Resenha: <b>Violins</b> - "O Direito de Ser Nada"

O álbum de 2011 da banda de Goiânia marca uma espécie de retorno a sua fase mais interessante.

Resenha violins o direto de ser nada

Resenha violins o direto de ser nada

Posso dizer que acompanho essa banda de Goiânia desde seu início. É certo que quando comecei a ouvir a Violins, um Ep já havia sido lançado, mas nessa época eles cantavam em inglês e atendiam pelo nome de Violins And Old Books.

O Aurora Prisma, lançado em 2003, me chamou a atenção pelo instrumental altamente melódico, as letras em português muito bem escritas e poéticas e a capa muito bonita.

De lá pra cá a banda conseguiu ir cada vez mais me surpreendendo. Lançaram Grandes Infiéis  em 2005, surpreenderam com a acidez das letras de Tribunal Surdo  de 2007 e então cometeram, na minha opinião, dois discos fracos que me desempolgaram a ponto de não mais me interessar por eles.

Eis que recebo o recente álbum da banda, lançado em 2011. Coloco o CD pra rodar e logo percebo o quão direto o Violins decidiu ser nesse disco. Uma capa branca, apenas com o nome da banda e o nome do álbum, já mostram isso. Beto Cupertino e Cia. sempre gostaram de ser conceituais e, obviamente, isso tem a ver com o grupo de música aqui contidas.

Logo de cara, um par de canções que já me conquistou. “E como está” e “Rumo de Tudo“. Um trabalho lírico de altíssimo nível e melodias de voz colantes, grudentas, que te obrigam a re-ouvir as músicas várias vezes por dia. Auto-referências em “É como está” de uma música chamada “Vendedor de Rins“, do disco de 2005, mostram também o rumo que a banda aparentemente pretende voltar a abordar.

Rumo de Tudo” é uma música em que Pedro Saddi deixa claro tudo o que tem de sensibilidade pra compor o arranjo exato de piano pra cada lugar da música. Ele adicionou uma carga extra de feeling indispensável para o resultado tão bom dessa faixa.

A gravação cristalina do álbum e a produção muito bem ajustada fazem com que nada possa ficar de fora do trabalho atribuído a cada instrumento. Parabéns a Gustavo Vazquez (Rocklab) pelo profissionalismo e bom gosto (e bom ouvido principalmente).

A banda aparentemente deixou um pouco de lado um dos seus traços mais característicos: a mudança de andamento no meio da música. Isso, obviamente, também rima com a decisão de ter músicas diretas.

Vamos dizer que “Direito de Ser Nada” é um bom disco, uma espécie de retorno, mas ainda não consegue ser tão poderoso quanto os discos de 2005 e 2007. Há músicas bem sem sabor, como “Forasteiros” e “Nossos Embrulhos“, mas o que predomina é a qualidade, no saldo final do álbum.

Nota: 3,5/5

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