Fotos por Glow Press / Planeta Atlântida
No último fim de semana rolou o festival Planeta Atlântida, em Atlântida, litoral do Rio Grande Do Sul, onde nomes como O Rappa, Criolo, Emicida, Marcelo D2, Charlie Brown Jr. e outros se apresentaram.
Nosso enviado especial Patrício Lima esteve por lá e conta como foi o festival.
Palco “B” rouba a cena no Planeta Atlântida 2012
Todos os olhares estavam para o palco principal de mais uma edição do Planeta Atlântida, em Atlântida, no litoral do Rio Grande do Sul, que aconteceu nos dias 3 e 4 de fevereiro. Lá estavam quase todas – ou pelo menos a maioria – das bandas do mainstream do pop e rock nacional. Inclusive aquele tal de Michel Teló, o intérprete da música mais tocada atualmente no mundo. O Rappa, Marcelo D2, Jota Quest, CBJR, Capital Inicial, NxZero, Fresno, além dos rappers Sean Kingston e Taio Cruz, entre outros nomes, também deram o ar da graça no maior festival de música do sul do país.
Nas apresentações, poucas novidades. O Rappa continua com seu show carregado de discursos sociais, CBJR na pegada do skate e levantando o público com seus sucessos, Capital Inicial e seu vocalista Dinho Ouro Preto fazendo campeonato de quantos “Do caralho” consegue falar durante o show, e por aí vai. O Jota Quest é que ainda ousou um pouco, se é que posso dizer assim – ok, acho que não – e dedicou quase metade do show para as músicas da Legião Urbana, que contou com a ilustre presença de Marcelo Bonfá e Dado Vila-Lobos, ex-integrantes da banda brasiliense.
Iria comentar sobre os shows de Sean Kingston e Taio Cruz, mas é melhor não me aprofundar. Só digo que como cantores, são excelentes dubladores.
O destaque fica para NxZero e Fresno, que deram um fôlego inicial aos dois dias de festival. No caso do Nx, com direito a participação do rapper Emicida, e no set a presença da inédita “Em Comum”. Já os gaúchos da Fresno, mostraram além dos sucessos já bem conhecidos da galera, as músicas do novo EP Cemitério das Boas Intenções. Lucas (vocal) e Tavares (baixo) pareciam estar com uma sensação diferente dos demais integrantes da banda. Ambos se apresentariam outra vez no Planeta, no palco “Pretinho Convida”, com seus respectivos projetos solos: Beeshop e Esteban.
E minha suspeita se concretizou. Só pela empolgação dos caras no palco “B”, já ficava perceptível a vontade deles em mostrar ao público suas novas músicas, que destoavam em estilo e letra, das canções da Fresno.
Deles, o primeiro a sentir o feedback da galera foi Tavares, com seu projeto Esteban. Projeto esse, que como ele mesmo definiu, mistura suas influências musicais mais conceituais, além de beber da água da música tradicional gaúcha, e dar a oportunidade de mostrar ao público suas letras, melodias e vocais mais sinceros. O engraçado, é que ele não tem CD na praça, mas nem por isso a galera deixou de cantar todas as músicas do começo ao fim. Destaque para “Sophia”, que já é considerada o hit do projeto paralelo de Tavares. Quem conferiu em cima do palco, foi seu “irmão” – como ele mesmo o chama – Lucas Silveira, que no dia seguinte se apresentou com o Beeshop, apesar da chuva torrencial que caiu por lá.
Depois de um atraso de mais de 2h, finalmente, Lucas e sua banda conseguiram subir ao palco. O Beeshop, nada mais é do que mais um dos tantos projetos paralelos desse cearense, que foi criado no Rio Grande do Sul. Com uma sonoridade mais limpa do que a Fresno, e letras que falam sobre amor, decepções amorosas e cotidiano – todas em Inglês – o show do projeto de Lucas Siveira foi um resumo do que pode se encontrar no primeiro álbum do projeto The Rise and Fall of Beeshop. As músicas “Mr. Confusion” e “Come And Go” foram as mais cantadas pelo público.
Mas o palco B não ficou só nisso. Muito pelo contrário, nele teve a presença de dois dos maiores nomes da atualidade do rap nacional: Criolo e Emicida. De estilos diferentes, mas de rimas certeiras, os caras conseguiram transmitir suas ideias para um público empolgado com a performance de cada um deles.
Criolo foi um dos mais animados com a recepção do público. Multipremiado no ano de 2011, o rapper com mais de 20 anos de carreira divertiu a galera com suas dancinhas no mínimo esquisitas durante o show. O ponto alto, sem dúvida, foi em “Não existe amor em SP”, onde o coro dos planetários deixou a canção ainda mais tocante. Quem também conferiu do lado do palco foi o rapper Emicida, que não se conteve, e foi dar uma palhinha no show do seu parceiro, que continua na fase de divulgação do álbum Nó Na Orelha.
No dia seguinte, Sábado (4), foi a vez de Emicida colocar o Planeta Atlântida a baixo. Ele, um DJ e seu Cabeça-de-Fita, foram responsáveis por um dos momentos mais bacanas do show, que teve um público vidrado nas rimas e no improviso do melhor rapper da atualidade. “Então toma”, “Ela Diz” e “Eu Gosto Dela” foram as músicas mais ovacionadas pela galera, no show que teve a presença ilustre de Marcelo D2, Fernandinho Beat Box, Flora, entre outros rappers da cena nacional.
O Palco B recebeu a presença ilustre presença tanto de bandas já calejadas do rock nacional quanto também daquelas que ainda estão por fazer sua história no mainstream brasileiro. Raimundos, Detonautas, For Fun, Scracho, Comunidade Nin Jitsu, Santo Graau, Seu Cuca, Cachorro Grande – divulgando o novo álbum Baixo Augusta -, e Reação em Cadeia, que em breve lançará um DVD acústico, reunindo todos os sucessos da banda e inéditas, estiveram por lá.
Deixo aqui uma reflexão que já há muito tempo tenho percebido nos festivais pelo Brasil. Cada vez mais os shows dos palcos principais estão se tornando frios e monótonos. Parece que falta empolgação, mais contato com o público e aquela sensação de estar tocando pela primeira vez num festival de música. Garanto-lhes que isso não faltou em grande parte das atrações do Palco B do Planeta Atlântida. Talvez os grandes precisem relembrar um pouco do início de suas carreiras para relembrar que um show não é só mais um contrato fechado, mas também, uma nova troca de ideias e interação com um público faminto para ouvir suas canções.
Claro que todas as atrações do palco principal fizeram por merecer estar lá, e de uma certa maneira o grande público as escolheu por lá. Mas não custa nada dar uma alfinetada, não é mesmo?! Afinal, os fãs merecem sempre mais.
E por falar em fã, você que é vidrado nos artistas que tocaram no palco B do Planeta Atlântida, aguarde pois a partir dessa semana veicularemos diversas entrevistas realizadas com os artistas que foram destaques no festival. Entre eles: Criolo, Emicida, Tavares (Esteban/ Fresno), Lucas Silveira (Beeshop/Fresno), For Fun, Scracho, Reação em Cadeia, e muito mais. Fique ligado!