<b>6 Momentos</b> do <b>Carnaval</b> no pop/rock

Nascimento do manguebeat, chuva de garrafas em Carlinhos Brown, parcerias bizarras e covers inusitadas. Veja seis momentos em que o <b>Carnaval</b> se fundiu ao rock e à música pop aqui no Brasil.

6 Momentos do Carnaval no pop/rock

Faltando um dia para começar oficialmente o carnaval – escrevo oficialmente, pois há lugares como Olinda, em Pernambuco, por exemplo, que o carnaval já começou desde que se passaram as festas de final de ano – há quem não curta toda a agitação, o clima criado nas festas e shows e há também quem não curta a maioria dos ritmos, bandas, desfiles e estilos musicais que fazem parte do evento.

Há lugares que oferecem programações alternativas como o Psycho Carnival, grande festival curitibano de rock em pleno carnaval que já vai para o 12º ano, ou mesmo o Rec-Beat em Recife, que desde 1995 oferece ao público local, e aos turistas também, uma programação com artistas que teriam poucas chances de estar nos principais palcos das festividades.

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É com essa ideia que trazemos para vocês alguns momentos memoráveis que surgiram dessa união dos ritmos e estilos musicais típicos do carnaval com o rock, o pop e o hardcore: sejam parcerias feitas entre artistas de ambos os lados, ou alguém da axé music “invadindo” o Rock in Rio, ou mesmo uma banda como o Garage Fuzz cantando “Abre Alas”, antiga marchinha de carnaval, na MTV Brasil.

Nascimento do manguebeat

Chico Science e toda uma cena pernambucana fundiram maracatu, uma manifestação cultural tipicamente do estado e bem difundida durante os carnavais locais, com rock e música eletrônica. Surgia, então, o manguebeat.

A junção da batida forte dos tambores com as guitarras, bem como as letras bem-humoradas e com muita crítica social foram a base para esse movimento que colocou Pernambuco em destaque no início da década de 1990. Isso ajudou a valorizar as manifestações artísticas locais como as bandas que começaram a surgir com o movimento, ou mesmo os grupos culturais mais tradicionais que já existiam no estado.

No ano da morte de Chico Science, 1997, o músico estava confirmado para sair no carnaval com Antônio Carlos Nóbrega para combater músicas como “Segura o Tchan”, do É o Tchan, e defender os ritmos locais, de acordo com matéria da Folha de São Paulo da época. Os dois subiriam em um trio elétrico e seria a segunda vez que Chico se apresentaria no Carnaval de Recife.

Michael Jackson grava clipe com o Olodum

Poderia ser um de 11 de fevereiro qualquer, mas era o de 1996. Data em que o rei da música pop, Michael Jackson, estava no Brasil para gravar cenas do clipe de “They Don’t Care About Us”. O músico visitou o Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro e o Pelourinho, na Bahia. Com a produção de Spike Lee, o clipe mostrou cenas do músico pelos dois locais.

Em uma primeira versão do clipe dessa música, as batidas da canção eram feitas nas mesas do refeitório de uma prisão. Na versão brasileira, essas batidas foram substituídas pelas batidas dos instrumentos do Olodum, grupo cultural da Bahia que interagiu com Michael no clipe.

Uma das principais curiosidades desse clipe é que ele foi “co-produzido” pelo tráfico da época. O Morro Dona Marta era chefiado pelo traficante Marcinho VP e só com a ajuda dele é que a produção de MJ pôde realizar as gravações por lá. Segurança, logística e até a casa utilizada pelo músico foram cedidas pelo tráfico, revelou uma matéria do Jornal do Brasil da época.

Carlinhos Brown no Rock in Rio 2001

O que levou os produtores do Rock in Rio 2001 a colocar Carlinhos Brown em uma noite com Guns N’ Roses, Oasis, Papa Roach, Ira!, Ultraje A Rigor e Patu Fu? Em um dia considerado “do rock” poucas eram as pessoas que foram lá ver um show de axé. Resultado: a água mineral que Carlinhos Brown “entregava” em sua música veio do público. Como que não se importando, o músico fazia seu show em meio às garrafas que voavam e que o acertavam.

Em determinado momento, Brown disse: “Eu sou da paz. Eu só jogo amor. Eu não jogo nada em ninguém” e depois: “Eles querem rock!”. A cena continuou como que em uma briga de crianças, com público vaiando de um lado e Brown cantarolando o Hino Nacional do outro. Após isso, Carlinhos voltou para a passarela que era a continuação do palco e soltou: “Pode jogar o que quiser que eu sou da paz e nada me atinge”. Foi o ápice. O que se viu foram dezenas de garrafas voando em sua direção. Brown correu pela passarela e pegou um cartaz com a frase: “Paz no mundo”. Alguns aplaudiram e outros continuaram a arremessar suas garrafas.

Carlinhos Brown ainda soltou: “Vocês que gostam de rock têm muito que aprender na vida. Aprender a respeitar o ser humano, dizer não a violência e dizer sim ao amor. Acredite na vida, gente. Agora o dedinho pode enfiar no traseiro”.

CPM 22 ensaia e toca com Babado Novo

Em 2007, a MTV Brasil e a Coca-Cola tiveram a ideia de juntar artistas de estilos musicais distintos para gravarem e também se apresentarem juntos. Um desses encontros, dos mais inusitados, foi protagonizado pelo CPM 22 e pelo Babado Novo, antigo grupo de Cláudia Leitte.

Durante alguns dias, membros da banda de hardcore conviveram com os músicos de um dos principais nomes da axé music da época com o intuito de ensaiar músicas uns dos outros, e alguns covers, para se apresentarem ao final da série de programas.

Em um primeiro momento, os depoimentos de ambos eram cheios de dedos e de cuidados com o que o outro lado ia pensar sobre as músicas e sobre os arranjos de axé no hardcore, por exemplo, mas o que se viu foi uma relação amigável entre todos. O ponto que gerou uma leve tensão foi quando Badauí teve que cantar os versos “pirou minha cabeça e o coração feito bola de sabão” da música “Bola de Sabão”.

No final de tudo o vocalista deixou de lado seu preconceito, o Babado Novo fez um novo arranjo em “Dias Atrás” do CPM 22 e ambos ainda tocaram “Ciúmes” do Ultraje a Rigor e “Polícia” dos Titãs. No ano seguinte, Badauí participou da gravação do DVD do Babado Novo por conta da amizade criada entre ambos.

Cláudia Leitte no Rock in Rio 2011

Assim como no Rock in Rio 2001, a edição 2011 também teve seu fato polêmico envolvendo um artista ligado à música baiana. Ao axé. Mesmo cantando em casa, a carioca Cláudia Leitte teve seu nome envolvido com críticas pelo fato de ser uma artista ligada à axé music em um evento com o termo rock no nome. A produção do festival pelo menos foi mais sensata não a colocando em um dia com atrações do estilo do dia em que Carlinhos Brown se apresentou em 2001. Ainda assim, Cláudia Leitte foi vaia em determinada música por causar um tumulto no público, pois este já estava acomodado há muito tempo para as principais atrações do dia.

Mesmo depois da apresentação, a cantora ainda soltou uma nota em seu blog onde escreveu sobre o preconceito, sobre a “pagação-de-pau” que parte do público brasileiro tem com os artistas internacionais e chegou até a comparar a situação com “a história de um ariano que se achava superior aos judeus”.

Até que mudem o nome do Rock in Rio para qualquer outra coisa que remeta à celebração musical em geral, que lembrem que em edições passadas o evento recebeu nomes como Alceu Valença, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Roupa Nova e outros artistas não tão rock assim, ou que o público passe a ter um pouco mais de respeito  e simplesmente não assistindo determinado show, haverá espaço para esse tipo de situação. Mais uma que envolveu esse ritmo tão carnavalesco e o rock.

Carnaval é Legal da MTV Brasil

Nos anos de 1995, 1996, 1997 e 1998, a MTV Brasil veiculou o Especial Carnaval é Legal MTV. Tratava-se de um programa com bandas iniciantes ou já consagradas fazendo versões de marchinhas de Carnaval. Olha só alguns dos nomes que passaram por lá: Chico Science & Nação Zumbi, Planet Hemp, Ratos de Porão, Skank, O Rappa, Bezerra da Silva, Garage Fuzz, entre outros. Devia ser, no mínimo, engraçado algumas dessas bandas cantando músicas que fizeram fama nos carnavais passados do Brasil.

Abaixo, você pode conferir as participações do Garage Fuzz e do Ratos de Porão no programa. Se quiser ver outras bandas tocando neste extinto programa da MTV, clique aqui.

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