Começo dizendo que, apesar de ser guitarrista, nunca fui de ficar ouvindo guitarristas. Me interesso por slowhands e, definitivamente não curto as aclamadas fritadas na guitarra (solos muito rápidos).
Há anos sou um fã confesso de David Gilmour e seus maravilhosos bends no Pink Floyd.
Analisar então um guitarrista como Joe Bonamassa me fez pesquisar sobre guitarristas desse gênero. E eis que me descubro fã também de um bom blues, autêntico e, acima de tudo, com feeling.
Bonamassa gravou um material muito bem produzido. O timbre de sua Gibson e a qualidade das imagens são de arrepiar no CD/DVD Live From The Royal Albert Hall. O DVD abre com uma introdução onde o guitarrista fala do seu amor por tocar guitarra e como isso começou quando ouviu Clapton, então guitarrista da Cream. Tudo isso é realmente bem interessante, mas, me parece um pouco forçado, não verídico, ou exagerado.
A primeira música, “Django“, já nos mostra bastante do que é Bonamassa como guitarrista. Perfeccionista, som cristalino, bends perfeitos. Mostra também que há uma necessidade de ser grandioso. Isso fica óbvio por exemplo quando vc percebe que há dois bateristas tocando (a mesma coisa) com ele. “The Ballad Of John Henry” empolga com seus riffs redondos. A voz de Joe encaixa na música como uma luva. Até suas esquisitices com um teremin no meio da música encaixam perfeitamente. A abertura do DVD não poderia ser melhor.
É esquisito afirmar isso, mas o DVD vai passando e a sensação é a constante necessidade de se mostrar bom. Em “So It’s Like That“, as primeiras escalas sendo tocadas mais rápido aparecem, tirando muito da musicalidade da música.
Depois de tocar “Stop“, Bonamassa chama Clapton para se juntar a ele ao palco. Confesso que a postura do guitarrista na presença de um ícone da guitarra e de um ídolo dele próprio me frustrou. Eu esperava que Bonamassa fosse mais reverente a Clapton. O primeiro a solar na música foi o próprio Joe. Quando Clapton entra com sua slowhand, meu ouvido sorri mais feliz em um timbre e performance mais condizente com “Further On Up The Road“.
O duelo de guitarras se torna em alguns momentos uma batalha vergonhosa e embolada. É interessante de ser visto, mas, quando se ouve apenas no cd, a faixa se torna massante e sem atrativo nessa parte.
No disco dois, Bonamassa interpreta a climática “Happier Times” muito bem, encaixando seus vocais de formas mais suaves na música. Novamente a coisa desanda nos solos. Seu duelo com o gaitista Paul Jones em “Your Funeral My Trial” paraceu também algo que era pra ter saído melhor.
Acho que a pior faixa do álbum é “Blues Deluxe“. Apática e massante.
É um bom trabalho para se conhecer o guitarrista em alto e bom som. É legal para ficar rolando de fundo, mas se torna um pouco desempolgante para ser o ponto principal do momento.
Nota: 2,5/5