Entrevista exclusiva com <b>China</b>

O músico conversou com o <b>TMDQA!</b> após o show de lançamento do disco de vinil do <b>Moto Contínuo</b> e falou sobre a recepção e produção do álbum, além de comentar se seus filhos curtem o seu som. Confira a entrevista completa.

China
China


(Fotos por Aline Mota)

Após um pocket show para não se esquecer e uma sessão de autógrafos e fotos com os fãs, China parou para conversar com o Tenho Mais Discos Que Amigos!. Ainda com energia demonstrada no palco, o músico, apresentador da MTV, produtor, compositor e pai de família falou da receptividade que seu trabalho mais recente está tendo pelo Brasil.

Lançado em setembro de 2011, Moto Contínuo é o terceio disco de sua carreira solo. Um disco “todo nada a ver”, como o próprio músico comentou. Nada a ver pois tem música para dançar, para cantar baixinho. Músicas “fofinhas” e até mesmo música para seus filhos. Abaixo, segue a rápida conversa que tivemos com Flávio Augusto Câmara, que com esse nome “poderia ser um grande cantor de brega romântico”, brinca China.

Publicidade
Publicidade

TMDQA!: China, você lançou o Moto Contínuo em setembro de 2011. Como está recepção do disco? O que o público tem dito sobre esse trabalho?

China: Cara, eu fiquei bem espantado, pois eu não botei a menor fé que fosse um disco que realmente a galera fosse gostar e tal. Era mais um trabalho. Os outros dois discos (Simulacro, de 2007, e Um Só, de 2004) que lancei têm um conceito e toda uma lógica e eu botava mais fé. Esse foi meio que: “Vou lançar um disco e tal. Tá na hora de lançar um disco”. E eu fiquei meio de cara. Até porque eu que produzi o disco. Daí você escuta a galera falando e meio que não acredita. Pensei: “Pô, a galera tá dizendo que está bom. Um negócio que eu produzi. Pô, que massa”. Até agora, eu tou vendo nego comentar super bem, assim. Eu tou bem feliz com isso, véi!

TMDQA!: Como é que foi bancar todo o disco? Lançá-lo primeiro em download e depois de um tempo lançá-lo em CD e disco de vinil? Você até comentou que não quis por em Lei de Incetivo pois já havia sido incentivado em um outro trabalho.

China: Véi, foi meio natural isso. Você tem que botar na internet pra nego ouvir. Não tem outro jeito. Colocar só para o cara escutar? O cara vai baixar. Ele arruma um jeito. (Pausa para China falar com sua mãe. A família do músico esteve presente no show de lançamento do vinil.) Voltando, atrasou um pouquinho o CD por conta da fábrica, mas acho que acabou dando tudo certo. Foi um tempo necessário. Lancei o mp3, nego ouviu, ouviu, ouviu. Depois chegou o CD e o vinil, mais ou menos perto. Eu achei bacana. E para mim foi massa ter bancado o disco inteiro só. Porque eu pude fazer realmente o que eu queria. Não tive que dar satisfação a ninguém. Se eu tivesse com Lei de Incentivo, eu teria um prazo para terminar. Com esse disco, eu dizia: “Não gostei disso ai. No outro dia, eu ia lá e regravava tudo”. Foi no meu tempo que as coisas foram acontecendo. E foi massa ter essa liberdade. Foi muito difícil para pagar. Eu tinha que dividir em várias prestações com a maior galera, mas consegui. Em novembro de 2011, eu consegui pagar o disco todo.

TMDQA!: E como se deu a produção do disco?

China: Cara, eu gravei aqui em Recife, gravei em casa e gravei umas coisas em São Paulo, na casa que eu dividia com os caras do Mombojó. Então, o que eu podia aproveitar de equipamento e material humano, eu ia fazendo por lá também. Acabou que o disco foi sendo montado com coisas de todos esses lugares, foi funcionando e deu certo. Hoje em dia ficou muito fácil gravar um disco assim. Com um computador e uma plaquinha razoável você grava em qualquer lugar.

TMDQA!: Você disse que a música “Anti-Herói” foi feita para seus filhos, Tom e Matheus. Eles gostam do teu trabalho? Eles ouvem?

China: Pô, eu acho que eles gostam. Se não gostarem, vão ficar de castigo. (Risos!) Mas acho que eles gostam. Não é nada imposto: “Você tem que gostar!”. Tá ali. Tem os discos lá em casa e eles escutam e tal. Matheus é o mais velho e já trabalha comigo. Fica de roadie. No disco ele ficou de assistente, afinando guitarras e fazendo algumas outras coisas. Tomzinho, que é o menor, é mais maloqueiro. O disco está ali, ele escuta uma vez ou outra. Daí, no outro dia ele se esquece e escuta mais uma vez. Acho que eles curtem.

TMDQA!: Quem são as crianças da gravação em “Anti-Herói”? São eles?

China: As crianças não são eles, pois Matheus estava morando na Angola com a mãe dele e eu não queria colocar um e deixar de por o outro. Daí, eu chamei Jr. Black e ele chamou seus sobrinhos e eles gravaram.

Anti-Herói by chinainaina

TMDQA!: E sobre esse teu projeto, o Ilha do Rato. O que tu pode falar sobre ele?

China: Surgiu dessa história que contei que eu fui entrevistar o Ratos de Porão. Eu fui a um show deles e deu muita saudade da época que tocava um som mais pesado. Eu nunca deixei de ouvir. Eu tenho discos do Ratos, Sepultura, Olho Seco, Cólera, tenho isso tudo. Quando eu vi que eu tinha um tempo de férias, eu acabei juntando a galera pra gravar o disco no estúdio. As meninas do Les Petits foram lá, filmaram e fizeram um trabalho massa. Foi meio que uma parceria. O trabalho consiste em seis músicas e funciona como um exercício musical de lembrar as coisas que eu ouvia e ver que eu ainda consigo fazer esse tipo de coisa. Artista solo é meio que livre. Dá pra fazer de tudo. Foi muito tranquilo.

Já finalizando a conversa com China, faço a tão famosa pergunta: “Você tem mais discos que amigos?” e ele pergunta se o site é nosso, meu e de Aline Mota, que estava tirando as fotos. Explico que sou apenas um dos colaboradores e ele afirma, empolgado, que o site é massa e disse que conheceu através de um adesivo colado no Hangar 110 que ele viu no dia de um show do Ratos de Porão. Na época, ele ficou viajando na frase.

China: Pô, eu tenho tantos discos quanto amigos. Bem, agora eu não sei. Eu tenho 800 discos de vinil. (Risos!) Eu tenho mais discos que amigos, mas os amigos que eu tenho são os melhores. Valem por todos os discos que eu tenho.

TMDQA!: Pra bancar um disco sozinho tem que ter muitos amigos!

China: Pô, véi! Todo mundo ajudou de algum jeito. Estavam todos empenhados. Chiquinho, do Mombojó, dizia: “Essa música tá uma merda!”. E eu: “Pô, deixa ela ai. É meu disco!”. E ele: “Não! Tá uma merda essa música. Nada a ver”. E era massa! Você respeita esses caras. Yuri chegava e dava uma ideia de guitarra. Fui completamente aberto, tá ligado? Tenho os melhores discos e os melhores amigos!

Sair da versão mobile