Resenha por João Mateus do blog O Musicófilo
Given To The Wild é o terceiro disco da banda britânica The Maccabees, e está sendo visto como o álbum mais interessante do grupo por ser experimental, mas sem deixar de lado o Indie Rock que voltou os olhares para a banda em seu primeiro disco, Colour It In (2007).
Com a pressão de ter feito um bom primeiro disco, o Maccabees em seu segundo álbum, Wall Of Arms (2009), produziu um trabalho de sonoridade mais densa, que foi bem recebido pela crítica, mas que deixou a desejar em relação ao de estreia. O novo disco, lançado logo na primeira semana deste ano, mostra um grupo mais maduro, conseguindo equilibrar a sonoridade do primeiro disco, mais direta e atraente para novos ouvintes, com o lado experimental do segundo, mais denso e cerebral.
O álbum possui uma das melhores sequências de músicas dos últimos anos em sua primeira metade, conseguindo prender a atenção do ouvinte logo de cara, fazendo uso de climas instrumentais, belas harmonias e estruturas bem construídas em suas músicas. A faixa título do disco, “Given To The Wild (Intro)” faz uma bela introdução para o álbum, crescendo de forma suave e dando uma amostra do riff que marca a música seguinte, “Child”, com um ótimo arranjo construído a partir da levada de bateria e adicionando elementos diversos. Destaque para as frases melódicas tocadas pelo naipe de metais, que sem dúvida alguma são o grande diferencial do arranjo.
É impressionante a forma como a banda consegue fazer suas canções crescerem durante a execução, começando de forma mais calma, com frases mais lentas, até chegar em uma sonoridade agitada e dançante, como se fossem duas músicas em uma só. Isso acontece tanto em “Child” como na faixa seguinte “Feel To Follow”, que usa deste mesmo artificio, mas sem repetir ideias e apresentando ótimas partes instrumentais como seu solo de guitarra.
“Heave” é uma das músicas mais densas do disco, mas ao mesmo tempo possui uma beleza incomum, prendendo o ouvinte com seu refrão e levando até uma parte instrumental complexa tecnicamente, mas que soa muito acessível e agradável. “Pelican” vem logo depois, sendo de fácil assimilação, com uma linha instrumental bem trabalhada em sua primeira parte e apresentando uma das melhores músicas do álbum, este foi o primeiro single deste trabalho.
Given To The Wild não é um disco essencialmente Pop e que será amado por inteiro logo na primeira audição, mas conforme o ouvinte vai escutando o álbum, vai também entendendo o formato proposto pela banda, criando momentos de altos e baixos que compõem o disco quase que de forma conceitual para ser apreciado preferencialmente por completo e não aos pedaços como a cultura da música em formato digital nos acostumou a fazer.