Fotos por Samyr Aissami
No segundo dia de SWU, 13/11, o line-up do evento viajou entre bandas de pop-rock, southern rock e figurões dos anos 80 para tentar animar a plateia que enfrentou uma chuva chata que ia e voltava durante todo o dia.
O Domingo foi, sem dúvida alguma, o dia mais vazio das 3 datas do festival e contou com diversas polêmicas como a briga entre Ultraje A Rigor e Peter Gabriel (até Chris Cornell entrou no meio), o cancelamento do show do Modest Mouse e Courtney Love disparando contra meio mundo durante o show do Hole.
Confira logo abaixo resenhas e fotos exclusivas dos shows do festival.
Ultraje A Rigor
O Ultraje A Rigor era uma das atrações mais esperadas do dia, pelo menos por mim, por ser um baita representante da história da música de nosso país e estar na ativa há 30 anos, além de ter voltado à mídia ao tornar-se “banda de apoio” do programa de TV de Danilo Gentili.
Com um show repleto de hits como “Inútil”, “Nada A Declarar” e “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, a banda fez um showzão que agradou todos que estavam ali na chuva, mas que foi marcado pela polêmica briga entre membros da equipe da banda e de Peter Gabriel.
Tudo começou quando o show do Ultraje teve de ser remarcado devido à forte chuva que caía exatamente em cima do palco onde a banda tocaria e impossibilitava a apresentação. Tendo que tocar mais tarde, a banda acabou sendo pressionada por roadies de Peter Gabriel que forçavam para que a banda brasileira terminasse seu show antes e assim eles pudessem continuar montando o palco onde Gabriel e Orquestra se apresentariam mais tarde.
Segundo Trovão, irmão de Roger e roadie da banda, um membro da equipe de Gabriel partiu para cima dele e “ele não leva desaforo pra casa, muito menos em seu país”, e a confusão foi formada.
No palco, o vocalista do Ultraje A Rigor, Roger Moreira, disse que o problema seria com Chris Cornell e soltou várias frases como Gringo vem para o Brasil cagar na nossa cabeça e O Chris Cornell disse que se a gente não acabar o show mais cedo ele vai embora. Ohhhhh, além de dedicar a canção “Filha Da Puta” para os gringos e desejar que eles entendessem pelo menos um pouco de Português.
Apesar disso, logo após seu show, ele confirmou para a televisão que o incidente era mesmo com a equipe de Peter Gabriel.
Ao final do set, a banda tentou fechá-lo com “Marylou”, mas roadies de Peter Gabriel desligaram os equipamentos da banda no meio da música.
Apesar de toda a polêmica, o Ultraje fez um dos shows mais interessantes de todo o festival e fica a lição para a organização do festival que problemas acontecem e é preciso saber lidar com eles. A previsão do tempo apontava chuva para Domingo e a equipe de Peter Gabriel deveria ter sido contida pois, definitivamente, não era dona do festival.
Tedeschi Trucks Band
O show do Tedeschi Trucks Band começou assim que foi dado o aviso de que a apresentação do Ultraje A Rigor estava adiada por causa da chuva.
Com um palco um pouco menos molhado que o da polêmica citada acima, a banda trouxe seu rockão recheado de guitarras, slides e instrumentos de sopro que foram conquistando pouco a pouco o público que, em sua maioria, não conhecia a banda do casal Derek Trucks e Susan Tedeschi.
Se por um lado Derek arrancou comentários de guitarristas de plantão, Susan impressionou com sua voz poderosa e o grupo conseguiu quebrar o gelo do clima cinza e chuvoso que havia se instaurado na arena.
Com uma apresentação interessante que só pecou em momentos onde músicas instrumentais muito compridas imperaram, o Tedeschi Trucks Band definitivamente deixou sua marca no festival.
Chris Cornell
Chris Cornell subiu ao palco após o show do Ultraje A Rigor e para o público, toda a polêmica com a banda era justamente com o vocalista do Soundgarden, já que Roger Moreira havia dito seu nome quando falava sobre os “gringos que vinham cagar em nossa cabeça”.
Dessa forma ficou uma expectativa para saber como o público reagiria quando o cara subisse ao palco e se entraria na onda da briga que acontecera minutos antes.
Mas foi só começar a tocar “Doesn’t Remind Me”, do Audioslave, que os presentes foram ao delírio e ficou claro que as pessoas estavam ali para aproveitar o show. Cornell não citou a confusão Peter Gabriel x Ultraje A Rigor em nenhum momento, e nem precisava.
Tocando músicas do Audioslave, sons próprios e também do Soundgarden, Chris conquistou a plateia e disse que ano que vem voltará ao país com o Soundgarden completo, e não apenas um “violão idiota”.
Em várias músicas Chris tocou acompanhado de Alain Johannes, artista que tocou no SWU do ano passado e é colaborador de bandas como Queens Of The Stone Age e Them Crooked Vultures. No set do SWU, Alain tocou a própria “Endless Eyes”, a pedidos do próprio Cornell.
Com pouco menos de uma hora, o show foi encerrado ao som de “Blow Up The Outside World”, do Soundgarden, e agora todos esperam que a promessa de Chris sobre a vinda de sua banda se torne verdade.
Setlist:
01 – Doesn’t Remind Me
02 – Wide Awake
03 – Can’t Change Me
04 – Fell On Black Days
05 – Be Yourself
06 – Wooden Jesus
07 – Like a Stone
08 – Black Hole Sun
09 – Billie Jean
10 – Endless Eyes (Alain Johannes)
11 – Hunger Strike
12 – Blow Up The Outside World
Hole
Em um dia de polêmicas, Courtney Love e seu Hole subiram ao New Stage após o aviso de cancelamento da apresentação do Modest Mouse e Courtney estava armada de uma verdadeira metralhadora de palavras que atirou para todos os lados durante o show da banda.
Aparecendo no palco praticamente do nada e acompanhada de vários modelos, Love falou um monte de coisas a respeito de como as modelos brasileiras são lindas e as únicas no mundo que sabem dançar, por isso ficariam ao lado dela durante a apresentação da banda.
“Sympathy For The Devil”, dos Rolling Stones, foi usada para abrir o show e logo na sequencia veio “Skinny Little Bitch”, após um comentário de Love sobre Gisele Bundchen: “Ela não é gostosa. É bonitinha”.
Músicas como “Violet”, “Celebrity Skin” e “Malibu” foram cantadas por toda a plateia, mas era no intervalo de cada uma das canções que Courtney chamava a atenção de todos.
Primeiro ela pegou uma camiseta da plateia que lia “Courtney Be My Bitch” e a vestiu, para logo após pedir que alguém jogasse um gloss para ela pois seu lábio estava seco. Não contente, ela disse que tinha herpes, para depois desmentir o que havia acabado de falar.
Courtney cogitou tocar “Pennyroyal Tea”, do Nirvana, mas seus companheiros de banda não sabiam, então a ideia foi abortada, para a moçoila (senhora?) então começar a falar sobre Billy Corgan, do Smashing Pumpkins, que segundo ela teria escrito os discos Siamese Dreams menos uma música e Mellon Collie And The Infinite Sadness menos uma música, para ela.
Ainda segundo Love, a frase “The killer in me is the killer in you”, da música “Disarm”, dos Pumpkins, seria dela e a intimidade do casal foi revelada já que Corgan não faria sexo com ela.
Outra cover do set foi de “Bad Romance”, de Lady Gaga, que teve sua letra trocada por frases como Eu quero sua lepra, eu quero sua doença e recheada de outros palavrões.
Ao ver uma foto de Kurt Cobain sendo mostrada por um membro da plateia, Courtney começou a falar de um assunto que se tornaria recorrente no show: seu falecido ex-marido e a briga com Dave Grohl, baterista do Nirvana e líder do Foo Fighters.
Por diversas vezes Courney disse que Dave Grohl tem muito dinheiro e que não deveria tirá-lo de “uma mãe, uma irmã e uma filha”. Segundo Love, “se você não escreve a música, não a publica, e não tem direito de ganhar dinheiro”.
Antes de deixar o palco “nervosa” para o bis (isso pareceu bem programado), Love disse que não tinha nada contra quem gostasse do Foo Fighters, mas pediu para que ninguém gostasse da banda na sua frente.
Após um curto intervalo o guitarrista do Hole foi até o microfone e disse que Courtney só voltaria se todos gritassem “Foo Fighters Are Gay”, o que o público fez sem muita empolgação e a cantora voltou, para novamente falar mal de Dave Grohl.
Musicalmente falando o show foi interessante, e mesmo que Love seja a única integrante original, o grupo tem lá seus méritos e um set conciso, que só fica bagunçado pelas reclamações da Sra. Love, que apesar de exagerar em muitos momentos, acaba sendo um espetáculo a parte para, pelo menos, dar umas boas risadas.
Duran Duran
Nostalgia.
Apesar de ter lançado um disco recentemente chamado All You Need Is Now, o Duran Duran deu ênfase aos seus hits dos anos 80 na apresentação da banda no SWU.
Com um som típico de 3 décadas atrás e que ao vivo está muito bem ensaiado, a banda liderada por Simon Le Bon soube como fazer o público cantar junto e entrar em um verdadeiro túnel do tempo com sons como “Hungry Like The Wolf”, “Notorious” e “Rio”, que fechou o set.
Pra quem viveu a época dos caras, o show valeu muito a pena, mas quem não conhecia os caras deve ter ficado um tanto quanto por fora do que rolou por ali.
Peter Gabriel And The New Blood Orchestra
Confesso que eu tinha dúvidas sobre como o público receberia o show de Peter Gabriel com a New Blood Orchestra em Paulínia, mas foi só o cara iniciar a apresentação e os presentes soltarem os gritos mais altos do dia para perceber que ali tinha muita gente interessada em ver o espetáculo.
Apesar disso, quem não era um desses fãs fervorosos achou o show um tanto quanto enfadonho, principalmente porque a maioria do público que estava aos arredores do palco ou do outro lado da arena já estava esperando o rock do Lynyrd Skynyrd.
Interagindo com a plateia em Português, Gabriel não citou a confusão com a equipe do Ultraje A Rigor, mas sim fez questão de agradecer ao público brasileiro e dizer que estava feliz em poder mostrar seu trabalho para nós.
Com um setlist de 12 música mais 3 no bis, o cara mostrou que ainda manda muito bem nos vocais e acompanhado da Orquestra New Blood fez com que o palco virasse um espetáculo com tom mais sério e destoasse um tanto das outras apresentações do festival.
Assim que terminou sua apresentação, os fãs de Lynyrd Skynyrd lá do outro lado da arena comemoraram e puderam então saborear uma das maiores bandas de southern rock do mundo, que iniciaria seu show.
Lynyrd Skynyrd
E se o dia foi recheado de nostalgia, o Lynyrd Skynyrd veio pra fechar a noite justamente nesse clima.
Apesar de contar apenas com Gary Rossington de sua formação clássica, a banda que teve vários membros mortos em um acidente aéreo nos anos 70 ainda atrai muitos roqueiros, velhos ou novos, para tocar seus sons recheados de solos de guitarras.
Com um set de 14 músicas, a banda optou por dar ênfase a clássicos antigos e deixar seus dois maiores hinos para o final da apresentação, mas também tocou músicas como “Skynyrd Nation”, do disco God & Guns, de 2009.
No meio do set, a balada “Simple Man” foi acompanhada de perto pelo público e mais três músicas, “T For Texas”, “Gimme Three Steps” e “Call Me The Breeze” vieram antes do mega hit “Sweet Home Alabama”.
Nem é preciso dizer que o público foi ao delírio com uma das músicas mais conhecidas de todos os tempos, mas como se não fosse suficiente, o Lynyrd Skynyrd ainda mandou a épica “Free Bird” para fechar o show e também o segundo dia de SWU de forma mais do que nostálgica em um dia que levou todos os presentes aos anos 70, 80 e 90.