<b>Vazou!</b> The Tallest Man On Earth, <b>Japandroids</b>, Glória

Nesta sexta-feira, Guilherme Guedes avalia o terceiro de Kristian Matsson, o The Tallest Man On Earth, o retorno do Japandroids, e o "renascimento" do Glória.

Vazou! Tallest man, japandroids, glória

Vazou! Tallest man, japandroids, glória

Nesta semana – um pouco mais extensa devido à antecipação na coluna da semana passada – baixei, ouvi e analisei os novos do The Tallest Man On Earth, Japandroids e o novo do Glória (que não “vazou”, mas como foi lançado pela banda via internet, decidi resenhar dada a ausência de artistas nacionais no Vazou! até agora). Vamos lá:

The Tallest Man On Earth – There’s No Leaving Now

Sou totalmente imparcial para avaliar qualquer trabalho do sueco Kristian Matsson desde que ouvi The Wild Hunt, o segundo álbum do cantor/compositor. Virei um fã fiel, daqueles que aprovam tudo que o artista decide lançar por aí. Isso tudo porque, apesar de gostar muito desse tipo “voz e violão”, não consigo ser convencido por boa parte dos artistas dessa linha, frequentemente afogados em cafonices.

Matsson, sob o pseudônimo The Tallest Man On Earth, consegue ser sofrido sem ser meloso, e traduz o melhor de Nick Drake e da primeira fase de Bob Dylan sem plágios ou mesmices. Por tudo isso, minha expectativa para There’s No Leaving Now era altíssima, e fiquei muito feliz quando o álbum surgiu nos melhores sites especializados em vazamentos da rede.

Como todos os lançamentos de Matsson, There’s No Leaving Now é um “bicho” diferente dos outros. Apesar de ainda priorizar a simplicidade dos arranjos acústicos, o álbum tem arranjos um pouco mais complexos e diversificados, com sutis inserções de pianos, percussão e guitarras. E mesmo apostando no “mais” e não no “menos”, o disco consegue ser ainda mais delicado que The Wild Hunt ou Shallow Grave, o primeiro dele.

Comparado aos anteriores, There’s No Leaving Now é um álbum denso, daqueles que exigem mais do que um play despretensioso no iPod para serem devidamente absorvidos. Na primeira vez é difícil entender a linguagem do trabalho, mas quanto mais você ouve, mais se apaixona. De cara, não consegui nem destacar os potenciais singles, mas agora – na quarta ou quinta vez que ouço – não consigo esquecer “Revelation Blues”, “1904” ou a arrasadora “Little Brother”. Maravilhoso.

Nota: 4,5/5

Japandroids – Celebration Rock

Conheci o Japandroids uns meses depois do lançamento de Post-Nothing, o álbum de estreia deles, em 2009. Os singles “Young Hearts Spark Fire” e “Wet Hair” estavam bem famosos pela internet, assim como a “lenda urbana” que a banda acabou antes do lançamento do disco, lançado após insistência  do selo responsável (será?). Verdade ou não, que bom que a dupla continuou; Celebration Rock, o segundo álbum de Brian King e David Prowse, é tudo o que Post-Nothing foi, mas ainda melhor.

Com 8 músicas em menos de 40 minutos, o disco é tão caótico, barulhento e frenético quanto o antecessor. Mas Celebration Rock consegue ser mais interessante ao apostar em uma produção um pouco melhor – apesar de ainda lo-fi – e nas previsíveis linhas de guitarras enchardas de fuzz, agora ainda mais melódicas e bem construídas.

Se o começo do disco não agradar muito, insista mais um pouco, porque é na segunda metade que Celebration Rock fica realmente bom, com “Adrenaline Nightshift”, a minha preferida, “The House That Heaven Built”, e o épico encerramento com “Continuous Thunder”.

Nota:  4/5

Glória – (Re)nascido

Na última quarta-feira (23) o Glória disponibilizou de graça (Re)nascido, o quarto álbum de estúdio da banda. Nunca fui um expert no som do quinteto, mas desde a entrada do excepcional baterista Eloy Casagrande, no ano passado, minha curiosidade pelo Glória finalmente apareceu. De lá para cá, Eloy já abandonou o barco para ingressar no Sepultura, mas como o prodígio de 22 anos gravou todas as músicas de (Re)nascido, baixei o álbum convicto, focado em ouví-lo sem preconceitos.

(Re)nascido é com certeza o melhor e mais pesado trabalho de toda a carreira do Glória. O peso fica evidente logo na abertura com “Bicho do Mato”, e a pancadaria só para na fraquinha balada “Horizontes”, que fecha o álbum. Eloy realmente cumpre as expectativas, e ao longo do disco dá peso, consistência e criatividade ao ultrapassado metalcore do Glória. “É Tudo Meu”, “Presságio” e “Desalmado” – apesar da exagerada semelhança entre essa última e “Inflikted”, do Cavalera Conspiracy – são outros destaques.

Ainda assim, me incomodam os vocais melódicos do guitarrista Elliot Reis, incompatíveis na minha opinião com a insistência da banda em posar como uma banda séria de metal. Elliot canta bem, técnica vocal não é problema. Mas se a banda quer mesmo se distanciar da cena “roqueira” que infestou o Brasil no início da década passada, cairia bem aposentar ou amenizar os refrões adocicados. Curto diversas outras bandas com sonoridade similar, mas da forma como isso é apresentado no som do Glória – vide a capa com pentagrama invertido – tudo isso soa meio forçado.

Ainda há muito espaço para melhorar, e é uma pena que Eloy tenha deixado a banda (melhor para o Sepultura). De qualquer forma, mesmo ainda oscilando entre altos e baixos, é louvável termos uma banda tão próxima do mainstream fazendo som pesado.

Nota: 3/5