<b>Resenha:</b> Soulfly em São Paulo

Banda voltou ao país após 12 anos e fez um dos shows mais barulhentos e memoráveis do ano.

Soulfly em São Paulo

Soulfly em São Paulo

Resenha e fotos por Augusto Conter Filho

Mais Sepultura que os próprios herdeiros do nome

Uma noite para se guardar na memória. Após doze anos sem vir ao Brasil, o Soulfly voltou. Para muitos fãs do metal, Sepultura sem Max Cavalera nunca foi Sepultura de verdade. No sábado (25), com o Via Marquês lotado, Max deixou claro o porquê.

Antes da atração principal, a noite começou com shows de abertura de Skin Culture e Korzus. Quando o Skin Culture tocava seus últimos riffs, metade do público ainda adentrava na casa. Quando o Korzus começou, a maioria já estava lá dentro, ansiosa. E foi com a audiência bradando o nome “Korzus”, que a banda começou a tocar. Apresentação perfeita, de alto nível técnico e de muita fúria. O vocalista, Marcello Pompeu, muito simpático, conversava sempre com o público no intervalo das músicas e fez questão de pedir aplausos e respeito ao Max Cavalera: “o cara levou o nome do Brasil ao mundo com a sua música”. Na plateia, os fãs mais afoitos da banda repetiam: “Vocês também”.

Troca de palco, e a atração principal da noite assumiu o foco dos holofotes. Max foi diagnosticado na semana passada com paralisia de Bell, uma paralisia temporária do nervo facial de causa desconhecida. Mesmo assim, o metaleiro decidiu não cancelar os shows que faria no Brasil. Um esforço louvável. Dá para reconhecer sintomas da paralisia em algumas fotos. Observe:

Clique nas fotos para ampliá-las

Max Cavalera, do Soulfly, com paralisia facial Max Cavalera, do Soulfly, com paralisia facial

Além da face de Max, o que chamou a atenção generalizada foi o baterista da banda: Zyon Cavalera, de apenas 18 anos, que é filho primogênito de Max. O jovem prodígio entrou no palco por primeiro e já fez barulho, ao mostrar enfaticamente, com orgulho, a nova camiseta azul da seleção brasileira.

O set foi uma mistura de músicas do Soulfly e Sepultura. Foi durante os sons do Sepultura que o público demonstrou maior empolgação. É nítido que Max tocando Sepultura é mais Sepultura que os próprios herdeiros do nome. O êxtase foi gigantesco em todas as músicas da ex-banda do vocalista e maior ainda quando Iggor (o irmão) foi convidado para assumir as baquetas em “Troops Of Doom”. Max pediu “abre a roda aí”. Mal ele imaginava que o Via Marquês inteiro se tornaria “a roda”. Outro ponto alto do show foi quando Max convidou seu outro filho, Igor Cavalera Jr., para acompanhá-lo nos vocais de uma música.

A apresentação do Soulfly durou quase duas horas, tempo em que Max ficou repetidamente abrindo garrafinhas de água mineral e jogando na plateia, solidário ao forte calor do Via Marquês lotado.

Esses três shows no Brasil – um antes em Goiânia, e um depois no Rio de Janeiro – foram os primeiros da turnê do disco Enslaved, o oitavo trabalho da banda em 15 anos de atividades.
O álbum tem data de lançamento prevista para 13 de março.

Soulfly em São Paulo

Foto por Carla Timerman

Vale ressaltar que esse show foi financiado pelos próprios fãs do Soulfly através do sistema de crowdfunding, financiamento coletivo, uma ideia cada vez mais forte. A organização foi do site Ativa Aí, que pela terceira vez realiza um show com sucesso. Os fãs pagaram antecipadamente via web e tiveram entrada diferenciada, camarote exclusivo, camiseta especial, entre outras vantagens.