Música

<b>Vazou!</b> Keane, <b>OFF!</b> e Silversun Pickups

Nesta semana, Guilherme Guedes avalia os açucarados do Keane, os veteranos do OFF!, e os "neo-shoegazers" do Silversun Pickups.

Vazou! Keane, OFF! e Silversun Pickups

Vazou! Keane, OFF! e Silversun Pickups

Keane – Strangeland

Conheci o Keane em 2004, lá no lançamento de Hopes and Fears, o primeiro álbum deles – até porque era meio impossível ser relativamente atento às rádios e não ouvir “Somewhere Only We Know” ou “Everybody’s Changing” quarenta vezes ao dia. Não me apaixonei, mas também não chegou a incomodar demais.

Insisti em ouvir alguma coisa de Under The Iron Sea e Perfect Simmetry, os dois discos seguintes, e para mim era sempre o mesmo chove-não-molha.No início desta semana, vazou Strangeland, o quarto deles, e baixei de coração e ouvidos abertos. Não sei porque eu continuo insistindo, mas tentei. Não consegui.

Em Perfect Simmetry, a banda experimentou um pouco mais com batidas e sintetizadores inspirados no electropop. Mas em Strangeland, a banda voltou à sonoridade dos primeiros álbuns, com teclados grandiosos e melodias simples e sutis.

“Silenced By The Night”, o primeiro single do álbum, é a música mais ousada do trabalho, e mesmo assim parece nunca engrenar – parece um Coldplay com ainda mais açúcar, se é que isso é possível.

Não vou dizer que o Keane é uma banda ruim, porque definitivamente não é. O vocalista Tom Chaplin e o tecladista Tim Rice-Oxley sabem muito bem o que fazem, e os discos do quarteto costumam ser muito bem construídos e arranjados. Mas quase dez anos depois de terem estourado mundo afora, o Keane ainda carece de composições que grudem na cabeça não por serem melosas, mas simplesmente por serem ótimas.

Nota: 2/5

 OFF! – OFF!

Adianto: eu acho o OFF! simplesmente sensacional. Liderado por Keith Morris (ex-Black Flag/Circle Jerks), o grupo faz um tributo à cena punk hardcore do início dos anos 80 direto e sufocante. Não há invenções, releituras, experimentos, nada; são canções nervosas e frenéticas com média de duração de 1 minuto.

Por isso, não vou prolongar muito a resenha de OFF!, o primeiro álbum oficial do grupo (segundo se contarmos a coletânea First Four EPs, de 2010). Com 16 músicas, o álbum dura pouco mais de 16 minutos! No mesmo tempo em que você gastou ouvindo do Keane acima, dá para ouvir OFF! três vezes seguidas, e garanto: seu dia será muito mais interessante.

O único porém do álbum fica por conta da sensação de dejá vù que muitas faixas podem passar. Como o OFF! dá vida nova a um estilo nascido há mais de 30 anos, vários riffs, levadas e gritos podem soar familiares, e seria muito interessante descobrir o que Morris e cia. construiriam se a proposta fosse criar algo verdadeiramente novo.

Nota: 4,5/5

 Silversun Pickups – Neck Of The Woods

Neck Of The Woods, o terceiro disco do Silversun Pickups, vazou oficialmente na quinta-feira (03), mas como você soube aqui no TMDQA!, o álbum foi liberado em streaming no início da semana. Como Vazou! é uma coluna nova, passei por cima das regras estabelecidas por mim mesmo e decidi ouvir o álbum com um pouco mais de cuidado e passar minha impressão para vocês.

Ao contrário da maioria dos fãs do Silversun Pickups, prefiro Swoon, o segundo disco do grupo, a Caravan, o disco de estreia. Gostei muito, muito mesmo, do álbum. Por isso, minhas expectativas estavam lá em cima para o lançamento de Neck Of The Woods.

Para minha sorte, o clima sombrio de Swoon continua firme no novo trabalho. Apesar de faixas como “Busy Bees”, “Make Believe” e “Mean Spirits” terem bons ganchos pop, o Silversun Pickups não abandonou os longos trechos instrumentais e as baladas sorturnas como a melancólica “Here We Are (Chancer)”, ou a arrojada “Simmer”, outro destaque positivo do álbum.

Neck Of The Woods não é facilmente digerido, e como de costume ao tratarmos de Silversun Pickups, soa muito melhor quando ouvido na íntegra. No entanto, é fácil perceber a evolução da banda, que construiu uma identidade sonora própria que vai muito além das eternas comparações com o Smashing Pumpkins.

Sem dúvida ainda é muito cedo para avaliar a qualidade e a relevância do disco, mas ao que tudo indica, promete ser um álbum que irá agradar tanto os fãs antigos como quem utilizá-lo como porta de entrada para a discografia do quarteto. Dificilmente novas legiões de fãs se arrastarão aos pés da banda a partir deste registro, mas a longo prazo promete ser um degrau importante na trajetória do SSPU.

Nota: 3,5/5