<b>Moraes Moreira</b> comanda segundo dia do <b>Coquetel Molotov</b>

Público se fez presente no Teatro da UFPE no festival pernambucano para Moraes e outras atrações.


(Cobertura fotográfica feita pelo Fora do Eixo e No Ar Coquetel Molotov 2012)

Texto por Bárbara Buril, enviada especial do TMDQA!.

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Considerado pela revista Rolling Stones Brasil um dos cem melhores álbuns da história da música brasileira, o Acabou Chorare também é o queridinho da multidão de recifenses que foi ao segundo dia do No Ar Coquetel Molotov 2012. A principal atração da noite, Moraes Moreira, violonista e vocalista da extinta Novos Baianos, não só encheu as dependências do Teatro da UFPE, como fez a plateia ficar em pé por toda a madrugada.

Moraes – no seu visual inconfundível de óculos escuros, boina preta e cabelos longos – não deixou fora do playlist qualquer sucesso do Acabou Chorare. O público cantou fielmente as canções do álbum que, por incrível que pareça, foi lançado há 40 anos. Nem parece. “Besta é tu”, “Preta Pretinha”, “A menina dança”, “Acabou chorare”, “Mistério do Planeta”, “Swing de Campo Grande”, “Tinindo Trincando”… Quando parecia que a melhor música havia acabado de tocar, começava outra ainda mais querida.

Mas ele não ficou só no disco. Saiu do esperado e subverteu a proposta do festival, voltado para música indie. Moraes tocou frevo. E quem pensa que ele passou vergonha está muito errado: eram raros os que não caíram no ritmo tipicamente recifense. “Vassourinha elétrica” e “Bloco do prazer”, sucessos de carnaval, geraram passos de frevo meio desconfigurados, mas bem-intencionados. Durante o show, o baiano fez questão de lembrar o prazer de estar tocando em Recife.

A segunda mais esperada atração do dia foi a norte-americana Blonde Redhead. A banda, formada em 1993 pelos gêmeos Simone e Amadeo Pace e pela vocalista e guitarrista Kazu Makino, conquistou o público devido às sonoridades sujas, típicas do rock experimental e psicodélico. As conhecidas “Spring and by summer fall”, “23” e “Here sometimes” não ficaram fora do concerto.

O pianista Vitor Araújo apresentou solidões com os seus simultâneos sons clássico e contemporâneo. As canções “Solidão n.1”, “Solidão n.2”, “Solidão n.3” e “Solidão n.4”, apesar de terem quase o mesmo nome e expressarem o mesmo sentimento, são bem diferentes umas das outras. Enquanto uma é apresentada com o acompanhamento de um grupo de violinistas, outra possui o eco eletrificado da voz de Araújo, que preza pela originilidade.

Destacou-se, no concerto, a projeção visual: assim como faz com as suas músicas, o pianista misturou antigo e moderno. Ele estabeleceu um diálogo com a platéia através de mensagens postas no vídeo, escritas a partir de uma tipografia típica do cinema mudo. O humor, entretanto, surgiu do conteúdo do texto. No final, ele manda “um cheiro” para o público. Mais fofo, impossível.

O ora queridinho, ora rechaçado Thiago Pethit apresentou canções do álbum Estrela Decadente, lançado este ano. Ainda desconhecido pelo público geral, Pethit causou “vergonha alheia” a muitas pessoas quando cantou algumas músicas levando em consideração que a platéia já conhecia. Resultado? Ele parava de cantar, esperando que continuassem, e o silencio era geral.

Fora essa gafe, o paulista apresentou canções lindíssimas, como “Surabaya Johnny”, acompanhado pela diva e cantora Cida Moreira. O divertido diálogo fala do “canalha” Johnny, marinheiro que abandonou o eu lírico da música: “Você não presta, Johnny, você é um canalha, Johnny…”. O músico não deixou de fora as mais conhecidas do disco Berlim, Texas – “Mapa-Múndi” e “Não vá se perder por aí”. Mais uma vez, a presença de palco marca o show de Pethit.

SALA CINE

Na Sala Cine, onde ocorrem os shows gratuitos do Coquetel Molotov, subiram ao palco as banda Tagore (PE), ruído/mm (PR), Yeti Lane (FRA) e Madrid (SP). O cantor Tagore Suassuna apresentou, além de músicas do disco Aldeia, releituras de Ave Sangria e Tom Zé. A sonoridade do artista remete às canções iniciais de Alceu Valença e à essência do trabalho de Zé Ramalho. Por ser a primeira a se apresentar, a banda reuniu poucas pessoas.

Utilizando os mais diversos instrumentos, a paranaense ruído/mm desenvolveu musicais experimentais, que passam pelo rock, psicodelia, punk e jazz. A mistura hipnotizante conquistou o público, que, embora tenha se esforçado inicialmente para compreender o trabalho, acabou aplaudindo a banda.

A francesa Yeti Lane não ficou para trás no experimentalismo. A combinação de bateria, guitarra e equipamentos eletrônicos desenvolve uma atmosfera também onírica. Por último, Madrid. O novo projeto do ex-CSS Adriano Cintra e da ex-Bonde do Rolê Marina Vello mostrou que veio com intentos musicais bastante diferentes dos anteriores.

Cantadas em inglês, as canções conquistam pelas letras, como se pode ver nas “You can turn it back”, “Sad Song” e “I’ve been around”. A presença do piano e da voz delicada de Adriano e Marina dão um contraponto leve ao conteúdo melancólico das músicas. Ótimas para dias de introspecção.

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