¡Uno!, ¡Dos!, ¡Tré!, começou a contagem para a nova trilogia do Green Day, a ser lançada durante os próximos meses.
A primeira edição da série, com o vocalista Billie Joe estampado na capa, vem para matar a curiosidade sobre o que se trata essa nova fase do trio verde, já que singles bastante diferentes foram lançados para divulgá-lo, e também para trazer ainda mais ansiedade quanto aos outros dois álbuns.
Ao apertar o play no aguardado trabalho, logo de cara “Nuclear Family” faz referência a “Safe European Home” do The Clash, banda que ainda se fará presente em outras faixas do disco, e mesmo sendo apenas uma faixa, é mais interessante e desafiadora do que todo o disco anterior do grupo, que teve um enorme apelo popular. É uma faixa perfeita para abertura.
Já “Stay The Night”, a segunda faixa, sofre de um problema que é normal em álbuns múltiplos: ela provavelmente teria sido descartada, não fosse o fato de três álbuns estarem programados. É necessário ouvir o disco algumas vezes para não fazer com que o clima seja perdido com ela.
“Carpe Diem” é uma boa prova do que o Green Day está fazendo no novo disco ao misturar rock’n’roll e punk clássicos e músicas prontas para tocarem na sua festa de Sábado. O único problema dela é algo que tem me incomodado nos trabalhos mais recentes da banda: o auto-plágio. Se você ouvir a música e depois “Suffocate”, um b-side da banda lançado há alguns bons anos, verá que a música foi reutilizada, com a palavra do título sendo substituída por “celebrate”.
Não é o fim do mundo, mas acontece mais vezes durante o álbum, como em “Let Yourself Go”, música das mais bacanas lançadas pela banda desde American Idiot de 2005, e uma das mais legais do ano, mas que tem uma introdução quase idêntica a “Maria”, outro b-side antigo do grupo.
As comparações com Franz Ferdinand são óbvias e praticamente automáticas ao ouvir “Kill The DJ”, mas quem aparece novamente aqui é o Clash, em forma de guitarras ora limpas e ora com efeitos e distorções a la “Guns Of Brixton”. Enquanto a maioria das pessoas se assutou com o som, eu achei muito interessante ver Billie Joe e companhia explorando esse território.
“Fell For You” lembra Beatles e algumas das músicas mais românticas do primeiro disco da banda, 1,039/Smoothed Out Slappy Hours, enquanto “Rusty James” vem mais uma vez para se lembrar de Joe Strummer e companhia, ao entoar algumas vezes a “Last Gang In Town”, que aparece no mesmo disco de “Safe European Home”, citada acima, o clássico Give ‘Em Enough Rope.
Ao final do álbum está “Oh Love”, primeira música do álbum que virou single e ganhou videoclipe. A música não pode ser classificada como a melhor opção para uma faixa de fechamento de álbum, já que além de ter sido lançada como single, pede por uma sequência, e é aí que irá entrar ¡Dos!, o próximo disco da banda, e essa continuação só será ouvida no fim do ano.
O Green Day voltou às suas raízes, ouviu muito punk e rock dos anos 70 e não reinventou a roda, mas explorou terrenos onde nunca havia pisado e fez um disco divertido, competente e com mais elementos interessantes do que seu popular antecessor, 21st Century Breakdown.
Que venham ¡Dos! e ¡Tré!, ou Mike e Tré, para a gente entender e participar da festa do grupo.
Nota: 7,5/10