Na mesma época em que o Weezer surgia, como discuti aqui na semana passada, outra banda aparecia com uma sonoridade diferente da que estava em voga na época.
Oriundo de Seattle, era praticamente impossível que o Sunny Day Real Estate não soasse como nenhum dos grandes nomes do grunge. Mas ao unir essa característica com influências de bandas como Rites Of Spring, Embrace, Fugazi e Far, o quarteto ajudou a construir uma das correntes mais fortes do rock nos anos 90 – e logo no álbum de estreia.
Diary (1994) teve um papel significativo na popularização do emo, uma linha mais melódica do hardcore até então restrita ao underground. E certamente a faixa um do disco, “Seven”, contribuiu para o sucesso de Diary – até hoje um dos discos mais vendidos do selo Sub Pop, responsável pela descoberta de grupos como Nirvana, Sonic Youth e Mudhoney.
“Seven” é um hino agressivo e acessível o bastante para dar visibilidade a um estilo até então relegado aos pubs e lojas independentes. Infelizmente o Sunny Day Real Estate viveu muito menos que o próprio legado, apesar de ter se reunido e se separado algumas vezes desde o lançamento do sucessor de Diary, LP2 (1995), inclusive para um terceiro álbum, The Rising Tide (2000). Hoje os integrantes da banda têm uma relação menos conturbada, e se reuniram em 2009 para comemorar os 15 anos de Diary. Não há previsão para uma reunião permanente, e tampouco para o lançamento de um novo trabalho.
P.S.: Detalhes interessantes sobre as idas e vindas do Sunny Day Real Estate foram revelados em Back & Forth, documentário do ano passado que conta a trajetória do Foo Fighters. O baterista William Goldsmith e o baixista Nate Mendel entraram no Foo Fighters após o fim temporário do quarteto, em 1995. Mendel segue ao lado de Dave Grohl até hoje e recusou participar da primeira reunião do Sunny Day para privilegiar a nova banda, enquanto Goldsmith saiu durante as gravações de The Colour and The Shape, em 1997.