A chuva praticamente não deu trégua aos paulistanos durante todo o último sábado (14). Mesmo sem tempestades trágicas, por todo o dia houve pelo menos uma garoa fina, ou aquele vento frio que adora pegar desprevinidos os pedestres sem casaco. Mas se do lado de fora do Carioca Club o tempo pedia um guarda-chuva, do lado de dentro centenas de fãs estavam completamente molhados, mas por outros motivos.
Era a primeira edição do XLive Music Festival, festival itinerante que trouxe uma noite excelente para os fãs de pop punk, com New Found Glory, Four Year Strong e Every Time I Die, além dos paulistas do Dance Of Days e do Summer.
Os shows começaram cedo; na madrugada do dia seguinte, a casa receberia um show de música sertaneja. Por isso, às 15h as portas do local foram abertas, e cerca de meia hora depois os shows começaram, com público tímido chegando durante toda a tarde.
Alguns minutos depois das 18h, o local estava bem mais cheio para recepcionar o Four Year Strong. Com uma mistura entre arranjos de pop punk e trechos pesados, o quarteto não teve dificuldade de conquistar o público, e poderia tranquilamente ser headliner da noite.
A banda, pela primeira vez no Brasil, mostrou várias músicas de In Some Way, Shape, or Form, do ano passado. O disco não foi tão bem recebido pelos fãs em comparação aos antecessores Rise Or Die Trying, Explains It All, de 2006, e Enemy Of The World, de 2010, e no sábado, a recepção do público foi similar.
Apesar dos tropeços, o grupo apresentou performances afiadas em um som altíssimo – perfeito na parte de trás da casa, mas embolado na frente do palco. Nitidamente empolgados, agradeceram: “É bom estar tão longe de casa e ser tão bem recebidos”, se derreteu o vocalista e guitarrista Alan Day.
Às 19h30, era hora para as estrelas da noite. O público suava em bicas com o calor dentro do carioca, mas isso não foi problema quando “All Downhill From Here” começou a apresentação. Com uma sequência inicial que privilegiou faixas bem conhecidas dos primeiros discos do quinteto, o New Found Glory pôs todos os presentes a pular, cantar e pogar como se não houvesse amanhã.
Há 14 anos na ativa, a empolgação do grupo impressiona. Apesar de algumas melodias e arranjos parecerem adolescentes demais quando tocadas por cinco caras com mais de 30 anos, a banda ainda é uma das melhores no estilo, anos-luz à frente de artistas inspirados neles, como All Time Low e Boys Like Girls.
Ao contrário do que ocorreu com o Four Year Strong, faixas de Radiosurgery, o último disco da banda, foram muito bem recebidas pela plateia, elogiada constantemente pelo guitarrista Chad Gilbert.
“Brasil, nós lemos todas as mensagens e recados que vocês mandam para a gente”, disse o músico. “E é por isso que estamos aqui hoje. Tem uns quatro anos que estivemos por aqui da última vez, mas desta vez está sendo bem melhor, e o melhor show da turnê até agora”.
Variando refrãos assobiáveis e levadas aceleradas, o grupo seguiu a noite misturando hits antigos com faixas mais novas, mas todas entoadas em coro pelos presentes, que quando não cantavam, pulavam, moshavam ou gritavam, paravam para se refrescar e recuperar o fôlego.
Entre seleções de seus sete discos, a banda tocou três covers: “Kiss Me”, da dupla pop Sixpence None The Richer, “Blitzkrieg Bop”, dos Ramones, e uma versão desnecessária de “Basket Case”, do Green Day. Todas muito bem executadas, mas com exceção da primeira, não fizeram diferença significativa no saldo da noite.
O show terminou com Chad Gilbert e o vocalista Jordan Pundik apenas de cuecas. “Está muito quente aqui dentro”, riram. Os fãs, quase todos sem camiseta, pareciam não se importar, e tiraram energia de algum lugar secreto para pular alto na dobradinha “Intro/My Friends Over You”, que encerrou o show.
O XLive Music Festival também passou por Curitiba (10) e Rio de Janeiro (15).