos que trabalham com música no Brasil estão realmente interessados em trabalhar ali. Na maioria das vezes elas caem de pára-quedas na música, vêem uma oportunidade de ganhar dinheiro e logo que possível fogem. Por isso, bandas, não escutem aquele seu amigo que diz: Para com isso e arruma um emprego num banco. Ou então sua família que diz: Para com isso e vai fazer um curso, uma faculdade. Não toquem de graça, não se rebaixem para produtores só por que o cara organiza shows do Kaiser Chiefs. Uma casa de show tem que oferecer tudo o suporte para as bandas. Um Produtor Cultural tem que divulgar o evento. Uma gravadora tem que gravar. Saca? São coisas tão simples e em Londres é assim. E no Brasil não é por quê? Pois muitos pilantras por aí gostam de brincar com os sonhos dos outros para conseguirem realizar os próprios sonhos. O grande culpado disso tudo é aquele que apóia. O produtor que coloca 10 bandas desconhecidas pra abrir pro Fresno e faz com que essas bandas vendam 50 ingressos cada, ou então o bar que quer música ao vivo, mas que não tem equipamento. E quem sai perdendo? A música, sempre a música. Pois a qualidade sempre fica de lado e o que importa é o dinheiro.

TMDQA!: Como vocês vêem o mercado da música hoje em dia? Acho que a banda faz um trabalho muito interessante ao aliar meios digitais e distribuir cópias físicas de CDs com capas de tecido e outros formatos que chamam a atenção e fazem com que ter o disco fisicamente seja interessante.
Romano: Agente também aposta na idéia de souvenires para usarmos em nossos CDs. Queremos tratar eles como presentes, algo que marque cada trabalho da banda de forma única, como o “Howl at The Moon” que teve mais de 500 CDs em circulação sem ter uma capa igual a outra. É legal se preocupar um pouco com quem está comprando um cd, pois sabemos que quem faz isso hoje em dia já merece um grande respeito e admiração.

Dênis: Não é uma crítica, mas a internet fez com que muita gente perdesse o hábito de comprar discos. Nosso disco também é uma tentativa de recuperar isto. Fazer com que você tenha vontade de tê-lo em casa e compartilhar com outra pessoa.

TMDQA!: Vocês são fãs de discos de vinil? Já pensaram em lançar discos da banda nesse formato?
Romano: Somos da geração dos CDs, não vamos mentir aqui que temos vitrolas e vinis raros e etc… Mas gostamos do glamour que este formato traz, aonde foi marca de uma grande geração dos artistas que mais nos influenciam. Então em homenagem a eles, pensamos e muito em lançar este formato!

TMDQA!: Há obviamente uma facilidade natural da banda em cantar em Inglês. Vocês acham que isso atrapalha na hora de lançar seus trabalhos no Brasil? Há planos de compor em Português?
Vanzella: O Português pra mim é apenas mais uma ferramenta de composição, assim como utilizamos uma gaita nesse novo trabalho. Então quando for o momento certo, entenda momento certo como o momento em que rolar de compor uma música em português, a gente vai lançar sim. E por que não uma em Francês? Ou Espanhol? Vamos ver o que rola. Se ficar legal não tem o porquê não fazer.
Não acredito que isso atrapalha a divulgação no Brasil não. Conheço muita gente que escuta muita música gringa e não entende a letra. A maioria das rádios na cidade de São Paulo toca músicas em inglês. Acho que a gente tem que parar com esse preconceito nosso que se o cara é brasileiro, ele tem que cantar em português. Temos que valorizar nossa cultura, nossa música e coisa e tal. Aí esse cara que falou isso daí coloca um CD do Queen pra ouvir. Totalmente paradoxal. Banda brasileira que canta em inglês não vende? Me diz uma banda brasileira que atuou no Brasil cantando em inglês que algum investidor/gravadora apostou? Nenhum. Aí os caras vão lá pra fora e viram ícones. ícone do Metal, ícone do Eletrorock, etc.

TMDQA!: O The Salad Maker une rockão tradicional ao indie e ao punk, como vocês vêem o estado atual da cena alternativa brasileira para esse tipo de som? Que outros nomes têm se destacado na opinião de vocês.
Vanzella: Cara, a moda na cena brasileira atualmente é unir rock’n’roll com batidas brasileiras e de preferências todas elas juntas. Vejo milhares de bandas fazendo a mesma coisa. Moda né? Não tem nem o que falar. Poucos vão pra frente, enquanto amanhã a maioria está seguindo outra moda numa tentativa desesperada pra bombar. Pra The Salad Maker, nosso som é aceito na maioria dos lugares que tocamos. O público gosta e eu acho que gosta, pois eles já estão cansados de ouvir mais do mesmo. Talvez seja até um alívio. Claro que não estou falando que somos únicos nesse barco. Tem diversas bandas fazendo algo novo e de qualidade por aí. Nossos brothers do Vivendo do Ócio, a galera do Brolies and Apples, Os Azuis, e várias outras.

Dênis: E não só a cena alternativa, mas a cena do rock nacional está carente de coisa nova. Esperamos contribuir para esta renovação junto com bandas outras bandas que tem essa mesma disposição.

TMDQA!: Vocês têm mais discos que amigos?
Vanzella: Cara, acho que não, a gente tem muito amigo. Mas acho que temos mais mp3 do que amigos. kkkk

Romano: Quanto mais idade menos amigos… Já os discos só melhoram com o tempo!

Dênis: Com certeza!

TMDQA!: Deixem um recado para quem ainda não conhece o The Salad Maker e para os fãs da banda!
Vanzella: Galera que não conhece a banda. Tudo que foi dito a cima é apenas a minha visão das coisas, não vão na minha idéia não, vivam e tirem suas próprias conclusões.
Agora, para os nossos fãs. Valeu pelo apoio e pela força. Compareçam nos nossos shows pra tomar uma breja conosco e não fiquem com vergonha de nos chamarem. Tamo junto!

Romano: Para os fãs, obrigado a todos que vem nos acompanhando nesta história recente da banda no Brasil.
Para quem não conhece,O sucesso é ser feliz…

Dênis: Experimentem!