Entrevistas

Com novo álbum nos planos, <b>The Reign of Kindo</b> está de volta ao Brasil; confira entrevista exclusiva

O vocalista Joey Secchiaroli revela tudo sobre a nova turnê e o novo álbum, em bate-papo exclusivo com o TMDQA!

The Reign of Kindo

O excepcional quinteto The Reign of Kindo está de volta ao Brasil cerca de um ano depois da primeira passagem do grupo por aqui. Em 2011, a banda ainda divulgava This Is What Happens (2010), o segundo álbum do TROK, que sucedeu o ótimo Rhythm, Chord & Melody (2008) e um surpreendente EP de estreia, lançado em 2007. Desta vez Joey Secchiaroli, Steven Padin, Michael Carroll e Jeff Jarvis voltam ainda mais entrosados com o tecladista Danny Pizarro Jr., e com um terceiro álbum em fase de pré-produção.

É difícil descrever o som feito pelo grupo – é mais fácil ouvir por conta própria e tentar definir a mistura suave de rock, pop, jazz, fusion e música latina individualmente. Esse, no entanto, seja talvez o maior trunfo do grupo, que consegue atrair ao mesmo tempo rústicos roqueiros barbudos e delicadas e coloridas adolescentes, com tudo que existe entre esses dois esterótipos incluído.

Após um show acústico no Rio de Janeiro, na última quinta-feira (27), a banda ainda toca novamente no Rio nesta sexta (28), e depois segue para São Paulo no sábado (29) e Campinas (30). Todos os detalhes estão no site da Overload.

Para marcar a volta do ‘Kindo’ ao Brasil, o Tenho Mais Discos Que Amigos! bateu um papo com o vocalista e guitarrista Joey Secchiaroli sobre os fãs brasileiros, a relação da banda com a internet, e a dura vida de músico, além – claro – do novo álbum e a expectativa para os shows da banda por aqui:

TMDQA! –  Vocês pareciam bem surpresos com a reação dos fãs nos primeiros shows do The Reign Of Kindo no Brasil [em 2011]. Quais são as expectativas para esta nova turnê?

Joey Secchiaroli – Sinceramente eu ainda não sei o que esperar, mas estamos certamente animados de reencontrar uma das plateias mais entusiastas que já conhecemos. Ainda ficamos chocados por nossa música ter chegado ao Brasil, e valorizamos muito isso. Acho que o que posso esperar momentos inesquecíveis com nossos novos amigos e fãs.

TMDQA! –  O The Reign of Kindo já começou a trabalhar em um novo álbum, o terceiro de vocês. Como soam as músicas novas?

A maior diferença deste para os dois álbuns anteriores tem sido escrever com Danny [Pizarro Jr., tecladista que entrou na banda após a gravação de This Is What Happens]. Só o jeito dele tocar já mudou muita coisa. Tem sido muito empolgante. As músicas são mais diversas uma das outras, mais do que em qualquer outro álbum que fizemos. Há um pulso rítmico nesse material novo mais forte do que nos anteriores, também. Se eu tivesse que resumir essas novas músicas em uma palavra, ela seria “empolgantes”.

TMDQA! – Todos vocês têm influências musicais muito diferentes. Como vocês conseguem concordar sobre a sonoridade do The Reign of Kindo?

Joey Secchiaroli – Resolvemos todas as nossas brigas com violência física. O integrante que for hospitalizado menos vezes ganha. Por sorte, não discordamos muito nesse sentido, e gostamos do resultado de jogar todas essas influências no liquidificador. É um processo mais saudável do que você pode imaginar. Além disso, a maioria de nós não tem plano de saúde, e as contas hospitalares ficariam insuportáveis.

TMDQA! – Qual é sua opinião sobre os downloads ilegais? Deve ser difícil para vocês, considerando que o The Reign of Kindo não é uma banda que lota estádios. Mas por outro lado, isso permitiu que vocês se tornassem conhecidos em lugares como o Brasil, onde vocês têm muitos fãs.

Joey Secchiaroli – Nós temos muita fé nos fãs que decidiram nos apoiar comprando os nossos discos e indo aos nossos shows. No fim das contas, prefiro que as pessoas tenham a nossa música do que não, e se isso significa que elas as terão de graça, que seja. O fato de os download ilegais terem permitido que o TROK tenha um público tão incrível no Brasil me faz me sentir bem em relação aos downloads ilegais que podem ter ocorrido. A internet permitiu que os músicos se conectem diretamente aos seus respectivos fãs. Isso é muito bom, e compensa os reveses do download ilegal e da pirataria.

TMDQA! – Blistering Hands [7ª faixa de This Is What Happens] é uma ótima composição sua, que basicamente fala sobre o quanto é bom ser músico, apesar das dificuldades. Para vocês ainda é difícil viver de música? Você têm empregos paralelos ao The Reign of Kindo?

Joey Secchiaroli – Os músicos geralmente são quebrados, e nossa banda não é exceção. Dito isso, alguns de nós conseguem viver de música fazendo shows com outros músicos ou produzindo outros projetos. É claro que gostaríamos de ter o luxo de dedicar ainda mais tempo à banda do que atualmente. Danny ganha a vida como herói. Ele é bombeiro, e entra correndo em casas e prédios em chamas para resgatar as pessoas e apagar incêndios. O resto de nós faz coisas que não são tão importantes.

TMDQA! – Como funciona a cena independente nos Estados Unidos? Muitas bandas brasileiras dizem que é mais fácil lá do que aqui, mas notei que o The Reign of Kindo não faz turnês nos Estados Unidos com tanta frequência como eu imaginava.

Joey Secchiaroli – É desencorajante tentar se dar bem na música em qualquer lugar. Esse tipo de profissão Exige investimento e dedicação sem nenhuma garantia de recompensa. Dito isso, nós tentamos nos lembrar que tocamos porque é divertido e é isso que queremos. Temos muitos fãs nos Estados Unidos, mas todos espalhados por um país imenso. É muito caro fazer turnês, e não conseguimos ganhar o bastante para viajar frequentemente. Espero que isso mude um dia, mas confesso que não estou desesperado para vivver como um nômade, comendo miojo. Mas essa á minha opinião. Muitos músicos vendem as próprias roupas para conseguir arcar com os custos de tocar em todos os lugares possíveis. Esse tipo de músico vai ser bem-sucedido em qualquer tipo de cena.

TMDQA! –  Tem alguma banda ou artista solo que você acha que vale a pena conhecer?

Joey Secchiaroli – Snarky Puppy. Robert Glasper. Estou gostando do novo álbum da Kimbra. Gretchen Parlato. Cory Henry. Banda Magda. Eu te faria a mesma pergunta. Todos temos gostos muito diferentes, mas essa é a minha lista. Os outros caras provavelmente fariam listas diferentes.

TMDQA! – Para finalizar, uma pergunta óbvia: você tem mais discos que amigos?

Joey Secchiaroli – Hoje em dia eu me sinto cada vez mais animado com novos lançamentos, mais do que quando comecei a comprar discos. Eu nunca contei meus discos nem meus amigos, mas as duas coisas me fazem companhia e me inspiram. Então são a mesma coisa, para mim.