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<b>Resenha:</b> Lana Del Rey - Born To Die

Primeiro disco da cantora-sensação por uma grande gravadora traz ótimos sons, mas peca na produção e no abuso de elementos eletrônicos.

Lana Del Rey - Born To Die

Lana Del Rey - Born To Die

Resenha por João Mateus, do blog O Musicófilo
Born To Die é o segundo álbum de estúdio, e o primeiro por uma grande gravadora, da cantora sensação hype de 2011 Lana Del Rey.

Em Outubro do ano passado, Lana lançou na Internet seu primeiro single, a música “Video Games” com um clipe (supostamente) produzido por ela mesma mesclando imagens da própria cantora com outras aleatórias, demonstrando uma grande influência retrô que se manifesta mais no visual da cantora que em sua música.

Considerada por muitos uma nova Adele, Lana apresenta algumas semelhanças com a cantora que mais vendeu discos em 2011: ela também compõe a maioria de suas músicas e é dotada de uma habilidade vocal impressionante, conseguindo passear entre graves e agudos com muita facilidade e apresentando basicamente três maneiras de cantar distintas que enriquecem a interpretação de suas músicas.

A faixa título abre o disco com um belo arranjo que usa muito bem uma orquestra de cordas como base para a música composta basicamente pela voz da cantora e uma bem elaborada batida eletrônica, mas sem dúvida alguma a beleza da faixa seria amplificada se os produtores tivessem gravado a parte eletrônica com instrumentos acústicos, soando de forma mais orgânica e como menos cara de Hip-hop.

Na faixa de abertura Lana Del Rey apresenta sua primeira “personalidade” vocal, uma voz sofrida, meio sem vontade, mas que soa muito bem. Já em “Off To The Races”, mais especificamente no refrão, ouvimos a segunda personalidade vocal da cantora, uma voz mais aguda com características adolescentes, que assim como a primeira encaixa perfeitamente na música. A faixa em si não apresenta nada de mais, abusando das batidas eletrônicas e apresentando um bom refrão.

Logo em seguida a cantora coloca na sequência duas de suas melhores músicas, “Blue Jeans”, com suas partes muito bem elaboradas, seria perfeita se tocada por uma banda (como é feito em sua versão ao vivo) e se não tivesse uma voz gravada que se repete durante toda a música de forma chata e desnecessária. Já o single “Video Games” tem um dos arranjos mais bonitos dos últimos anos, trabalhando com várias camadas sonoras compostas por instrumentos como piano, cordas, percussão e partes eletrônicas.

“Dark Paradise” e “Radio” são praticamente as únicas faixas onde o arranjo baseado em batidas eletrônicas funciona de maneira eficiente, combinando com a música em sua maior parte e contribuindo para que o interesse sobre ela cresça. A terceira personalidade vocal de Lana aparece em “Million Dollar Man”, um Blues à moda antiga com base eletrônica e apoiado em boas construções melódicas e harmônicas tocadas pelas cordas onde a cantora interpreta a letra com uma voz firme e muito bonita.

A crítica foi justa em não receber muito bem Born To Die. A produção feita de forma apressada para aproveitar o estouro da cantora na internet, usando e abusando de bases eletrônicas, tirou o potencial da maioria das músicas do disco, deixando-o em alguns momentos repetitivo, o que acredito que não aconteceria se as partes instrumentais tivessem sido gravadas por uma banda com instrumentos acústicos, fazendo com que a sonoridade do álbum fosse mais orgânica e combinasse de maneira mais efetiva com as características da cantora. Mas apesar de tudo, esse primeiro trabalho de Lana Del Rey por uma grande gravadora tem seu valor e seu repertório demonstra um grande potencial ao vivo, nos resta esperar pelo próximo disco da cantora.