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Resenha: <b>Terceiro dia</b> de <b>SWU 2011</b> - 14/11

Veja resenhas, fotos exclusivas e shows na íntegra do último dia de <b>SWU 2011</b>, que contou com <b>Raimundos, Loaded, Black Rebel Motorcycle Club, Down, 311, Sonic Youth, Primus, Megadeth, Stone Temple Pilots, Alice In Chains</b> e <b>Faith No More</b> e fez a viagem até Paulínia valer a pena.

Down no SWU 2011

Fotos por Samyr Aissami, exceto onde especificado
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O terceiro e último dia de SWU 2011 foi marcado por bandas de rock, metal e hardcore, e foi sem dúvida alguma o dia mais importante do festival.

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Desde o anúncio do line-up, o dia 14 era visto como melhor, tinha a maior procura de ingressos e teve isso tudo visto na prática quando a Arena teve seu maior público e aí sim deu cara de Festival ao evento, em contraste aos 2 dias anteriores.

Que fique a lição para que no ano que vem tenhamos três “dias 14” no festival, pois não só é viável, como eu diria até que recomendável.

Veja logo abaixo resenhas e fotos exclusivas dos shows desse dia.

Raimundos

Foto por Portal Virgula

O Raimundos foi “a banda mais pedida das redes sociais” para que tocasse no festival, e o motivo disso pôde ser comprovado quando os primeiros acordes de “Fique, Fique” foram entoados.

Apesar de escalada para um horário ruim, 14:10, o local já estava cheio de gente que enfrentou a chuva para acompanhar o barulhento show de uma das maiores bandas do país.

Com o som altíssimo e guitarras pesadas, a banda foi liderada por Digão, que parece ter finalmente aprendido a ser um frontman e lidar com o público, liderar a banda e atuar como tal.

Mandando São Pedro “tomar no cu”, organizando a “maior roda de pogo do mundo” e puxando coros e introduções para diversos dos seus hits, o cara capitaneou o quarteto em hits como “Esporrei na Manivela”, “Nega Jurema”, “Mulher de Fases”, “Puteiro em João Pessoa” e “Eu Quero Ver O Oco” e fez um show que literalmente, fez muito mais barulho e chamou muito mais a atenção dos presentes do que várias atrações gringas que tocaram durante a tarde.

Duff McKagan’s Loaded

Foto por Omelete

O Loaded, banda de Duff McKagan, baixista da formação mais importante do Guns N’ Roses subiu ao palco para uma plateia cuja maioria das pessoas estava curiosa para conhecer o som da banda e a outra parte era formada por fãs da banda de Axl Rose que queriam pelo menos sentir o gostinho dela de alguma forma.

Isso foi bem visível quando a reação da plateia era morna ao ouvir as músicas próprias da banda mas foi à loucura com músicas como “It’s So Easy” e “Attitude”, essa última do Misfits mas que teve uma versão gravada pelos Roses, com o próprio Duff nos vocais.

No final das contas, o final do show foi energético e valeu principalmente para os fãs de Guns, que viram que um de seus membros mais importantes continua fazendo rock de verdade.

Black Rebel Motorcycle Club

Morno.
Assim foi o show do Black Rebel Motorcycle Club no SWU 2011.

Em uma apresentação feita para os fãs, onde a banda praticamente não conversou com o público mas passeou por hits de toda a carreira, foi difícil ver alguém que se empolgasse com o show do trio a não ser quem já conhecesse o som dos caras.

Em músicas como “Lover Burns” e “Weapon Of Choice” foi possível perceber um pouco mais de animação, mas sem dúvida alguma o show do BRMC foi o que mais combinou com o clima nublado e chuvoso do terceiro dia de festival. Acho difícil que a banda tenha conquistado muitos novos fãs no SWU desse ano.

Down

Resenha por Guilherme Guedes

Phil Anselmo é um maluco. No show do Down no SWU, o ex-vocalista do Pantera deixou claro que, apesar do fim de sua ex-banda, ele ainda é capaz de ser um dos maiores frontmen do mundo do rock. Quando não incitava a plateia ou batia o microfone contra sua própria testa, Anselmo apresentava uma voz ainda em forma, que acompanhavam os excelentes riffs de Pepper Keenan, ex-guitarrista do Corrosion of Conformity.

O setlist do show foi basicamente NOLA, o primeiro – e mais adorado – álbum do Down. Apesar de tocar entre as primeiras atrações do dia, o Down reuniu um público impressionante, que empolgou a banda do início ao fim do show. Antes da saideira com “Bury me In Smoke”, a banda ainda provocou com um teaser de “Walk”, clássico do Pantera, com a participação dos integrantes do Duff McKagan’s Loaded, que tocou minutos antes. Excelente performance.

311

O 311 foi uma banda que empolgou fãs fervorosos quando foi confirmada para o line-up do SWU mas que não chamou muito a atenção para o resto do público que aguardava os nomes do festival.

E isso se repetiu com o show da banda, que com uma mistura de reggae, rock e hip hop, não deixou bem claro qual é seu estilo e por mais que tentasse empolgar a plateia, fez com que apenas aqueles que já conheciam o grupo pulassem e cantassem os maiores hits da banda como “Amber” e “Come Original”.

Enquanto o vocalista Nick Hexum cantava as músicas da banda com um estilo que nada tinha a ver com vocalista de banda de rock, SA Martinez fazia os raps das canções e coreografias que foram apontadas por muitos como motivo de piada.

Os fãs nostálgicos da banda, grande nome dos anos 90, podem ter gostado do show, mas é bem provável que tenham sido os únicos a aproveitar a performance, que terminou com “Down”, um dos maiores sucessos dos caras.

Sonic Youth

O show do Sonic Youth era um dos mais esperados do festival não apenas pelas músicas da banda, mas também pelo clima de fim de festa que se instaurou desde que os líderes da banda Kim Gordon e Thurston Moore se divorciaram recentemente após um casamento que começou em 1984.

Ao anunciarem o divorcio, Kim e Thurston não deixaram claro qual seria o futuro da banda, e se limitaram a dizer que cumpririam sua agenda, cuja última apresentação era justamente a do SWU, então o clima e a conversa na plateia eram de que esse poderia ser o último show da história da banda.

Voltando ao lado musical da coisa, o grupo fez o que sabe fazer de melhor: música alternativa das mais barulhentas.

Com uma série de hits indies como “‘Cross The Breeze”, “Drunken Butterfly”, “Sugar Kane” e “Teenage Riot”, a banda soube conduzir a performance de forma que tanto fãs quanto curiosos ficassem satisfeitos com o que viam por ali, já que além das ótimas músicas, distorções e muito barulho, Thurston parecia empolgado e por diversos momentos teve uma relação íntima com sua guitarra, levantando-a para o ar, jogando-a no chão, fazendo  uma espécie de slide com a quina do palco e finalmente, deixando-a em cima de uma das câmeras da transmissão oficial do evento, o que acabou gerando uma imagem muito interessante a partir dessa.

Com integrantes sorridentes, Thurston literalmente quebrando tudo, e a vocalista Kim Gordon saltitando nas canções que canta, escondendo seus 58 anos, o Sonic Youth fez um dos shows mais interessantes do festival, e se vai acabar ou não, a gente não sabe, pois nada foi dito a respeito em Paulínia.

Primus

A maioria do público que viu o show do Primus no SWU não conhecia a banda, mas com certeza prendeu sua atenção ao espetáculo já que essa é uma daquelas apresentações que se encaixam perfeitamente no grupo das “interessantes”.

O trio levou 2 astronautas infláveis ao palco para acompanhar a performance que é recheada de funk e rock e se baseia principalmente na técnica do excelente baixista Les Claypool, que também canta as canções da banda através de seu microfone estiloso e que conta com uma distorção um tanto quanto estranha.

Claypool trocou de baixo em alguns momentos da performance, mas não o volume de seu instrumento, que era bem mais alto que a guitarra de Larry LaLonde, e capitaneou o show, repleto de virtuosismo até o final.

Valeu pelo ineditismo da banda e sua característica ímpar, que impressionou os músicos de plantão mas pode ter se tornado um show difícil de entender para o público em geral.

Megadeth

Resenha por Guilherme Guedes, também postada no portal Virgula

Em 2010, o Megadeth veio ao Brasil na turnê comemorativa dos 20 anos de Rust In Peace, um dos mais emblemáticos álbuns do grupo liderado por Dave Mustaine. A excursão passou por várias cidades, com shows lotados de fãs dedicados como só o heavy metal sabe oferecer. Mas quem pensou que isso poderia desanimar o público do SWU Music & Arts Festival, se enganou.

A banda chegou a Paulínia com um álbum novinho: TH1RT3EN, sucessor do elogiado Endgame (2009), mas foram os clássicos que marcaram a apresentação desta segunda-feira (14). A chuva havia dado uma trégua aos presentes quando “Trust”, de Cryptic Writings (1997), abriu a performance.

Ao lado do baixista Dave Ellefson, do guitarrista Chris Broderick e do baterista Shawn Drover, Dave Mustaine não é somente o nome por trás das composições do grupo: ele é o centro das atenções a todo momento. Mesmo com uma postura discreta no palco, seus vocais rasgados e suas linhas de guitarras são ovacionadas a todo o momento.

“É bom estar de volta a São Paulo. Vejam se reconhecem essa música”, disse antes de puxar A Tout Le Monde, ausência notória em algumas datas da turnê do ano passado, cujo refrão lento foi cantado apaixonadamente pelo público.

Em seguida, a banda mostrou três faixas mais novas, sendo duas de Th1rt3en: “Whose Life (Is It Anyways?)” e “Public Enemy No.1”. Com o dever de divulgar o novo trabalho cumprido, o Megadeth apostou numa sequência arrebatadora de clássicos, que começou com “Sweating Bullets”, de Countdown To Extinction (1992), e terminou com a excelente “Holy Wars… The Punishment Due”, de Rust In Peace.

Aplaudidos por uma plateia em êxtase, o Megadeth saiu de cena atingindo com louvor as expectativas do público. Sem malabarismos, mostraram a força e a eficiência de um bom show de heavy metal.

Setlist:

01 – Trust
02 – Wake Up Dead
03 – Hangar 18
04 – A Tout Le Monde
05 – Whose Life (Is It Anyways?)
06 – Headcrusher
07 – Public Enemy No. 1
08 – Sweating Bullets
09 – Symphony Of Destruction
10 – Peace Sells
11 – Holy Wars… The Punishment Due

Stone Temple Pilots

Resenha por Guilherme Guedes

Escalado entre o Megadeth e o Alice In Chains, o Stone Temple Pilots subiu ao palco Energia do SWU Brasil sob baixas expectativas. Não que o público não quisesse o quarteto liderado por Scott Weiland, pelo contrário: muita gente estava lá para vê-los. Mas o STP passou por aqui há menos de um ano, em apresentação que reuniu clássicos e faixas do último disco da banda, o homônimo Stone Temple Pilots (2010), e desde então, pouca coisa mudou.

O grupo priorizou os grandes sucessos e faixas de Core (1992), álbum de estreia do STP. Apesar de bem recebido desde o início do show, a banda só animou de verdade a plateia na segunda metade do setlist. A partir de “Plush”, a interação de Weiland com o público melhorou, e quando a apresentação chegava a seu melhor momento, “Trippin’ On a Hole in a Paper Heart” anunciava o fim do show. Excelente, mas não inesquecível.

Alice In Chains

A primeira vez que o Alice In Chains veio ao Brasil foi em um longínquo ano de 1993, quando ainda possuía a formação clássica.

De lá pra cá muita coisa aconteceu, incluindo a morte do vocalista Layne Staley, devido a uma overdose em 2002.

William DuVall é o novo vocalista do grupo que viaja entre o grunge e o metal e coube a ele liderar o show da banda, que aconteceu durante pesada chuva em Paulínia.

Com hits da sua época de ouro e poucas citações ao único álbum lançado na nova fase, o show empolgou muito os fãs nostálgicos que foram vistos durante todo o dia na arena utilizando camisetas da banda, além de fazer com que fãs do grunge dos anos 90 relembrassem essa época tão importante para o rock.

Após a apresentação dos caras viria o maior show da noite e talvez do festival, a performance explosiva do Faith No More.

Faith No More

Resenha por Thiago Kerzer

Mike Patton, Billy Gould, Roddy Bottum, Mike Bordin e John Hudson transformaram o palco do SWU em um grande e lindo terreiro, com flores, todos de branco e muita música.

Um poeta pernambucano foi quem introduziu a banda. Falou de maneira rápida sobre arte, seu trabalho social com literatura, mandou a pérola “artista é feito do mesmo material que rabo de lagartixa” e instituiu o que seria o refrão que uniria todos em pleno júbilo durante toda a noite: “Porra, Caralho! Porra, Caralho!”.

Foi aí que a banda começou a quebrar tudo! Patton entrou no palco com guias de Umbanda, bengala, cigarro e chapéu, fazendo plena alusão à religião brasileira/africana.

Depois da introdução com “Woodpecker From Mars“, “From Out To Nowhere” mostrou toda a ainda jovialidade da banda, executando perfeitamente uma música do álbum The Real Thing de 1989.

Todas as músicas foram tocadas de maneira emocionante e com perfeição impecável. Bordin reafirmou sua pegada forte de bateria, espancando como ninguém seu set, apesar de seus dreadlocks já brancos.

Mas não há como negar. Patton é realmente um showman a parte. Sua apresentação foi brutal. Falando em português o tempo todo e berrando feito um louco para depois cantar linhas melódicas que exigiam muito sem perder nem um centímetro de qualidade vocal , Patton mostrou que tocar a berrada “Cuckoo for Caca” e depois a melódica e bela “Easy” não é para qualquer um. Sua amizade com o Sepultura com certeza fez dele um cara mais próximo de nosso país.

Patton ainda cantou “Evidence” em uma espécie de português que se confundia com espanhol. Tomou caipirinha e perguntou “por que não?”. Caminhou entre as pessoas tomando puxões, arranhões, abraços e banho de cerveja. E novamente puxou o refrão em “King For a Day” – “Porra, Caralho, Porra, Caralho“.

Patton ainda declarou cordel em português, ao lado do poeta pernambucano e finalizou o show ao lado do coral de meninas de Heliópolis para cantar “Just a Man“.

Mas o show não estaria completo sem ao menos um Bis, e o Faith no More voltou ao palco para tocar a música inédita que já havíamos noticiado aqui. A música se provou ser muito boa, deixando a vontade de que a banda realmente lance material novo urgentemente.

Um show como esse não é algo que se vê facilmente. O carinho e a dedicação da banda com os detalhes provam que obviamente ainda há muito tesão pela música, não apenas subir ao palco, cumprir a data e ir embora.

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