Resenha: <b>Planet Hemp</b> em Olinda/PE (10/11/2012)

Confira como foi o show de reunião da banda em solo pernambucano no final de semana.

Planet Hemp em Olinda/PE


(Fotos por Marionaldo Junior/Bacamarte/Divulgação)

Já era a madrugada de domingo, quando o Planet Hemp subiu ao palco do Chevrolet Hall, em Olinda, Pernambuco. Antes, porém, o público esquentou voz e corpo com o pernambucano Djgordoxzz.

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O público foi entrando na casa e formando as primeiras rodas de pogo ao som de Red Hot Chili Peppers, Racionais MC’s, Bezerra da Silva, Nirvana, Bad Religion, Ramones, Rage Against The Machine, System of a Down, Limp Bizkit, Sepultura e alguns outros. Destaque, porém, para as músicas do Raimundos e de Chico Science & Nação Zumbi.

A primeira seria outra banda que, se reunisse a formação original, lotaria casas por todo o Brasil e causaria igual, ou maior, repercussão que a banda principal da noite. A segunda continua sendo e seria, sem dúvidas, se ainda existisse, uma das principais bandas brasileira da atualidade. As duas ainda existem, mas nunca voltarão como antes.

Próximo de 1h da manhã, o telão do palco começou a exibir uma fumaça branca, dando continuidade ao clima já criado. Quando deu 1h, Away Nilzer apresentou a banda através do telão. Em seguida, um vídeo com dicas de como sobreviver ao show à aeromoças dizendo como se portar em um avião foi passado, para só então, Pedrinho, Rafael Crespo e Formigão surgirem em cima do palco.

O três começaram a instrumental “Intro (Não Compre Plante)”. Durante a música, Marcelo D2 apareceu e chamou o grito do público presente, cerca de 10 mil pessoas. Logo depois veio BNegão para começar com todos o 1º Ato do show: “O Usuário e a luta pela legalização da maconha”, que faz referência ao primeiro disco da carreira da banda.

“Legalize Já”, “Dig Dig Dig (Hempa)” e “Planet Hemp” foram as primeiras do show e colocaram todo mundo para pular, cantar e aumentar a intensidade das rodas, que neste momento já eram três espalhadas pela casa. No telão, que junto com as luzes enfeitavam ainda mais a festa, eram exibidas cenas de filmes e desenhos com personagens fumando e fazendo fumaça e imagens antigas da banda.

Em “Fazendo a Cabeça” e “Deisdazseis”, o quinteto mostrou de uma vez que eles se reuniram para festejar em grande estilo. Parecia que a banda não tinha parado e todos estavam bem afinados com seus instrumentos e uns com os outros. Só em “Phunky Buddha” que BNegão pareceu ter esquecido parte da letra, o que foi encarado com muito bom humor entre os músicos, que riram bastante, mas que deve ter passado despercebido pelo público.

Na oitava canção, “Mary Jane”, o público continuava agitado e as rodas, principalmente a única da pista normal, aumentava cada vez mais em tamanho e intensidade. Com um pouco menos de energia, D2 e Bernardo se movimentavam bastante pelo palco, enquanto que Formigão e Rafael se mantinham estáticos.

Sempre que possível, os vocalistas também conversavam com o público e demostravam carinho pela cidade do Recife, local onde a banda viu pela primeira vez a arte do álbum Usuário. Isso aconteceu nos bastidores do Abril Pro Rock de 1995.

D2, antes de algumas músicas, explicava quando, onde e como compôs as canções, como “Futuro do País”, do disco de estreia, escrita por ele com apenas 14 anos de idade. Essa foi a última do 1º Ato.

“Zerovinteum” deu início ao 2º Ato: “Os cães ladram mas a caravana não para”, nome do segundo álbum. O público neste momento estava parado, como quem estava descansando, sem acreditar no que estavam vendo ou mesmo sem se empolgar muito com a canção do momento. Mas foi só D2 pedir que todos reagiram. Durante “Queimando Tudo”, alguém subiu no palco, caminhou ao lado dos vocalistas e logo em seguida desceu sem a ajuda de qualquer pessoa da equipe.

Após isso, o Planet Hemp perguntou: “Quem tem seda?”. Muitos responderam positivamente cantando a plenos pulmões. E antes da música seguinte, “Gorilla Grip”, D2 dedicou-a para “a galera do surf e do skate”. E como nos shows anteriors, a banda mandou o cover “Seus Amigos”, da banda cariora Serial Killer, dedicada “para a galera do Alto Zé do Pinho”, bairro recifense onde nasceu a banda Devotos.

Banda de ritmos variados, o Planet Hemp mandou o samba “Nega do Cabelo Duro” e na sequência, “Hip Hop Rio”, nome de uma festa que o Planet Hemp fazia em 1997, onde BNegão fez seu primeiro show solo. “Adoled (The Ocean)” e “100% Hardcore” finalizaram o 2º Ato. D2 disse que estava com calor e perguntou se tinha alguém cansado.

As primeiras canções do “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça”, nome do 3º Ato e também do terceiro disco da banda, foram “Ex-Quadrilha da Fumaça” e “Raprockandrollpsicodeliahardcoreragga”, que mostraram mais uma vez momentos de euforia geral e estaticidade. Antes de “Stab”, Marcelo lembrou que fazia 10 anos que a banda não tocavam várias das canções daquela noite. Nem parecia, como já dito por aqui.

E mesmo 10 anos depois, o povo continou afirmando que o Planet Hemp não faz apologia às drogas ao entoar “É mentira! É mentira”, em “Contexto”. A banda ainda tocou “Procedência C.D.” e “A Culpa É De Quem?” antes do Chevrolet Hall viver o melhor momento da noite. E nem foi com uma música da banda.

Antes do show em Pernambuco, o grupo disse que haveria uma surpresa para o público local. Neste momento, o Planet Hemp anunciou que aquela era a hora da homenagem aos músicos Fred Zeroquatro e Chico Science, o primeiro presente em carne e osso, o segundo, na memória de todos. Um vídeo com Chico foi exibido e depois uma foto com ele e a bandeira de Pernambuco foi pano de fundo para “Samba Makossa”.

O ambiente foi tomado por um clima diferente de todos os outros da noite. A música foi tocada em outras cidades durante esta turnê, mas, naquela noite, aquele era o local mais apropriado para tal. Ao final, o Planet Hemp ainda deu início à “Mateus Enter”, também dos pernambucanos, e deixou o público continuar sozinho. Gritos de “Chico! Chico!” e “Ah! É Pernambuco!” foram entoados ao final de tudo.

Mas a noite ainda não havia terminado. “Mantenha o Respeito” veio como que para dizer que a banda não está mais na ativa, mas suas músicas, sua mensagem, sua história ainda está viva na mente de muitos. Se na música de antes o momento foi para Chico Science, este foi para dos cariocas. “Eu adoro falar isso: ‘Senhoras e senhores, Planet Hemp na área!'”, esbravejou Marcelo D2.

Às 2h37, a banda agradeceu pela noite, mas logo em seguida, Marcelo avisou que eles esqueceram de tocar “Bala Perdida” e pediu que BNegão iniciasse um beat box. E como se não quisessem ir embora, “Dig Dig Dig (Hempa)” foi tocada novamente. Ao final, D2 se jogou no chão, mostrando seu cansaço e felicidade. Às 2h45, o Planet Hemp finalizou de vez o show. Todos se aproximaram do público e BNegão foi apresentando cada um dos membros, além de mandar um “salve” para diversas bandas de Pernambuco.

Nem precisava se apresentar, Planet Hemp, e o público é quem agradece e é quem manda um “salve” para vocês.

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