<b>Entrevista:</b> Criolo

O artista mais falado de 2011 concedeu uma entrevista a Patrício Lima durante festival no Rio Grande Do Sul e falou sobre sua carreira, o enorme sucesso de seu disco mais recente, planos para o futuro e mais.

Criolo no Planeta Atlântida 2012

Entrevista por Patrício Lima

Kleber Gomes pode parecer um nome desconhecido da música no Brasil. Mas foi ele a grande sensação do rap nacional em 2011. Não só do rap, mas como da música nacional como um todo. Ganhou vários prêmios com seu último álbum Nó Na Orelha, cantou com Caetano, foi elogiado por Chico Buarque e reverenciado por toda a crítica, chegando aos mais importantes festivais de música do Brasil. Antes Criolo Doido, agora só Criolo, esse paulistano filho de nordestinos agora é considerado um dos responsáveis pelo ressurgimento do rap na música brasileira.

Para conhecer um pouco mais sobre o cara, Patrício Lima bateu um papo com esse corinthiano roxo durante o Festival Planeta Atlântida 2012, no Rio Grande Do Sul.

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TMDQA!: Ultimamente você tem participado de vários festivais de música em todo o país. Como tem sido essas experiências?
Criolo: Estou gostando dessa energia. No mais recente – Planeta Atlântida – pude rever vários amigos e ter contato com um público bem jovem, com o qual tive a oportunidade de dividir esse momento mágico da minha carreira. A ideia dos festivais é bem legal. Não vejo sentido algum na segregação do estilo.

TMDQA!: Você se vê como um dos responsáveis, assim como o Emicida, pelo ressurgimento do rap junto à mídia?
Criolo: O que eu faço muitas pessoas já faziam há 10 anos.  Muita gente (MC’s) da década de 80, já se destacava por isso. Se eu falar um nome, vou ter que falar o nome de 50 MC’s.

 

TMDQA!: De quais outros estilos o Criolo bebe da água?
Criolo: De tudo um pouco. Do samba ao rock, reggae, bolero, e por aí vai. Todos os estilos têm sua riqueza.

TMDQA!: Como é sua relação com outros nomes da cena atual do rap BR?
Criolo: É ótima. Eles são meus irmãos. Sempre que podemos estamos juntos, assim como antes. A diferença é que hoje nos encontramos nos palcos da vida, e no passado, nas ruas de São Paulo. Os convido para cantar no meu show, e vice-versa. Em março, por exemplo, estarei junto com o Emicida em Buenos Aires, onde mais uma vez estaremos levando nossa mensagem.

TMDQA!: Em suas letras a mistura e o respeito pelas diferenças estão sempre presente. Como é isso para você?
Criolo: Eu sou essa mistura. Sou paulista, filho de nordestinos e faço meu trabalho com muita dedicação e amor. Toda mistura é bem vinda, já que sempre vai haver novos elementos que nos enriquecem.

TMDQA!: Como é seu processo de composição?
Criolo: É tudo natural. Nada comigo acontece de forma impositiva. O que me emociona eu tento transformar em música.

TMDQA!: Bem antes de todo o sucesso, você era conhecido com o mentor do projeto “Rinha dos MC’s”. Como surgiu esse projeto?
Criolo: É um projeto que criei junto com meu parceiro Dan Dan, que teve como objetivo inicial revelar novos talentos no rap. Graças a Deus deu muito certo, e hoje é considerado o maior “campeonato” de rimadores do país, revelando grandes nomes como o do Emicida.

TMDQA!: 2011 foi um ano de consagração do seu trabalho. Você conquistou vários prêmios importantes da música. Como foi para você ter esse reconhecimento tardio?
Criolo: Eu só tenho a agradecer. Já estou na estrada há 23 anos, e a essa altura do campeonato ter um trabalho reconhecido é muito importante. Eu não esperava nada disso. Foi tudo muito natural. E é assim que pretendo levar minha carreira em diante.

TMDQA!: Quando você viu que tinha pela frente uma carreira a ser seguida?
Criolo: Comecei por necessidade.  Eu não pensava em carreira. Meus primeiros passos na música foram a partir de 11 anos de idade. Pensava em cantar na minha comunidade, e já ficava satisfeito com isso. Lógico que é uma sensação indescritível ter seu trabalho visto pelo país inteiro, e melhor, reconhecido pela crítica e os fãs.

TMDQA!: Como você tentaria explicar o sucesso do seu último álbum e do single “Não existe amor em SP”?
Criolo: Foi um recorte. A gente não tem amor em São Paulo.  Eu moro em São Paulo, e sei como é a realidade de quem vive. Fui feliz em escrever essa canção que fala da solidão na capital paulista, e que graças a Deus me trouxe bons frutos. O Nó na Orelha também foi um presente de Deus. Foi um álbum mais orgânico, que teve a participação de grandes músicos, que me ajudaram a dar a cara para esse projeto que eu pretendia desde o começo.

TMDQA!: É inevitável fazer aquela pergunta manjada dos projetos para esse ano. Ainda mais, depois de um 2011 tão badalado na sua carreira. Então vamos lá: algum projeto em vista para 2012?
Criolo: Prefiro deixarem as coisas rolarem. Ainda estou focado na divulgação do Nó na Orelha. Mas claro que sempre estamos pensando em novos projetos.  Deve rolar uma nova turnê pela Europa, parcerias, novos videoclipes… ah! Muita coisa! Na hora certa vocês irão saber de tudo!

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