Resenha por Gabriel von Borell
Fotos por Néstor J. Beremblum
Hoje, Alanis Morissette é uma mulher bem diferente e ao mesmo tempo ainda tão parecida com a cantora que arrebatou meio mundo na década de 90 com seu álbum de estreia, Jagged Little Pill (1995).
Nos últimos anos, ela passou por uma difícil separação, casou-se tempos depois com o rapper Mario Treadway, tornou-se mãe do pequeno Ever, agora com quase 2 anos, e trocou as pesadas composições confessionais por letras mais suaves, embora não menos potentes.
Mas a energia e vigor da canadense no palco continua a mesma (ou quase). Aos 38 anos, Alanis ainda entrega toda a sua disposição ao público. E os fãs cariocas puderam comprovar mais uma vez esse fato na última sexta-feira (7) no Citibank Hall, na Barra da Tijuca.
A sonoridade de seus últimos álbuns pode ter mudado (o que não é necessariamente algo ruim), mas a antiga Alanis, que se movimenta freneticamente pelo palco, sacode as compridas madeixas e que é dona de uma curiosa coreografia de mãos e pés enquanto canta, essa pouco sofreu alteração.
Sempre acompanhada de uma excelente banda, Alanis começou seu show com alguns minutos de atraso, pouco antes do relógio marcar 22h30. Como de costume, ela cantou o primeiro trecho de uma música sua, nesse caso “I Remain”, ainda no backstage, e depois surgiu na frente da plateia para emendar com “Woman Down”. O público, de idade bem variada, de início respondeu timidamente. Porém, em seguida veio “All I Really Want” e “You Learn”, alguns dos primeiros hits de Alanis, e o coro daí em diante se tornou uníssono em vários momentos.
Já em “Guardian”, primeiro single do novo disco da canadense, Havoc and Bright Lights (2012), os fãs jogaram para o alto bolas que exibiam o nome do primogênito da cantora, em referência à letra da canção composta por Alanis em homenagem ao nascimento de Ever. E o show seguiu com uma deliciosa sequência de sucessos como “Flinch”, “Right Through You”, “Hands Clean” e “So Pure”.
Apesar de Alanis não interagir toda hora com os fãs, a conexão com o seu público está sempre evidente. Sendo assim, um simples “eu te amo”, aliado ao sincero sorriso da cantora, já soa mais verdadeiro do que qualquer discurso pré-fabricado. E Alanis tocou sua apresentação alternando músicas do seu novo álbum, como “Havoc”, “Lens” e “Numb”, entre hits que levavam os fãs ao delírio como “Ironic”, “Head Over Feet” e “You Oughta Know”.
Cerca de 15 minutos antes de meia-noite, Alanis e banda deixaram o palco para retornar com o primeiro bis. Pouco tempo depois, a cantora e os músicos retornaram para fazer a plateia carioca gastar o restante da voz que ainda possuía com a emocional dobradinha de “Hand in my Pocket” e “Uninvited”.
Quando Alanis mais uma vez foi para os bastidores, o Citibank Hall foi tomado por gritos e aplausos, que não cessaram até que a cantora voltasse para o clímax da apresentação. Os fãs, que pareciam não se cansar nunca, acompanhavam a letra de “Thank You” junto com Alanis, depois de mais de 90 minutos de show.
A canadense então agradeceu, com toda a honestidade estampada em seu rosto, ao seu fiel e fervoroso público da Cidade Maravilhosa e depois seguiu serelepe para o backstage, onde imediatamente foi entrevistada pelo canal de TV que transmitia a apresentação do Rio de Janeiro. Os músicos da cantora ainda continuaram pelo palco para se dirigir e reverenciar a plateia da noite. Enquanto isso, o telão do Citibank Hall traduzia a satisfação e o prazer de Alanis, em sua sexta passagem pelo país, através do extasiado semblante da cantora durante a rápida entrevista atrás do palco.
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Setlist:
01. “I Remain (Part 1)”
02. “Woman Down”
03. “All I Really Want”
04. “You Learn”
05. “Guardian”
06. “Flinch”
07. “Right Through You”
08. “Hands Clean”
09. “So Pure”
10. “Celebrity”
11. “Ironic”
12. “Havoc”
13. “Head Over Feet”
14. “I Remain (Part 2)”
15. “Lens”
16. “You Oughta Know”
17. “Numb”
Bis 1
18. “Hand in my Pocket”
19. “Uninvited”
Bis 2
20. “Thank U”