Resenha por João Mateus, do blog O Musicófilo
Assim como o Coldplay sofre com a constante comparação com o U2 a cada novo passo, a banda americana The Fray, vulgarmente associada ao gênero Piano Rock, sofre com a constante comparação com o Coldplay a cada novo disco que lança.
Sem dúvida o piano é o instrumento guia da maioria das músicas do grupo, mas não se pode segregar essa banda e tantas outras a um sub-gênero do Rock. Em Scars & Stories a característica da banda que os mantém neste gênero está lá, mas acompanhada de ótimos arranjos que concedem tanta importância aos outros instrumentos quanto ao piano, em conjunto à produção muito bem feita do veterano Brendan O’Brien, que já produziu bandas como AC/DC, Pearl Jam, Audioslave e Bruce Springsteen.
A faixa de abertura “Heartbeat” abre o disco mostrando que a banda não está para brincadeira, soando como o Coldplay, mas muito menos que nos trabalhos anteriores e isso fica claro com o decorrer do disco, onde a banda apresenta uma música de andamento médio com ótimas partes harmônicas e melódicas, trabalhando com várias camadas sonoras criando atmosferas que caem muito bem na base rítmica da banda.
“The Fighter” vem em seguida com uma ótima introdução guiada pela levada da bateria e por um riff de guitarra que se repete incansavelmente até o primeiro refrão. Após o segundo refrão a banda apresenta um interlúdio muito bem feito trabalhando de forma primordiosa a harmonia da música que cria um novo clima para a faixa e abre caminho para a entrada explosiva do solo de guitarra e do último refrão.
“Run For Your Life” vem com estrofes bem elaboradas e um refrão simples mas muito bonito que a coloca entre as músicas mais interessantes do disco. “I Can Barely Say” é a faixa mais lenta do álbum, iniciando a segunda parte do disco de forma leve e valorizando o arranjo de piano com o acompanhamento de instrumentos de cordas que criam a base harmônica para as frases vocais.
A bateria swingada de “Munich” deixa o ouvinte interessado já na primeira audição e a faixa com seu ótimo refrão e mais um belo arranjo faz com ela seja colocada entre as melhores do disco para ser ouvida repetidamente, caindo bem em qualquer situação. “48 To Go” tem uma pegada Country e soa totalmente diferente do restante do disco, mas isso não quer dizer que a música não seja tão boa quanto as outras, muito pelo contrário, mostra a banda em mais uma bela performance e ficará entre as preferidas de muitos fãs do grupo.
Em Scars & Stories a banda The Fray apresenta um ótimo disco em relação a arranjos e produção, mas acima de tudo o grupo soa menos como suas influências e mais com suas características próprias, claro que sons meio Coldplay ou Keane estão lá, mas em menos quantidade que, por exemplo, no trabalho anterior do grupo.