Resenha: <b>Deep Purple</b> em São Paulo (10/10)

Pela sétima vez no Brasil, a banda mostrou entusiasmo de iniciante na capital paulista.

Resenha: Deep Purple em São Paulo
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Resenha: Deep Purple em São Paulo

Para alegria dos roqueirões grisalhos e dos jovens fãs de Guitar Hero, o Deep Purple deu mais uma aula de rock n’ roll nesta segunda-feira (10), no Via Funchal, em São Paulo. A apresentação – a quarta na mini-turnê que também passou por Belém, Fortaleza e Campinas – faz parte da sétima passagem dos britânicos pelo país. Mas entre pais, filhos, amigos e casais que lotavam a casa, o clima era de uma intensa e emocionante primeira vez.

O setlist não variou quase nada em relação aos outros três shows em território brasileiro. Calcado no álbum Machine Head (1972), e passando por diversas outras fases da banda, a sucessão de clássicos conseguiu manter o público atento e interessado por boa parte da noite.

O começo impactante com a trinca “Highway Star”, “Hard Lovin’ Man” e “Maybe I’m a Leo” fisgou a plateia de cara. Mesmo nos trechos mais lentos do show, como na bela “When a Blind Man Cries”, o Deep Purple tinha o público nas mãos, apesar do calor insuportável dentro do Via Funchal – aparelhos de ar-condicionado sopravam um vento quase morno nos presentes durante toda a noite.

Os fãs mais empolgados pulavam e gritavam como se fosse a última oportunidade de ver aquelas lendas do rock ao vivo, medo manifestado por muitos fãs preocupados com a idade avançada dos integrantes. Mas apesar do obstáculo do tempo – até o guitarrista Steve Morse, o “caçula” do grupo, está grisalho – a performance técnica do quinteto foi quase impecável.

Quase porque, infelizmente, Ian Gillan não possui mais a garganta de ouro que o transformou em um dos maiores vocalistas do rock mundial. Aos 66 anos, Gillan sofre para prolongar as notas mais altas, mas não desafina nem perde a pose: ainda é capaz de causar inveja a muitos cantores por aí.

Durante os solos e intervenções instrumentais de Morse, do animado baixistaRoger Glover, do tecladista Don Airey (que substituiu Jon Lord em 2002) e do excepcional baterista Ian Paice, Gillan aproveitava para descansar a voz, exigida principalmente na sequência “Perfect Strangers”, “Space Truckin'” e “Smoke On The Water” (precedida por um trecho de “Back In Black”, do AC/DC), que fechou o set principal.

O Deep Purple ainda voltou para um bis, mas nem precisava. O sorriso estampado no rosto dos suados “camisas-pretas” denunciava o cansaço, mas deixava clara a disposição do público de voltar pela oitava, nona, ou décima vez. E se continuar assim, quem é que vai reclamar se eles voltarem?

O grupo ainda passa por Belo Horizonte (11/10), Florianópolis (12/10) antes de fazer uma segunda apresentação em São Paulo, no dia 25 de outubro.

Setlist:

01 – Highway Star
02 – Hard Lovin’ Man
03 – Maybe I’m A Leo
04 – Strange Kind Of Woman
05 – Rapture Of The Deep
06 – Mary Long
07 – Contact Lost / Solo de guitarra (Steve Morse)
08 – When A Blind Man Cries
09 – The Well-Dressed Guitar
10 – Lazy
11 – Knocking At Your Back Door
12 – No One Came
13 – Solo de teclados (Don Airey)
14 – Space Truckin’
15 – Perfect Strangers
16 – Back In Black / Smoke On The Water
17 – Going Down (intro) / Hush
18 – Solo de baixo (Roger Glover)
19 – Black Night