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<b>Wagner Moura</b> assume o papel mais corajoso de sua carreira em tributo à <B>Legião Urbana</b>

Segundo dia de show foi regado a sentimentos à flor da pele

Wagner Moura tributo a Legião

Sou daquelas que fala que não gosta de Legião Urbana, mas sabe todas as letras das músicas para cantar em rodinhas de violão – inclusive os nove minutos completíssimos de “Faroeste Cabloco”. No entanto, confesso que o que mais me animou a assistir ao show não foram às músicas ou a homenagem aos 30 anos da banda, mas poder ver de perto a performance do ator Wagner Moura fazendo as vezes do lendário Renato Russo.

Wagner disse em entrevistas que não tinha a intenção em “encarnar” o cantor, mas, sim, homenageá-lo. Isso foi totalmente verdadeiro. Era o segundo dia dos dois únicos shows que existirão nessa formação. E eu – e grande parte da internet – havia assistido ao show do dia 29, terça-feira, pela internet/televisão e já tinha um julgamento.

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Mas, preciso dizer: a diferença é brutal. Na TV, os momentos desafinados de Wagner são inúmeras vezes mais ferozes. Dentro desta aventura doida que foi participar da volta de uma das bandas mais queridas do Brasil e colocando no “papel principal” um ator enlouquecido como o “Capitão Nascimento”, a experiência foi absolutamente incrível.

Como faltam bandas de rock atuais no Brasil. Não me lembro de qual foi à última vez que eu fui a um show cantado em português que as pessoas vibrassem tanto. Era emoção para todos os lados. No palco, Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá estupefatos e engasgados por estarem participando desse momento (tempo que não passou para eles – pois parece que ficaram mergulhados no formol durante esses quase quinze anos de hiato).

Você pode ser um pessimista, mas há de concordar que assistir a um show cheio de emoção é uma das coisas mais bacanas da vida. Cantar junto, pular junto, estar feliz simplesmente por estar ali. Era essa sensação que o Wagner Moura passava enquanto cantava junto com um coro que lotou o Espaço das Américas, em São Paulo. As músicas, compostas na década de 1980 e 90, pareciam fazer todo o sentido do mundo hoje, em 2012.

Muitos pensam que Legião é sinônimo de “depressão” – algumas músicas sim, como “A Via Láctea” e “Esperando por Mim”, do álbum Tempestade, que representam a fase mais “down” do Renato enquanto ele já estava bastante doente. Mas a maioria fala mesmo é de amor: “Ainda se eu falasse a língua dos homens, se eu falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria”;  “Venha! O amor tem sempre a porta aberta e vem chegando a Primavera”; “Quem inventou o amor me explica, por favor?”. Entre outras citações. Tão real que, entre uma música e outra, vi novos casais se formarem ao meu lado.

Wagner pulava, se sacodia, dançava, festejava, sorria, jogava água na plateia e, principalmente, agradecia. Falou inúmeras vezes que este era “o melhor momento da sua vida” e que jamais se esqueceria, pois estava no palco com “a melhor banda do mundo”. Dado e Bonfá eram mais tímidos. Bonfá, por exemplo, só o vi sorrir na hora dos agradecimentos. Já Dado brigou e “mandou embora” um rapaz na plateia porque, segundo ele, falou mal da sua mãe que estava ali assistindo. Tudo muito à flor da pele.

A cereja do bolo foi a tão pedida e aguardada “Faroeste Caboclo” que não foi tocada no show anterior e muita gente reclamou. Assim, depois de tantos pedidos gritados da plateia, e para finalizar o show de quase duas horas e meia, toda a história do João de Santo Cristo foi cantada e reverenciada em coro absoluto. Ainda bem que eles não deixaram passar essa oportunidade. Não há mais o que dizer, foi absolutamente épico. E eu me redimo: a próxima vez que me perguntarem, vou dizer que gosto, sim, de Legião.

Veja a apresentação de “Faroeste Caboclo” no Tributo à Legião:

Wagner Moura foi convidado a participar do Tributo por conta desta cena no filme “Vips”:

Fotos: Divulgação 

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