Esta semana traz três novidades direto dos sites de compartilhamento e trackers de torrents mais amados do mundo: o novo do Rush, a estreia do 2:54 (escrito com hífen no título após chiliques contínuos do sistema de publicação) e o retorno dos Beach Boys.
Ah! E a partir de agora, os discos serão avaliados de 0 a 10, em vez de 0 a 5 como foi até agora – para deixar o trabalho deste que vos escreve um pouco mais preciso, ainda que esse papo de nota para álbuns seja uma grande balela e não importe absolutamente nada. Enfim, vamos lá:
Rush – Clockwork Angels
Eis que 2012 finalmente traz o novo álbum do Rush, Clockwork Angels, o aguardado sucessor de Snakes & Arrows, lançado cinco anos atrás. Apesar de distante do momento que transformou Alex Lifeson, Geddy Lee e Neil Peart em um dos grupos mais relevantes do rock, o trio continua unido, ativo e o mais importante: sem medo de flertar com novidades.
Clockwork Angels continua o caminho apresentado em Vapor Trails (2002), com músicas mais pesadas com grandes riffs de guitarra, tem algumas das melhores composições do Rush em muitos anos.
“Caravan” e “BU2B”, que abrem o disco, já são conhecidas dos fãs: foram lançadas em um single duplo no ano passado, e fizeram parte do repertório da última turnê do Rush. As novas versões não são muito diferentes das originais, mas a introdução acústica de “BU2B” – a minha preferida no álbum – tirou um pouco o gás do “pé na porta” que era a versão anterior.
A faixa-título, o single “Headlong Flight” e a ótima “Seven Cities of Gold” são outros destaques do álbum, que sem dúvida vai agradar os novos e antigos fãs – e pode surpreender aqueles que ainda consideram a música do Rush puro esnobismo virtuoso.
Diferente de boa parte dos artistas que influenciou, o Rush mostra feeling, criatividade em um disco que não é um novo clássico, mas surpreende justamente por não decepcionar – especialmente vindo de uma banda ativa há quase 40 anos.
Nota: 8/10
2:54 – 2:54
Acho muito engraçado um fenômeno que o mundo da música volta e meia nos oferece: o do “aguardado” álbum de estreia de um artista. Bom, esse foi o caso do primeiro disco do 2:54 (pronuncia-se Two Fifty Four), grupo londrino liderado pelas irmãs Collette e Hannah Thurlow.
Conheci a banda como a maioria dos que esperavam ansiosamente o primeiro disco: pelo lindíssimo EP “Scarlet”, lançado em outubro do ano passado. Durante os quase cinco minutos do single homônimo, os vocais melancólicos e etéreos se arrastam por cima de uma base que, apesar de densa, não esconde o instrumental sutil e refinado do grupo, surpreendentemente maduro para uma banda com menos de dois anos de existência.
Todas as músicas de 2:54 – o disco – seguem essa mesma linha. “Scarlet” ainda é a melhor para mim, mas é impossível ignorar faixas sublimes como “You’re Early”, “Creeping” ou a quase dançante “Sugar”.
Tais exemplos colocam o 2:54 – o grupo – imediatamente como o melhor entre os representantes do revival do shoegaze que surgiu nos últimos anos. Não é um disco fácil, e a longo prazo pode ficar cansativo com facilidade. Mas ah, se todo disco de estreia fosse competente assim…
Nota: 8/10
The Beach Boys – That’s Why God Made The Radio
A última semana também nos proporcionou That’s Why God Made The Radio, o primeiro álbum de inéditas do Beach Boys em vinte anos. O disco também marca o retorno formal do gênio Brian Wilson ao grupo dono das melodias adolescentes mais interessantes de todos os tempos, justamente para comemorar o aniversário de 50 anos da banda.
That’s Why God Made The Radio é basicamente dividido em duas partes: a primeira é focada nas faixas mais populares e alegres, enquanto a metade final é recheada daquelas baladas de partir o coração.
Musicalmente, os destaques continuam sendo os arranjos vocais – sempre afiadíssimos – com destaque para a suíte composta por “From There to Back Again”, “Pacific Coast Highway” e “Summer’s Gone”, as três últimas faixas do disco. Mas está longe de ser um dos melhores álbuns do grupo.
Apesar de momentos inspirados, o álbum carece de uma quantidade maior de boas canções, com diversas músicas muito aquém do esperado de uma reunião com Brian Wilson. Um exemplo é a fraca “Daybreak Over The Ocean”, que desanima com uma desnecessária batida eletrônica.
Provavelmente, That’s Why God Made The Radio será o último álbum dos Beach Boys, e é uma pena que seja uma despedida tão irregular. Vale pelo significado histórico, mas não muito mais que isso. E ainda perdeu uns pontos com o péssimo lyric video para o single homônimo do álbum, que você vê abaixo.
Nota: 5,5/10