One Hot Minute é, compreensivelmente, o álbum mais desprezado por boa parte dos fãs de Red Hot Chili Peppers. Soturno, sombrio e melancólico, o álbum também é o mais pesado do grupo, e marcou a entrada do guitarrista Dave Navarro (Jane’s Addiction).
Lançado em 1995, o disco é carregado de músicas densas, com trechos experimentais e músicas muito distantes da sonoridade que popularizou o quarteto californiano 4 anos antes no clássico Bloodsugarsexmagik. No entanto, jogar toda a responsabilidade dessa mudança nas costas de Navarro é injustiça; toda a banda atravessava um momento em que estavam imersos no abuso de substâncias legais e ilegais, especialmente o vocalista Anthony Kiedis, que completa 50 anos nesta quinta-feira (1º).
Em “Warped”, a faixa um de One Hot Minute, Kiedis deixa explicita a sua relação de amor e ódio com as drogas: My tendency for dependency is offending me / Is warping me [Minha tendência à dependência está me ofendendo / Está me deformando]. Talvez a faixa mais pesada da carreira do grupo, “Warped” causou polêmica também pelo videoclipe, que mostra um beijo entre Kiedis e Navarro. Destaca-se também a performance incrível do baterista Chad Smith – aqui virtuoso como em raros momentos – e o baixista Flea, que exibe uma face mais melódica de sua técnica aplaudida e admirada pelos quatro cantos do mundo.
A banda rejeitou One Hot Minute após o fima da turnê de divulgação do álbum, o que coincidiu com a saída de Dave Navarro e a volta de John Frusciante e o início das composições que fariam parte de Californication (1999), um álbum mais leve e com forte apelo pop. Não é difícil entender que Kiedis e cia. não sintam prazer em reviver momentos ruins, mas é uma pena que um dos álbuns mais coesos e intensos do rock nos últimos 20 anos tenha sido rebaixado ao status de “quebra-mola” na estrada de sucesso dos Chili Peppers.