Resenha: <b>SuperHeavy</b> - <b>SuperHeavy</b> (Edição Deluxe)

O projeto de <b>Mick Jagger</b>, <b>Dave Stewart</b>, <b>Joss Stone</b>, <b>Damian Marley</b> e <b>A.R. Rahman</b> alcançou, sem dúvida, o seu objetivo com seu álbum de estreia: misturar sons e unificar influências. Confira a resenha e fotos exclusivas do registro, lançado no Brasil através da <b>Universal Music</b>!

Resenha: SuperHeavy - SuperHeavy (Edição Deluxe)
Resenha: SuperHeavy – SuperHeavy (Edição Deluxe)

Um time de músicos composto por Mick Jagger, Dave Stewart (ex-Eurythmics), Joss Stone, Damian Marley e A.R. Rahman (compositor da trilha sonora do longa “Quem Quer Ser um Milionário?”), não jogaria para perder, obviamente.

O resultado dessa mistura foi um ótimo disco que viaja pelos países de cada um dos integrantes – Inglaterra, Jamaica e Índia -, combinando toda sua cultura e suas influências musicais, porém tendo a Jamaica como foco principal, o que não foi novidade.

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Jagger revelou que sempre foi apaixonado pela cultura jamaicana; por sua musicalidade e que desejava criar um projeto onde ele pudesse abusar da sonoridade típica do país. Felizmente, ele reuniu-se com Stewart e, assim, escolheram cada peça que completaria o quebra-cabeças batizado de SuperHeavy, cujo álbum ainda conta com participações de ?uestlove (baterista do The Roots), Ann Marie Calhoun (violinista conhecida por trabalhar com o Foo Fighters), Shiah Coore e Courtney Diedrick (respectivamente, baixista e baterista da banda de Damian Marley).

A primeira e homônima faixa do álbum não só anuncia a chegada do grupo, como também o que iríamos encontrar por todo disco: groove pulsante; batidas no aro da bateria; troca de vocais entre Marley, Jagger e Stone; vocalizações de Rahman; efeitos; ótimos arranjos e guitarras pop rock. Porém, ela também apresenta o único defeito, talvez, do Superheavy: em suma, as faixas são longas por conta da repetição em excesso dos refrões.

Inegavelmente, “Unbelievable” é a faixa que mais unifica as influências e os trabalhos de cada integrante. Por conta disso, provavelmente, é uma das canções mais legais e animadas do registro.

Com um refrão que, com certeza, fica na sua cabeça e faz você cantarolar até mesmo sem perceber, a faixa “”Miracle Worker” (single de estreia do grupo) tem todas as características de músicas típicas da Jamaica: conta com um baixo bem desenhado; teclado e bateria marcantes; guitarra com efeito wah-wah; metais e vocais bem elaborados, além de violino tocado belamente por Ann Marie Calhoun.

Para quem, assim como eu, estava ansioso e sentindo falta de ouvir Jagger tocar gaita no álbum, ficará maravilhado ao ouvir o solo que há em “Energy“, logo após a deixa da guitarra com reverb de Stewart e uma breve explosão na bateria, comandada, nesta faixa, por ninguém menos que ?uestlove.

Após a “energia louca” da música anterior, chega “Satyameva Jayathe“, que, como já é perceptível pelo nome, dá mais espaço para as influências culturais de Rahman – que compôs a introdução, o refrão e algumas estrofes em hindi. Embora a melodia não tenha me agradado como as outras do disco, “Satyameva Jayathe” conta com um solo de violiono que, de certa forma, dá graça para a canção.

One Day One Night” é, definitivamente, um dos pontos altos do disco (possivelmente, o maior deles). Jagger canta com um vocal poderosíssimo e, certas vezes, angustiante, sobre uma melodia que conseguiu casar perfeitamente dub e jazz. Para abrilhantar ainda mais a faixa, próximo do fim, há um belo dueto com Stone.

Ainda com o foco em Jagger, “Never Gonna Change“, composta por ele e por Stewart, parece até ser alguma da “nova safra” de músicas dos Stones, embora também lembre a clássica “Wild Horses” – nem que seja de longe. Com seu vocal trêmulo, Jagger parece querer se convencer de que a personagem da letra, de fato, “nunca mudará (seu jeito)”, já que repete incansavelmente essa afirmação.

Dando sequência, chega “Beautiful People“, mostrando o “SuperHeavy lifestyle”, como Marley rima em uma parte. A música ganha um formato totalmente diferente da introdução que foi feita, que, confesso, levou-me a crer que a faixa teria o mesmo clima empolgante de “Energy”. Contudo, o resultado é uma canção carregada pelo dub e rocksteady, e que, sinceramente, parece até ser algum b-side do álbum lançado em 2001 pelo No Doubt e que recebe o nome do gênero citado por último.

Na relaxante (e por que não, sensual?) “Rock Me Gently“, Marley usa seu vocal rouco para fazer um dueto com Stone, que, por sua vez, canta de maneira sutil, até desenvolver seu timbre mais impactante, aquele que a consolida cada vez mais como uma verdadeira diva soul.

Quando “I Can’t Take It No More” invadiu os meus ouvidos, me fiz a mesma pergunta gritada por Stone logo no começo da música: “O que está acontecendo?!?”. Em todo o álbum, não há nenhuma faixa como esta: rock’n’roll vintage, com direito a trompete e saxofone e um pesado riff. Uma extasiante faixa, composta apenas pelo Sir Mick Jagger. Sem dúvida, é a maior surpresa do registro.

Em “I Don’t Mind“, o SuperHeavy mostra mais uma vez o seu lado mais sereno, carinhoso e apaixonado, principalmente por encontrar felicidade nas coisas simples da vida. A melodia completa perfeitamente a letra e vice versa, passando, de fato, a sensação de que momentos apreciados são guardados na memória em uma fotografia em sépia.

A edição regular do álbum termina, então, com “World Keeps Turning“, uma faixa encorajadora e cativante, que tem todas as estrofes cantadas por Stone e um refrão que pode muito bem servir como um mantra: “Enquanto o mundo continua girando, e a vida segue, e os fogos continuam a queimar, mantenha seu coração forte”, em tradução livre.

A edição deluxe do álbum, em formato físico (CD), traz ainda mais 4 faixas: “Mahiya“, “Warring People“, “Common Ground” e “Hey Captain“.

Apesar de destacar o respeitado trabalho de Rahman, “Mahiya”, na verdade, é uma música fraca e bastante repetitiva.

“Warring People” parecia seguir a mesma linha da faixa anterior, mas, surpreendentemente, até anima quando mistura estrofes e refrões à la David Bowie ao som que tem toques indianos. Mas, ainda assim, não deixa de ser uma música que poderia ter sido melhor trabalhada.

Com uma sonoridade que tem two tone proeminente, “Common Ground” é o grande destaque da seção de faixas bônus. Inclusive, ela deveria estar na track listing regular do álbum – quiçá no lugar de “Satyameva Jayathe”.

Depois de uma viagem por países e culturas bem diferentes, o álbum termina com a animada “Hey Captain“, trazendo muitos efeitos no teclado; baixo, guitarra e bumbo marcantes, e a pergunta: “Em qual lugar o SuperHeavy irá desembarcar na próxima vez?”

Conforme foi escrito no início deste texto, um time de músicos como esse não faria um álbum no mínimo interessante. SuperHeavy é, de fato, um álbum pesado e que faz jus ao nome dado ao projeto. É um álbum diferente; extremamente bem tocado, produzido e mixado; e que, indubitavelmente, alcança o seu objetivo: misturar sons e unificar influências.

Nota: 8,5/10

Desde o dia 23 de setembro, graças à Universal Music Brasil, o álbum pode ser encontrado em diversas lojas de discos do país e também na internet.

Em tempo, para saber como o SuperHeavy surgiu, como foi o processo de composição e outros detalhes, clique aqui.

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