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Resenha: <b>Florence + The Machine - Lungs</b>

Leia resenha do elogiado disco de estreia de <b>Florence + The Machine</b>.

Florence + The Machine - Lungs

Resenha por Gilvan Tessari

O primeiro, e único por ora, disco da projeto da inglesa Florence Welch, Florence and The Machine, escancara suas opções estéticas logo na capa. O vozeirão da moça, aparentado do timbre de Rachel Morrison, da banda oitentista Bliss, se impõe logo na primeira faixa, e declara que ninguém ficará impassível: é amar ou odiar.

É fácil traçar um parentesco deste disco com o segundo da Bat For Lashes, mas aqui a variedade rítmica é maior. Há faixas climáticas e crescendos recheados de mistérios e invenções, é verdade; as percussões, entretanto, são mais incisivas. Certas canções funcionariam bem no baile, como a rápida e fulminante A Kiss With a Fist, seguida de Girl With One Eye, uma balada para dançar bêbado com a menina com rabo-de-cavalo e milk-shake. Garotas de um olho só, inclusive, poderiam muito bem ser um dos assuntos de Regina Spektor em seu excelente Marian Meets The Gravediggers.

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Há quem classifique a moça com o rótulo de Neofolk, denominação de qual discordo. Prefiro Por Barroco, pela carga de elementos que as canções carregam. Elementos celtas transitam pelas letras e na forma como Florence coloca seu vocal. Adeptos da Nova Era deveriam amar, mas pode ser que torçam o nariz para a intensidade da moça. O incenso é dos fortes, pode sobrecarregar ouvidos mais sensíveis.

Florence funciona de uma forma teatral, como se fosse um extrato dos momentos mais escandalosos de um filme de Tim Burton. Não se trata de pouca pretensão; há uma forte componente mística, um convite a caminhadas imaginativas numa floresta de elfos. Portanto, não esqueça dos cogumelos. Impressionante é que tantas idéias estejam fluindo da cabeça de uma artista tão jovem; nem tudo está perdido no século XXI, embora eu realmente não entenda como a epopéia hippie-wicca de Florence tenha dividido as paradas com astros duvidosos atuais como Akon e Rihanna.

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