Uma querida amiga estava com a passagem comprada para os EUA e me perguntou se eu queria alguma coisa de lá. Pedi para ela trazer um desses três álbuns:
– “( )” do Sigur Rós
– “The Fragile” do Nine Inch Nails
– “Lateralus” do Tool
Marina (minha amiga) voltou com o “( )” e me deu de presente. Eu já tinha o álbum em mp3, mas ouvi-lo com qualidade de som de CD foi apaixonante. Esse álbum foi o que me sugou para o universo dessa banda ímpar da Islândia. Lançado em 2002, o álbum significa para mim a destruição de um paradigma quase supremo no que diz respeito a música cantada: as letras.
O poético nome do álbum, parênteses sem nada no meio, é apenas um indicativo de que esse álbum, apesar de ter registro de voz, não possui nenhuma letra. As músicas não possuem nome e, em todo o álbum, não há nada escrito além do nome da banda na capa.
O disco tem em sua arte gráfica a poesia estampada em um branco proposital, passando a idéia de vazio, de nada. Uma ode a completa falta de tudo, ao vazio que quer dizer muito mais do que muitas palavras.
“( )” traz as músicas mais tristes do Sigur Rós. Temas que muitas vezes são mantras musicais, se repetindo em um minimalismo belo e suave que tem a mesma função dos mantras indianos. Quando menos se percebe, o som do piano, a guitarra tocada com um arco de violino, os vocais andróginos, e tudo mais que cerca esse álbum, o elevam para um patamar contemplativo maior.
A banda continuou fazendo obras primas no decorrer de sua carreira, mas está aqui a sua obra mais profunda. A faixa 4 do álbum fez parte do ótimo filme “Vanilla Sky” em uma versão com letra em inglês. A música toca ao fim do filme quando (Spoiler!!!!) o personagem de Tom Cruise se joga do prédio para poder retornar ao mundo real. Emocionante.
Esse é um dos CDs que guardo com maior cuidado e esmero na minha coleção e espero um dia poder ter a sua versão em vinil.
E Marina, já não nos falamos há tanto tempo depois que você foi embora. Eu tenho que te agradecer mais algumas milhares de vezes pelo presente.Valeu!