Entrevistas

Entrevista: <B>CHUMBO</B>

Conversamos com integrantes das bandas <B>Zander</B>, <B>Fire Driven</B>, <B>Bullet Bane</B> e <B>Plastic Fire</B>, para saber mais sobre o split e a mini-tour <B><I>Chumbo</B></I>, que começará amanhã (1º de março), no Rio de Janeiro.

Bandas do Split Chumbo Se Apresentam Nos Estúdios Trama
Bandas do Split Chumbo Se Apresentam Nos Estúdios Trama

Entrevista: Chumbo

Amanhã (1º de março), no Rio de Janeiro, acontece o lançamento oficial do split Chumbo, que traz 12 faixas inéditas das bandas cariocas Zander e Plastic Fire e das paulistanas Bullet Bane e Fire Driven, todas grandes colaboradoras da cena underground brasileira.

O show de comemoração do lançamento do registro, também ocorrerá em Santos, São Paulo e Curitiba, nos dias 2, 3 e 4 deste mês, respectivamente. Clique aqui e leia mais detalhes.

Para aquecer o público e saber mais sobre tudo que envolve o projeto Chumbo, o TMDQA! teve o prazer e a honra de entrevistar os camaradas Danilo Souza e Renan Meno (Bullet Bane), César “Cesinha” Carpanez (Fire Driven) Daniel Avelar (Plastic Fire) e Gabriel “Bil” Zander (Zander).

Aperte o play no box abaixo para ouvir o disco na íntegra, enquanto confere a entrevista!

TMDQA!: Como surgiu a ideia do split? Aliás, Tony Aiex (o cérebro por trás do TMDQA!) observou que há tempos não via algo nesse formato, no Brasil. 

Cesinha: A idéia inicial surgiu como uma brincadeira minha com o Daniel Avelar, do Plastic Fire. Uma noite, em meados de 2011, nós estávamos conversando e eu brinquei dizendo que deveríamos lançar um split com as duas bandas chamado “Plastic FIRE Driven”. A idéia não vingou, e meses mais tarde, conversando com o Bil do ZANDER, eu estava enrolando e falando sobre alguns outros assuntos quando de repente ele vira pra mim e pergunta o que eu achava da gente lançar um split. Eu literalmente cai pra trás porque eu estava pensando justamente em perguntar o que ele acharia de lançar um split com o Zander e o Fire Driven. Foi algo realmente surreal e não planejado. Continuamos a mesma conversa e começamos a falar sobre o Plastic Fire participar e logo depois, sugeri de colocarmos o Bullet Bane também e ele achou a idéia ótima, porque eles já estava mixando o CD deles no Superfuzz. No dia seguinte ele conversou com os trutas do Plastic Fire. e eu com os Bullet Bane e todos toparam na hora. Agora, com o filho prestes a nascer, estamos todos muito contentes e orgulhosos e o fato de termos quatro shows juntos no início de março está deixando todos muito ansiosos.

Daniel: Veio de um conversa paralela do Cesinha (Fire Driven) comigo e com o Gabriel (Zander). Em um desses bate-papos na madruga, ele deu essa ideia de lançarmos algo juntos, fazendo uma brincadeira com os nomes das bandas, “Plastic FIRE Driven”, mas acabou não vingando. Na mesma época, porém conversando com o Gabriel, que as ideias foram aos poucos sendo lapidadas por eles, dando início a todo o projeto.

Danilo: O Split em si, foi idealizado pelo Bil Zander e o Cesinha, com ajuda do Daniel Avelar. O último split legal que me lembro nesse formato foi o Faces do Terceiro Mundo, que foi lançado em 2002, se não me engano. Eu acho que muita gente já tinha pensando em fazer um split dessa maneira, mas não tiveram tempo ou vontade suficiente pra por o projeto em prática. Sorte que conseguimos tirar isso do papel com a força de vontade de todos idealizadores e participantes.

TMDQA!: Como aconteceu a, digamos, “seleção” das bandas que iriam participar do split?

Cesinha: Foi exatamente conforme respondi acima, mas o fator principal da escolha da 3a e 4a banda esteve diretamente relacionado ao fato de conhecermos e termos amizade e admiração pelas bandas Plastic Fire e Bullet Bane e sabermos que eles tem o mesmo espírito do faça-você-mesmo que é o que determinou cada aspecto deste split.

Daniel: Não houve seleção! No meio de 2011, o Gabriel (Zander), mixou/masterizou o primeiro disco do Fire Driven no Superfuzz, sendo que 1 ano antes, ele tinha trabalhado com a gente na Última Cidade Livre, fazendo a produção/gravação e lançando o disco pela Manifesto Discos, e por fim, eu já tinha organizado o primeiro show do Bullet Bane (na época Take Of The Halter) no RJ em 2010, que por sua vez, acabou escolhendo o Gabriel também para mixar/masterizar o 1º disco deles. Percebeu a ligação? Já éramos amigos e já havíamos todos tocados/trabalhado juntos. Era só uma questão de tempo mesmo.

Renan: O convite pro Bullet Bane participar do Chumbo veio do Bil. Nós fizemos a mixagem e a masterização do CD com ele, no Superfuzz, e com isso surgiu uma amizade, ele gostou muito do nosso trabalho e fez o convite pra participar do split. Além do que só tinha banda boa envolvida.

TMDQA!: Quem surgiu com a ideia do nome Chumbo (que, por sinal, é genial e faz jus ao som tocado por cada uma das bandas)?

Danilo: Toda a idealização do Split foi feita pelo Bil (Zander) e pelo Cesinha (Fire Driven), com ajuda do querido Daniel Avelar (Plastic Fire). Mas acho que o nome mesmo foi ideia do Bil! E ficou genial.

Daniel: Diz o Gabriel que foi numa conversa nossa, voltando de viagem de algum lugar, de van [risos]! Acho que ele falou essa palavra sem querer, curtiu e ficou com isso na cabeça. Doideira que só, sô.

Cesinha: O nome veio do Bil. Uma vez, também no Facebook, começamos a conversar sobre qual nome iríamos dar pra batizar a criança e eu não conseguia pensar em nada. Só lembro que sugeri algo com fogo, balas, tiros… Alguma brincadeira juntando Rio e São Paulo, inglês e português  pra tentar sincar com os nomes das bandas e a intenção principal do split que é mostrar que ainda existe uma cena viva e pulsante no Brasil feita por pessoas que realmente amam escutar e fazer música livre de modismos. Dai o Bil chegou com a sugestão de “Chumbo” e todo mundo topou na hora. Mas foi muito rápido, assim que ele comentou sobre a idéia do nome ele mesmo já começou a conversar com o pessoal da Evil Deal pra criar as artes de capa, poster, camiseta e cartazes da tour.

Entrevista: CHUMBO

TMDQA!: Quanto tempo levou para que Chumbo saísse do papel?

Cesinha: A primeira conversa que eu tive com o Bil sobre o assunto foi no dia 15 de junho de 2011. Desde então, cada banda correu pra finalizar as músicas que seriam gravadas e a finalização do projeto. Houveram alguns contra-tempos que atrasaram um pouco a saída do CD físico mas acreditamos que nada comprometeu o sucesso da empreitada. De todos os envolvidos, todos estão 100% felizes com o resultado final.

Bil: Depois que firmamos o papo, eu e o Cesinha, de fazer o split, acho que foram mais ou menos uns 4-5 meses até a gente conseguir finalizar o disco e fechar as datas da tour, não muito mais nem menos do que isso não. Mas o Cesinha vai saber dizer exatamente, [risos]

Daniel: Pelas datas das primeiras conversas, produção, gravações e o envio do CD para fábrica, mais ou menos 1 ano, eu acho.

Danilo: Então, fomos a última banda que entrou no Split, quando surgiu o convite já estava praticamente tudo fechado, e mesmo estando em estúdio gravando nosso novo CD, New World Broadcast, onde usamos todas nossas novas composições, topamos na hora! Tínhamos cerca de dois meses para compor duas músicas novas e o cover, gravar e mandar tudo pro Bil e, felizmente, deu tudo certo, e conseguimos entregar em tempo.

TMDQA!: Vocês realizaram tudo de maneira “Do It Yourself”. Imagino que vocês encontraram algumas dificuldades. Como fizeram para driblá-las e não desistir do projeto?

Cesinha: Sim, foi tudo feito de maneira 100% independente e como o Bil costuma dizer, do nosso jeito. A maior dificuldade é, a meu ver, não termos muito apoio da mídia na divulgação de nossos trabalhos. Mas ao mesmo tempo, é extremamente gratificante e recompensador ver que todo interesse que as pessoas tem demonstrado pelo split tem acontecido sem nenhum jabá. Tudo que está acontecendo, os elogios e também a falta de elogios, tem sido espontâneas e verdadeiras e acho que isso hoje em dia, está em falta no mundo em geral e principalmente na comunidade musical.

Daniel: As dificuldades estão aí para serem vencidas mesmo. A gente correu atrás de tudo, desde a arte do disco/flyers, aos shows da tour (no RJ por exemplo, quem faz sou eu e o Gabriel), quanto na divulgação com as filipetas nas ruas! E outra, tiramos tudo do bolso, sem apoio algum, na cara, na raça e na coragem, meu amigo!! Realmente não é nada fácil… Mas quem disse que iria ser, né? Se a gente não fizesse, quem iria fazer por nós??? Aquele velho papo do “faça você mesmo” que ainda bate forte em nossos corações.

Bil: Poxa, eu acho que, simplesmente, esse é o jeito que eu sei fazer as coisas. Já tentei me envolver em projetos que contavam com ajuda de selos, distros, etc, mas sempre tem algum problema e ninguém é capaz de fazer por você as coisas exatamente do jeito que você quer, ainda mais quando não existe a mesma carga emocional de paixão pela coisa. Recentemente, tivemos problemas exatamente como esses em outro projeto, então eu digo que a maior dificuldade mesmo que você pode encontrar é depender dos outros, e como você mesma disse, não foi o que fizemos, logo, tudo funcionou do jeito que a gente queria nos prazos que nos determinamos e com total dedicação e entrega da parte de todos os envolvidos para que ficasse o melhor possível. E acho, sinceramente, que não poderia ter ficado melhor e me deixado mais orgulhoso de estar envolvido em todas as partes que desenvolvemos do Chumbo.

Renan: No caso do Bullet, o processo foi bem corrido. Tínhamos acabado de gravar o New World Broadcast e logo na sequência começamos a compor duas músicas inéditas pro split, a responsabilidade aumentou bastante, pois não queríamos que soasse igual ao CD. Ficamos trancados em estúdio e se vendo praticamente todos os dias. Tudo foi muito rápido, gravamos por conta própria, e em pouco tempo já estava tudo pronto pra mandar pro Bil fazer a mix e master. A correria pra fazer tudo sair como planejado foi o maior obstáculo que nós tivemos, mas tudo acabou bem no fim das contas.

TMDQA!: De quem foi essa ideia genial das bandas tocarem música dos outros grupos do split, adaptando ao idioma que cada uma canta?

Bil: Bem, esse troca é meio comum em splits, não podemos levar esse crédito não, [risos] Mas a ideia de incluir isso no Chumbo foi do Cesinha, dai a gente meio que combinou “coroas tocam músicas de coroas e jovens tocam músicas de jovens” [risos] Mais ou menos isso, até porque a molecada ta tocando muito mais que a gente e ia ser difícil fazer bonito, [risos]. Acho que teve a ver mesmo. Mas o lance do idioma foi totalmente por acaso, todo mundo fez assim, e como eu fui o último a gravar, achei que seria do caralho abraçar essa ideia também e brincar com a letra do Fire Driven pro português. Dai ficou assim, acidentalmente charmoso, [risos]

Cesinha: A idéia do split não pode ser chamada de original. Muitos outros já haviam sido lançados anteriormente e um bom exemplo é o Faces do Terceiro Mundo, no qual o próprio Bil já havia participado com sua antiga banda, Noção de Nada, e eu quase participei com o Street Bulldogs. Nessa primeira conversa nós já falamos sobre cada banda gravar 2 músicas novas e que seria legal nós do Fire Driven gravarmos uma música do Zander. Sinceramente, não havia caído a ficha de que eles iam gravar uma faixa nossa também, mas enfim, o que acabou sendo combinado era que seriam 2 músicas novas e 1 cover de uma das bandas.

Daniel: Como o Cesinha disse, essa ideia não é inédita! Houve outros antes que influenciaram a gente, como Faces do Terceiro Mundo. Sei que a galera pode (pode não, vai) comparar, mas sinceramente, o Faces já foi e já deu o que tinha que dar. Ninguém vive de passado aqui não, batalhamos sempre pelo dia de hoje, o presente, e, ou você abraça a causa com a gente para fazer a diferença ou ficará fardado a ser mais um otário. Sobre a adaptação, são 2 bandas que cantam em Português e 2 em Inglês! Acabou casando naturalmente, sem pensar muito.

Danilo: Quando fomos convidados para o split, já sabíamos que iria rolar a troca de covers entre as bandas e achamos genial, pois nos lembrou do Faces do Terceiro Mundo. Porém nenhuma regra foi estipulada para os covers, o lance de adaptar o idioma rolou naturalmente entre todos, a ideia em si foi do Bil, Cesinha e Daniel Avelar.

Entrevista: CHUMBO

TMDQA!: Como foi a escolha dessas covers?

Cesinha: Nós levamos um tempo pra escolher a música que íamos gravar do Zander. Eu queria muito gravar “Motim” e a Piti uma de um CD anterior do Zander, mas o Zeek que acabou decidindo pela “Todos os Dias” porque afinal, ele que ia cantar. Um dia ele chegou com a letra no ensaio em inglês e eu olhei surpreso e perguntei; “Você vai cantar em inglês?” Ele deu risada e respondeu que sim e começamos a ensaiar. Eu fiquei extremamente satisfeito com o resultado e “Everyday” acabou uma das minhas músicas preferidas pra tocar.

Daniel: Após uma conversa rápida no nosso QG (quarto do Marcelo, baixista), decidimos que a música que iríamos gravar seria  “Seconds“, talvez pelo fato de ser a mais “lenta” do primeiro EP do Bullet Bane. Mudamos algumas coisas para deixá-la coma a nossa cara e ainda conseguimos fazer uma brincadeira envolvendo 2 pedaços de outras músicas deles nessa mesma versão.

Renan: Nós escolhemos a música “A Última Cidade Livre” do Plastic Fire num consenso. Quando soubemos que teríamos que escolher um som pra tocar, ela foi a primeira música que veio em mente. É uma música muito forte, que tem uma energia fantástica, e justamente por isso a escolhemos.

TMDQA!: E as inéditas? Como chegaram a conclusão de qual iriam gravar?

Cesinha: No caso do Fire Driven, eram as músicas que havíamos composto logo depois de compor as faixas do Growing Past These Lines e eram as que estavam mais bem ensaiadas. Relutamos um pouco pra ver se íamos gravar a “Make Believe” porque gostaríamos de usar ela em um próximo lançamento, mas acabamos decidindo fazê-la assim mesmo.

Daniel: “Incógnita” já estava pronta faz séculos! Uma hora tínhamos que colocá-la para jogo, senão iria acabar sumindo… “Fugaz“, que nem era para entrar, na verdade. Tínhamos outra canção pronta para o disco, mas depois das gravação das prés, reparamos que a mesma estava meio “perdida” e que deveríamos sim, colocar outra em seu lugar.

Bil: Nossa, a gente tava com umas 6-7 músicas encaminhadas, mas “Chinatown” a gente meio que tinha certeza porque era a mais antiga e mais redonda de todas. “Alga” dá um gostinho do que vem por aí nas nossas próximas músicas, então achamos legal incluí-la também pra já ir colocando a ponta do pé na água fria.

Renan: Quando rolou o convite, nós começamos o processo de criação. As músicas foram feitas de uma forma muito mais simples que as do CD New World Broadcast. Éramos nós em estúdio, tocando em cima de algumas ideias que nós já tínhamos, e tudo fluiu naturalmente. Fizemos a “Still True” e a “Combustion” e gostamos muito do resultado. Entramos em estúdio pra gravar e deu no que deu.

TMDQA!: A receptividade e o apoio ao projeto foram o que esperavam?

Daniel: Surpreendeu bastante, viu! A galera tá gostando e, consequentemente, ajudando na divulgação tanto do disco quanto dos shows de lançamento.

Cesinha: Eu acho que está sendo muito além do que eu esperava. Quando reativei este projeto em 2009, eu queria somente tocar com meu irmão, uma vez por semana em um estúdio de ensaio. Conseguir fechar a formação com o Zeek e a Piti, compor as músicas que temos hoje e ter lançado um CD, e agora este split, são coisas que eu nunca achava que ia acontecer com o Fire Driven. A idéia principal do Fire Driven é poder fazer o tipo de música que agrada primeiro a nós mesmos. Se o tipo de música que fazemos agrada a mais alguém, isso é ótimo, mas queremos primeiramente nos sentir orgulhosos de nós mesmos em primeiro lugar.

Bil: Ah, sempre é surpreendente, né? A gente acha que vai rolar, mas só cai a ficha mesmo na hora. Até agora, só coisas boas acontecendo, porém, a prova mesmo vem na turnê, pois é aí que aquele cara ou garota que se dizem envolvidos com o que estamos fazendo saírem de suas zonas de conforto, seu quarto, sofá, casinha da mamãe e mostrarem a cara nos shows, pagando ingresso, comprando o merch, dando o verdadeiro suporte mesmo que a gente precisa pra continuar acreditando e investindo em coisas assim, final de contas, é pra essas pessoas que a gente sai de casa e coloca os discos na rua, se elas sumirem, a gente some junto, se elas apoiarem e contribuirem, estaremos aí firmes e fortes, simples assim.

Danilo: Com certeza. Não sabíamos se a galera ia curtir as músicas novas que saíram no Split, por estar em uma pegada diferente do New World Broadcast, mas todo mundo que escutou e veio falar com a gente disse que curtiu muito, e isso foi um alivio para nós, pois independente do corre foi tudo feito com muito esforço por parte de todos envolvidos no projeto, e essa resposta da galera é o mais valioso que podemos ter como recompensa.

Entrevista: CHUMBO

TMDQA!: Como vocês decidiram a rota da turnê e quais são as expectativas para sua realização?

Cesinha: Nós tentamos traçar uma rota que fizesse sentido e fosse fácil de cumprir. Não sabemos ainda se vamos conseguir cobrir todos os gastos de logística, hospedagem, comida, transporte e etc mas estamos muito ansiosos pra pegar a estrada, as quatro bandas juntas. Espero que possamos fazer isso muitas outras vezes.

Daniel: Fechamos uma rota bem simples com RJ, SP (2 shows) e PR para não ficar ruim para a gente mesmo! Recebemos contato de outras cidades mas, infelizmente, não foi possível fechar tudo. E sobre as expectativas, são boas, mas é um tiro no escuro! Podemos não conseguir cobrir os gastos… Mas é isso aí, a gente faz porque ama mesmo, resta saber se a galera vai abraçar ou não.

Bil: Bem, infelizmente, teve que ter uma logística e não foi possível arriscar muito. A turnê inteira está saindo do nosso bolso, sem nenhum patrocínio ou apoio, então não podemos tirar muito os pés do chão. Fomos às nossas cidades, onde temos nossas casas pra dormir: Santos, que é no caminho, e Curitiba que, assim como São Paulo, também já é mais do que nossa segunda casa. São 20 pessoas viajando, comendo, bebendo, dormindo, cagando, ou seja, o custo disso é alto e a compatibilidade de agendas também é difícil (ninguém aqui vive de banda, se é que ainda precisamos dizer), então foi o que deu pra armar mesmo. Quem sabe mais a frente, dependendo de como rolar essa, a gente não consiga armar outra? Mas não é um plano não.

Danilo:  A ideia do roteiro da tour ficou por conta do Cesinha e do Bil, que são os cabeças na organização do split. As cidades São Paulo e Rio de Janeiro foram escolhidas por ser o berço das bandas que participam do split, e Santos e Curitiba são cidades que sempre estamos tocando e apoiando as bandas sempre que podem, e o pessoal resolveu apoiar e levar o show. Espero que role mais shows dessa tour em diferentes cidades e Estados ainda esse ano.
As expectativas são as melhores possíveis. Viajar com amigos para uma tour especial como essa não tem preço, o mais legal ainda é que iremos registrar tudo e eternizar em um DVD. Resumindo, não vemos a hora de cair na estrada com todo mundo, conhecer novas pessoas e claro tocar!

TMDQA!: Qual é o intuito de vocês com Chumbo? Qual é a mensagem que pretendem passar para as pessoas com esse lançamento, já que são bandas independentes fazendo um trabalho altamente profissional?

Cesinha: Que a música independente está viva e que assim como as quatro bandas deste split (que simplesmente se juntaram por afinidade musical e amizade), existem muitas outras espalhadas por todo Brasil fazendo um trabalho honesto e que merecem a atenção do público. Queríamos mostrar também, pra nós mesmos, que nós podemos tomar as rédeas e realizar qualquer coisa que quisermos e tivermos vontade. Independente de haver uma gravadora por trás ou um “produtor” que está mais preocupado com o tipo de franja que os músicos usam. Música no Brasil, e mesmo no mundo, virou piada em muitos casos. Mas ainda existem bandas tocando o foda-se e fazendo aquilo que acreditam de maneira honesta e livre de modismos. Talvez seja essa a mensagem. E o que falta no Brasil é a falta de apoio do público. Eu acho que durante toda década passada, muita gente passou a gostar de música justamente por causa de moda e não pela música em si ou pela mensagem. O que se passou a ver foi gente passando a gostar dessa ou daquela banda por causa do penteado de cabelo, das tatuagens, do jeito de se vestir ou porque a banda X ou Y assinou com os mesmos produtores que só trouxeram uma leva de lixo cultural pras rádios e TVs de todo país e que não se importam se o estilo é pagode, axé, micareta, emo ou… rock. Se as pessoas se aprofundassem um pouco mais sobre as músicas e bandas que escutam, acho que estaríamos bem melhores.    

Daniel: Que SIM, com amizade, união, trabalho, dedicação e com muita força de vontade é possível fazer acontecer com as suas próprias mãos. Só basta querer! Há 1 ano não tínhamos nada e, hoje, estamos aí com tudo pronto porque a gente mesmo batalhou por isso, sacou? Se é isso mesmo em que você acredita, corre atrás! Monte uma banda; faça músicas; grave um CD; toque até os dedos caírem; faça um zine; organize shows sozinho ou com um coletivo; lance um split; não foque apenas em roupas e instrumentos caros, movimente-se e faça realmente a engrenagem girar… Seja o contrário daquilo que o sistema quer que você seja/faça.

Bil: Eu gostaria que as pessoas se movimentassem mais, só isso. Não é a ideia em si de fazer um split ou uma tour, é a ideia de unir forças entende? Isso que se perdeu muito, uma banda ajudar a outra, o publico ajudar comparecendo, comprando o disco, deixando de ser só público e se tornando parte, as bandas deixando derem só bandas e tomando parte também, é tudo uma coisa só e todo mundo ta junto, se nos dermos conta disso, realizaremos coisas incríveis, como pra mim já foi esse projeto Chumbo, mas, com certeza, coisas muito maiores.

Renan: No meu ponto de vista, o Chumbo é um registro de uma época muito boa pra cena underground nacional, pois mostra que o “Do it yourself” funciona muito bem, e que isso precisa acontecer cada vez mais. Durante alguns anos, escutei muita gente falando que a cena de hardcore nacional tinha caído muito, mas é bom ver que isso é passado, hoje em dia existe muitas bandas boas e pouco a pouco tudo vai melhorando. Pra mim, esse split é isso, é um registro de 4 bandas que se juntaram pra mostrar que existe muita força no underground, a galera só precisa dar uma atenção maior e dar valor pras bandas brasileiras.

TMDQA!: Haverá apenas esse split ou podemos aguardar a continuidade do projeto (ou seja, outros splits, com outras bandas)?

Daniel: Não sei, mas uma segunda edição não seria nada mal, hein..

Cesinha: Eu, particularmente, não havia pensado nisso, mas até acho que poderíamos fazer um volume 2 com as mesmas bandas… Bil, quê que você diz, meu querido?

Bil: A gente (ZANDER) com certeza vai fazer mais splits, sempre gostei da ideia e acho que as outras bandas vão se abrir mais pra ideia também. O Rodrigo (Dead Fish) ficou tão puto quando viu o Chumbo saindo do papel, que agora vai ser obrigado a fazer o split que ficou devendo com a gente [risos].

Danilo: Bom, eu espero que com esse split muitas bandas mais façam o mesmo, igual aconteceu com os camaradas de Santos que fizeram o Umbreakable. Acho que pode começar a rolar vários splits desse em diferentes regiões do Brasil e até mesmo um split juntando várias bandas do Brasil inteiro para fortalecer a união de todos. Futuramente podemos lançar um split com uma banda gringa também.

Entrevista: CHUMBO

TMDQA!: Aliás, quais bandas brasileiras vocês indicam aos leitores do TMDQA!?

Daniel: Marmelada? Zander, Fire Driven e Bullet Bane!!! Não saem do meu mp3 também o Pense (MG), Still x Strong (SP), Questions (SP), Iodo (SP), Malvina (RJ), Rótulo (SE), Renagades Of Punk (SE), O Inimigo (SP) e Dead Fish (ES). Todas ótimas bandas de grandes amigos que estão na batalha diária com a gente.

Cesinha: Obviamente, sou suspeito pra falar do Zander [que é minha banda nacional preferida no momento], Bullet Bane e Plastic Fire. Eu recomendo Confronto, Grindhouse Hotel e Blackjaw. São as últimas bandas que vi em shows e que me impressionaram. Também não poderia deixar de citar o Garage Fuzz que é uma grande influência pra nós do Dire Driven e com certeza, uma das melhores bandas independentes do Brasil.

Renan: Tem muita banda boa hoje em dia que merecem toda a atenção. Além dos parceiros de split (Zander, Plastic Fire e Fire Driven), tem também: End Hits, Preludio, Chuva Negra, Blackjaw, Like a Texas Muder, O Inimigo, Hunger United, Questions, Dilema, Pense, Malvina, Mutant Hero, Gagged, Hofmann, Running Like Lions, Rawfire, H.E.R.O., IODO, End Of Pipe, ÀBrasa, Clearview, Cristo Bomba… Têm muitas outras, mas essas já merecem muita atenção.

TMDQA!: Finalizando, agradeço por mais esse tempo concedido ao TMDQA! e desejo, em nome do site, boa sorte e sucesso para as quatro bandas e, claro, para o projeto. Agora, fica aqui o espaço para deixarem a mensagem que quiserem.

Daniel: Obrigado, Angélica e Tony, pela força e pelo espaço de sempre, viu? Sem palavras, mesmo! Vida longa ao TMDQA!!!
Ei, você (é, você mesmo que está nesse momento postando alguma besteira no facebook/twitter sobre a tal “cena hardcore” no qual você não faz parte, reclamando de valor do ingresso, do show ser na quinta, etc…), pare de reclamar, levanta essa bunda, movimente-se e some (+). A gente tá bem feliz com tudo que tem acontecido, mas todo esse esforço só será recompensado com a presença de vocês shows de lançamento, ok? A nossa parte a gente fez/faz todos os dias! E você, vai ser mais um no meio da multidão?

Cesinha: Nós é que agradecemos a honra de estarmos recebendo esta atenção da sua parte e do TMDQA! Agradecemos imensamente o apoio e pedimos pra quem quiser, aparecer nos shows. Muito obrigado também a todas as bandas do split, Evil Deal pelas artes e ao Bil pela parceria.

Bil: Valeu a força de sempre, Angélica!! Você com certeza tá sendo tão responsável quanto a gente por tanta coisa boa rolando ao redor do Chumbo!!
Por favor, não deixem de curtir a página do Chumbo no Facebook e confirmem presença nos shows que vocês puderem ir na parte de Eventos. Muito Obrigado mesmo, mais uma vez!!!!!!

Renan: Gostaria muito de agradecer o espaço e a força que vocês oferecem às bandas independentes. Isso faz toda a diferença.
Agradeço a todas as pessoas que vão aos shows, que baixam ou compram os CDs, que divulgam pros amigos, que fazer tudo isso acontecer. Underground é isso, de grão em grão, e cada um tem uma parte fundamental pra tudo isso acontecer. Quanto mais pessoas abraçarem a causa, mas a cena cresce. Não espere nenhum Bonadio te mostrar o que é bom, vai atrás, dê mais valor as bandas daqui, as bandas que realmente ralam pra tocar, que tocam por prazer, por realização pessoal, e não só por dinheiro. Um abraço pra todos que acreditam na música e na arte e não aos que querem ficar ricos em cima disso.
Obrigado pela força de sempre, HighLight Sounds, Weird, Loud Luthieria, Superfuzz, Evil Deal e Rock Togheter.

 

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